SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.13 número1Sentidos e significados atribuídos ao trabalho autônomo por quatro profissionais de psicologia no contexto MexicanoEscala de competências socioemocionais para estudantes universitários: Produção de normas e sua relação com bem-estar subjetivo índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Links relacionados

Compartilhar


Psicología, Conocimiento y Sociedad

versão On-line ISSN 1688-7026

Psicol. Conoc. Soc. vol.13 no.1 Montevideo maio 2023  Epub 31-Maio-2023

https://doi.org/10.26864/pcs.v13.n1.4 

Trabajos originales

Estilos parentais como fator de proteção ou risco ao consumo de álcool

Estilos parentales como factor de protección o riesgo para el consumo de alcohol

Parenting styles as protective or risk factor alcohol consumption

Kairon Pereira de Araújo Sousa1 
http://orcid.org/0000-0003-0779-343X

Ricardo Neves Couto2 
http://orcid.org/0000-0001-9989-4857

Emerson Diógenes de Medeiros3 
http://orcid.org/0000-0002-1407-3433

1Universidade de São Paulo (USP), Brasil

2Universidade Regional da Bahia (UNIRB), Brasil

3Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDpar), Brasil Autor referente: kaironsousa@usp.br


Resumo:

Esta pesquisa teve como objetivo analisar os estilos parentais (autoritativo, autoritário, negligente e indulgente) como fator de proteção ou risco ao consumo de álcool em estudantes de uma universidade pública localizada no estado XX, Brasil. Participaram do estudo 392 universitários com idade entre 18 e 58 anos (M = 23, 23; DP = 5,78), a maioria do sexo feminino (70,7%), solteiros (58,4%), que responderam ao Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT), a Escala de Responsividade e Exigência e a questões sociodemográficas. Foram realizadas análises descritivas e análise multivariada de variância (MANOVA). Os resultados da MANOVA indicaram, de modo geral, os estilos de socialização parental autoritativo e indulgente como fatores de proteção ao consumo de álcool; enquanto a parentalidade autoritária e negligente constituíram risco ao uso da substância. Os dados da contribuição de cada estilo parental no consumo de bebidas etílicas favorece o desenvolvimento de estratégias de prevenção, além de permitir identificar o impacto das práticas parentais na educação dos filhos, promovendo comportamentos mais saudáveis e adaptativos.

Palavras-chave: Consumo de álcool; estilos Parentais; fator de proteção; fator de risco

Resumen:

Esta investigación tuvo como objetivo analizar los estilos parentales (autoritativo, autoritario, negligente e indulgente) como un factor de protección o de riesgo para el consumo de alcohol en estudiantes de una universidad pública ubicada en el estado XX, Brasil. Participaron 392 estudiantes universitarios de 18 a 58 años (M = 23, 23; SD = 5.78), en su mayoría mujeres (70.7%), solteros (58.4%), los cuales respondieron el Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT), la Escala de Responsividad y Exigencia, y las cuestiones sociodemográficas. Se realizaron análisis descriptivos y análisis multivariante de la varianza (MANOVA). Los resultados de MANOVA indicaron, en general, los estilos de socialización parental autoritativos e indulgentes como factores de protección para el consumo de alcohol; mientras que la parentalidad autoritaria y negligente constituyeron un riesgo para el uso de sustancias. Los datos sobre la contribución de cada estilo parental al consumo de bebidas etílicas favorecen el desarrollo de estrategias de prevención, además de permitir la identificación del impacto de las prácticas parentales en la educación de los hijos, promoviendo comportamientos más saludables y más adaptativos.

Palabras clave: Consumo de alcohol; estilos parentales; factor de protección; factor de riesgo

Abstract:

This research aimed to analyze parenting styles (authoritative, authoritarian, indulgent and neglectful) as a protective factor or risk alcohol consumption in students of a public university in the state XX, Brazil. The study included 392 university aged 18 to 58 years (M = 23, 23; SD = 5.78), most females (70.7%), single (58.4%), who answered the Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT), the Responsiveness and Requirement Scale, and sociodemographic questions. Descriptive analysis and multivariate analysis of variance (MANOVA) were performed. MANOVA results generally indicated authoritative and indulgent parental socialization styles as protective factors for alcohol consumption; while the authoritarian and neglectful parenting constituted risk of substance use. The data of the contribution of each parental style in the consumption of beverages ethylic favoring the development of prevention strategies, and allows identify of the impact of parenting practices in the education of children by promoting healthier behaviors and adaptive.

Keywords: Alcohol consumption; parental styles; protection factor; risk factor

O consumo abusivo de álcool é uma prática comum entre estudantes universitários, representando um problema de saúde pública em nível mundial (Costa et al., 2021). Entre este público, o uso elevado de bebidas alcoólicas é relacionado a problemas como maior ocorrência de lesões, sexo desprotegido, ideação suicida e diminuição do desempenho acadêmico (Dermody, Lamb, & Kerr, 2022).

Diante dessas consequências negativas, tanto para os estudantes quanto para à sociedade, a análise de variáveis psicossociais se mostra relevante para a identificação de mecanismos associados ao consumo do álcool. Neste sentido, um construto psicológico que tem merecido atenção nas pesquisas sobre esse tema são os estilos parentais (Ortega Latorre & Jódar Anchía, 2020; Pinheiro & Gomide, 2020).

Os estilos parentais são caracterizados como um conjunto de atitudes, práticas e padrões de comportamentos dos pais que impactam no desenvolvimento dos filhos (Lawrenz, Zeni, Arnoud, Foschiera, & Habigzang, 2020). A contribuição científica mais significativa acerca dessa variável data da década de 1960, com o clássico trabalho desenvolvido por Diana Baumrind que apresentou três categorias de estilos parentais: autoritários, permissivos e autoritativos (Albeniz-Garrote, Rubio-Rubio, & Medina-Gómez, 2018).

Essa tipologia foi ampliada por Maccoby e Martin (1983) que apresentaram um paradigma alternativo estruturado em duas dimensões: responsividade e exigência. A primeira relaciona-se às atitudes dos pais que, por meio da afetividade, apoio e comunicação, buscam estimular a autonomia e autoafirmação dos filhos. A segunda refere-se às atitudes parentais que objetivam o controle do comportamento dos filhos, por meio de regras de conduta (Lawrenz et. al., 2020).

A partir do cruzamento dessas duas dimensões, foram definidos quatro estilos parentais avaliados a partir de uma escala. O estilo autoritário e autoritativo proposto por Baumrind foram mantidos, enquanto o estilo permissivo foi desdobrado em dois: indulgente e negligente (MacCoby & Martin, 1983). Cada um desses estilos parentais é representado por diferentes padrões de práticas, valores e comportamentos dos pais, possuindo um equilíbrio distinto de capacidade de responsividade e exigência (MacCoby & Martin, 1983).

O estilo autoritativo é representado por pais que apresentam níveis altos de exigência e responsividade (Ortega Latorre & Jódar Anchía, 2020). Pais com esse estilo têm uma boa comunicação e afeto com os filhos, utilizando métodos disciplinares e o monitoramento do comportamento deles (Albeniz-Garrote et al., 2018). Pais com pontuação alta em exigência e baixa em responsividade endossam o estilo autoritário que se caracteriza pelo baixo nível de afeto e comunicação, com ênfase às regras. São pais que esperam que suas ordens sejam aceitas e cumpridas pelos filhos sem questionamento (Ortega Latorre & Jódar Anchía, 2020). O estilo indulgente identifica os pais com escore elevado em responsividade e baixo na dimensão exigência. Esses apresentam alta afetividade e pouca imposição de normas, regras e limites (Albeniz-Garrote et al., 2018). Já o estilo negligente é representado por pais que apresentam escores baixos tanto na dimensão exigência quanto na responsividade (MacCoby & Martin, 1983). Pais com esse estilo parental demonstram pouco interesse pelas necessidades dos filhos. É a parentalidade, portanto, que se caracteriza por reduzido controle, afeto e exigência (Ortega Latorre & Jódar Anchía, 2020).

No presente trabalho, toma-se como base essa tipologia de estilos parentais (MacCoby & Martin, 1983), para se investigar sua relação com o consumo de álcool, tendo em conta que diversos estudos reportam a influência desta variável nas atitudes dos jovens frente ao uso ou não de bebidas etílicas (Charfi et al., 2020; Penjor, Thorsteinsson, Price, & Loi, 2019; Pinheiro & Gomide, 2020; Prieto-Montoya, Cardona-Castañeda, & Vélez-Álvarez, 2016; Riquelme, García, & Serra, 2018).

O efeito dos estilos de educação parental em relação ao consumo de álcool não é consensual na literatura, havendo tanto estudos que indicam o estilo autoritativo como o mais protetivo (Martins, 2016; Moreno Cruz, Alonso Castillo, Armendáriz García, & Oliva Rodríguez, 2019) quanto estudo que destaca o estilo autoritário como aquele que melhor se ajusta à prevenção ao uso de álcool (Clark, Yang, McClernon, & Fuemmeler, 2015).

Esses aspectos indicam a influência do contexto cultural de produção das práticas parentais (Martins, 2016). Em estudo realizado em países da Europa (Suécia, Reino Unido, Espanha, Portugal, Eslovênia e República Tcheca), por exemplo, com uma amostra de 7718 adolescentes, foram encontrados melhores resultados (associação com menores índices de consumo de substâncias psicoativas) para os estilos autoritativo e indulgente em comparação ao autoritário e ao negligente, revelando que a parentalidade indulgente é tão protetiva quanto à autoritativa em relação ao abuso dessas substâncias (Calafat, García, Juan, Becoña, & Fernández-Hermida, 2014).

No Brasil, entretanto, pesquisadores obtiveram resultado distinto. Investigando o relacionamento entre uso de drogas e estilos parentais percebidos em amostra de 232 adolescentes brasileiros de 14 a 19 anos, que ligaram para o Serviço Nacional de Orientações e Informações sobre a Prevenção do Uso Indevido de Drogas (VIVAVOZ) em busca de orientação e informação sobre drogas, verificou-se que os estilos negligente, indulgente e autoritário se correlacionaram de forma significativa com o consumo de drogas (Benchaya, Bisch, Moreira, Ferigolo, & Barros, 2011).

Em outra pesquisa com amostra de 673 adolescentes espanhóis de 14 a 17 anos de idade, os investigadores identificaram o estilo de socialização parental indulgente como um fator de proteção ao uso de substâncias psicoativas. Já o estilo autoritário foi apontado como um fator de risco (Martínez, Fuentes, García, & Madrid, 2013).

Os estilos parentais representam uma variável preditora relevante para a avaliação do consumo de álcool (Becoña et al., 2012). Contudo, em contexto universitário brasileiro, são incipientes os estudos que procuraram analisar o efeito dos estilos parentais no comportamento de consumo de álcool, o que representa uma limitação para a interpretação da influência desta variável como fator de risco ou proteção.

A análise do efeito de cada estilo parental no consumo de bebidas etílicas contribui para o direcionamento de estratégias preventivas, além de permitir identificar, de modo específico, o estilo parental que os pais poderiam utilizar na educação dos filhos, favorecendo comportamentos mais ajustados socialmente. Deste modo, essa pesquisa teve como objetivo geral avaliar o efeito de proteção ou de risco dos estilos parentais (autoritativo, autoritário, negligente e indulgente) no consumo de álcool em estudantes de uma universidade pública localizada no estado XX, Brasil.

Método

Participantes

Participaram 392 estudantes universitários, com idade entre 18 e 58 anos (M = 23,23; DP = 5,78), pertencentes a cursos da área das ciências biológicas (biologia = 28,7%), ciências da saúde (educação física = 9,2%; enfermagem = 4,9%), ciências exatas (ciências contábeis = 6,4%), ciências humanas (geografia = 10,0%; história = 4,6%; pedagogia = 7,9%), ciências sociais aplicadas (direito = 12,3%; administração = 7,4%) e linguagem, letras e artes (letras = 8,6%). A maioria do sexo feminino (70,7%), solteiros (58,4%). A amostra foi de conveniência (não-probabilística), sendo incluídos universitários maiores de idade (≧ 18 anos) que faziam uso de bebidas etílicas, matriculados na Instituição de Ensino Superior (IES) onde ocorreu a pesquisa e que concordaram, de forma voluntária, em responder aos instrumentos do estudo.

Instrumentos

Os participantes responderam a um livreto constituído pelos seguintes instrumentos:

Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT). Desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para avaliar diferentes padrões de consumo de álcool. O instrumento é constituído por dez itens, com variação de 0 a 4, possuindo escores totais que variam de 0 a 40. A partir dessa faixa de escore, são identificados quatro padrões de consumo de álcool: 0 a 7 pontos indica consumo de baixo risco; 8 a 15 pontos sinaliza o uso de risco; 16 a 19 pontos aponta uso nocivo; 20 a 40 pontos sugere dependência (Silva & Tucci, 2014). No Brasil, o instrumento foi testado com diferentes públicos. Considerando-se a população universitária, o AUDIT foi recentemente validado em amostra de estudantes universitários do estado do Piauí, apresentando consistência interna satisfatória, estimada por meio do alfa de Cronbach (α= 0,85) e Ômega de McDonald (Ω= ,89), para um modelo trifatorial: consumo de álcool (“Com que frequência consome bebidas que contêm álcool?”); dependência do álcool (“Com que frequência, nos últimos 12 meses, você percebeu que não conseguia parar de beber uma vez que havia começado?”); consequências adversas do consumo de álcool (“Quantas vezes, nos últimos 12 meses, você se sentiu culpado ou com remorsos por ter bebido?”) (Sousa, Medeiros, & Medeiros, 2020).

Escala de Responsividade e Exigência. Essas escalas são utilizadas para avaliar a percepção que os filhos possuem sobre as práticas de exigência e responsividade dos pais. O instrumento, adaptado de pesquisas norte-americanas realizadas por Lamborn, Mounts, Steinberg e Dornbusch (1991), foi validado no Brasil em estudo de Costa, Teixeira e Gomes (2000). Essa versão brasileira é composta por seis (escala de exigência - “Até que ponto teus pais tentam saber: Onde tu vais à noite?”) e dez itens (escala de responsividade - “Incentiva-me a pensar de forma independente”), respondidos por meio de uma escala Likert de 3 pontos (para os itens 1, 2 e 3 - as opções são: "não tenta", "tenta pouco" e "tenta bastante". Os itens 4, 5, 6 e 14 possuem como alternativas: "não sabe", sabe pouco" e "sabe bastante". Já os itens de 7 a 13 têm como opções: "quase nunca", "às vezes" e "geralmente". Enquanto os itens 15 e 16 têm como possibilidades de respostas: "quase nunca", "às vezes" e "quase sempre"). Para o cálculo dos escores das opções de respostas foram atribuídos a cada opção o valor de 1, 2 e 3, respectivamente. Sendo assim, para a escala de exigência os escores totais variam de 6 a 18, e os da escala de responsividade de 10 a 30. O estudo brasileiro apresentou adequada consistência interna (α = 0,78 e α = 0,81) para a escala de exigência e responsividade, respectivamente.

Questionário sociodemográfico. Composto pelas questões idade, sexo e estado civil, com o intuito de caracterizar a amostra.

Procedimento

Foi realizado contato com a direção da IES, local da pesquisa, objetivando a autorização para a aplicação dos instrumentos com os estudantes que aceitassem colaborar, voluntariamente. Obtida a anuência, realizou-se o agendamento com os docentes para a coleta em ambiente coletivo de sala de aula.

Apesar da aplicação dos instrumentos ter ocorrido coletivamente, todos os estudantes responderam os questionários de forma individual, no formato papel e caneta. Foi exposto o objetivo do estudo e prestadas informações acerca do respeito ao anonimato, sigilo e confidencialidade dos dados. Enfatizou-se também que a participação na pesquisa era voluntária, podendo o participante desistir a qualquer momento sem nenhum tipo de ônus. Os estudantes que aceitaram colaborar com o estudo assinaram o Termo de Esclarecimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Os instrumentos foram aplicados pelo pesquisador responsável, sendo o tempo médio para concluir a participação de 10 minutos. Cabe pontuar que a pesquisa foi submetida e aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o parecer nº 2.400.755 (CAAE: 79342017.0.0000.5214) e que foram respeitadas todas as recomendações éticas em relação à pesquisa com seres humanos, conforme a Resolução nº 466/12 e nº 510/16 do Conselho Nacional de Saúde.

Análise de dados

Os dados foram analisados por meio do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 23.0. Foi realizado o cálculo das estatísticas descritivas (frequência, porcentagem, média e desvio padrão) e a análise multivariada de variância (MANOVA).

Resultados

Inicialmente, foi possível identificar a frequência de estilos parentais na amostra analisada. Para tanto, considerou-se a mediana para o fator exigência e responsividade, computando os estilos considerando que o estilo negligente é a pontuação concomitante entre abaixo da mediana em exigência e abaixo da mediana em responsividade; o estilo indulgente é abaixo da mediana em exigência e acima da mediana em responsividade; o estilo autoritário é acima da mediana em exigência e abaixo em responsividade; por fim o estilo autoritativo é acima da mediana em exigência e acima em responsividade.

Isso feito, tem-se quantitativamente os estilos dos pais (negligentes 149; indulgentes: 47; autoritários: 38; autoritativo: 158) e das mães (negligentes: 110; indulgentes: 55; autoritárias: 60; autoritativas: 167). Na sequência, buscando verificar a fonte de variação dos escores dos fatores do AUDIT utilizada em função dos estilos parentais dos participantes, foram calculadas MANOVAs para a versão da escala com pai e mãe. A fim de controlar a ausência de multicolinearidade, tem-se que as variáveis dependentes não foram muito correlacionadas entre si (nenhuma correlação foi acima de r = 0,90). Para se considerar os dados como estatisticamente significativos, admite-se o valor do p como < 0,05.

Na continuidade da MANOVA, com os estilos do pai, os resultados indicaram que foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre os estilos [Lambda de Wilks = 0,95, F (9, 386) = 2,31, p = 0,01, η² (tamanho do efeito) = 0,02]. Especificamente, as diferenças foram encontradas em todos os fatores, nos quais as maiores pontuações sugerem maior consumo. Em síntese: no fator 1 (consumo de álcool) maiores pontuações para negligentes (M = 1,14; DP = 1,12), seguido de autoritários (M = 1,02; DP = 1,16), indulgentes (M = 0,84; DP = 1,01) e autoritativos (M = 0,79; DP = 0,09); no fator 2 (Dependência do consumo de álcool) maiores pontuações também para negligentes (M = 0,27; DP = 0,05), seguido de indulgentes (M = 0,18; DP = 0,04), autoritarios (M = 0,13; DP = 0,03) e autoritativos (M = 0,09; DP = 0,03); no fator 3 (Consequências do consumo) maiores pontuações para negligentes (M = 0,34; DP = 0,05), seguido de autoritários (M = 0,24; DP = 0,03), indulgentes (M = 0,20; DP = 0,03) e autoritativos (M = 0,18; DP = 0,03); no fator geral, maiores pontuações também para negligentes (M = 0,56; DP = 0,06), seguido de autoritários (M = 0,44; DP = 0,04), indulgentes (M = 0,38; DP = 0,04) e autoritativo (M = 0,33; DP = 0,04).

Análises subsequentes (Testes de post-hoc de Tukey) demonstraram em que pares foram encontradas diferenças estatisticamente significativas: o estilo negligente se diferenciou estatisticamente do estilo autoritativo no fator 1 (consumo de álcool; M = 0,35, p < 0,05), fator 2 (Dependência do consumo de álcool; M = 0,18, p < 0,001), fator 3 (Consequências do consumo; M = 0,16, p < 0,006) e AUDIT total (M = 0,22, p < 0,001).

Relativamente aos estilos da mãe, os resultados também apontaram uma diferença estatisticamente significativa entre os estilos [Lambda de Wilks = 0,92, F (9, 386) = 3,67, p < 0,001, η² (tamanho do efeito) = 0,03]. Quanto aos fatores, especificamente, as diferenças foram encontradas em todos. Resumidamente, pode-se apresentar da seguinte forma: no fator 1 maiores pontuações para negligentes (M = 1,34; DP = 0,10), seguido de indulgentes (M = 0,87; DP = 0,14), autoritários (M = 0,86; DP = 0,13) e autoritativo (M = 0,74; DP = 0,08); no fator 2, maiores pontuações também para negligentes (M = 0,31; DP = 0,04), seguido de autoritativas (M = 0,13; DP = 0,03), indulgentes (M = 0,12; DP = 0,06) e autoritarias (M = 0,12; DP = 0,05); no fator 3, maiores pontuações para negligentes (M = 0,39; DP = 0,04), seguido de autoritárias (M = 0,25; DP = 0,05), indulgentes (M = 0,21; DP = 0,06) e autoritativas (M = 0,17; DP = 0,03); no fator geral, maiores pontuações também para negligentes (M = 0,66; DP = 0,61), seguido de autoritárias (M = 0,39; DP = 0,07), indulgentes (M = 0,38; DP = 0,07 e autoritativo (M = 0,33; DP = 0,04).

Análises adicionais (Testes de post-hoc de Tukey) revelaram diferenças estatisticamente significativas entre a parentalidade negligente e todos os estilos parentais nos fator 1 (indulgente, M = 0,49, p < 0,005; autoritário, M = 0,50, p < 0,005; autoritativo, M = 0,62, p < 0,001), fator 2 (indulgente, M = 0,19, p < 0,005; autoritária M = 0,19, p < 0,005; autoritativa, M = 0,18, p < 0,001) e fator geral do AUDIT (indulgente, M = 0,27, p < 0,005; autoritário, M = 0,26, p < 0,005; autoritativo, M = 0,33, p < 0,001). Em relação ao fator 3 o estilo negligente se diferenciou estatísticamente do autoritátivo (M = 0,22, p < 0,001).

Discussão

O presente estudo teve como objetivo verificar o efeito de proteção ou de risco dos estilos parentais (do pai e da mãe) no consumo de álcool em estudantes de uma universidade pública brasileira. Acredita-se que o objetivo tenha sido alcançado após a realização das análises descritivas e MANOVAs.

Os resultados demonstram a influência dos estilos de educação parental utilizados por pais em relação ao consumo de bebidas alcoólicas pelos filhos, confirmando o papel desta variável como fator de risco ou proteção ao uso dessa substância. De maneira geral, os achados reafirmam o estilo parental autoritativo, tanto para o pai quanto para a mãe, como um fator de proteção ao uso de álcool, indicando que filhos de pais que adotam este estilo de socialização são menos propensos ao envolvimento com essa droga (Martins, 2016).

Esses dados se coadunam com os obtidos em outras pesquisas, como a desenvolvida por Benchaya et al. (2011), com amostra de adolescentes brasileiros; a de Ortega Latorre e Jódar Anchía (2020), realizada com adolescentes na comunidade Madri (Espanha) e; a conduzida por Moreno Cruz et al. (2019), com estudantes do Ensino Médio de uma escola localizada na região metropolitana de Monterrey (México).

De fato, as investigações realizadas em diferentes partes do mundo têm apoiado essa evidência. Por exemplo, em uma revisão da literatura, na qual foram analisadas as pesquisas publicadas nos últimos 30 anos acerca da relação entre estilos parentais e uso de drogas pelos filhos, o estilo autoritativo foi identificado nos estudos, majoritariamente, como o mais protetivo (Becoña et al., 2012).

Sobre isso, Penjor et al. (2019) ressaltam que a boa relação pais-filhos e o monitoramento adequado dos pais representam um fator protetivo em relação ao uso de álcool. Esse argumento endossa a importância de um clima familiar no qual estejam presentes o afeto, o diálogo e o acompanhamento dos pais (Martínez et al., 2013).

Ainda em relação aos resultados, observou-se que, para o fator geral do AUDIT, o estilo autoritativo foi seguido pelo indulgente; o que sugere que este estilo, tendo em conta a amostra do presente estudo, também se mostrou protetivo. Esse achado é similar ao encontrado em pesquisa realizada com estudantes de Manizales, na qual os estilos autoritativo e indulgente foram posicionados como fatores de proteção (Prieto-Montoya et al., 2016) e no estudo com 1445 adolescentes espanhóis, cujo estilo indulgente foi relacionado a igual ou maior proteção ao estilo autoritativo (Riquelme et al., 2018).

Resultado semelhante também foi observado em outro estudo conduzido na Espanha com 1.416 adolescentes de 12 a 17 anos que avaliaram os estilos de educação promovidos pelos pais. Os jovens da pesquisa foram analisados em quatro diferentes aspectos: a) autoestima (acadêmica, social, física, etc.); b) desajuste psicossocial (e.g., hostilidade, agressão); c) competência pessoal (nota média, competência social); e d) comportamentos problemáticos (má conduta escolar, delinquência e uso de drogas). Os autores verificaram que o estilo indulgente e o autoritativo apresentaram melhores resultados do que a parentalidade autoritária e negligente. Ademais, tendo em conta as pontuações dos quatro conjuntos, o estilo indulgente apresentou resultados melhores do que o autoritativo, indicando que aquele seria, para o contexto da investigação, o estilo parental mais ideal (García & Gracia, 2009).

Do mesmo modo que pais autoritativos, os indulgentes também apresentam uma relação de afeto e boa comunicação com os filhos; entretanto, possuem atitudes mais permissivas frente a comportamentos considerados não apropriados (Martins, 2016). Assim, apesar de diferentes estudos (Calafat et al., 2014; García & Gracia, 2009; Prieto-Montoya et al., 2016; Riquelme et al., 2018), a exemplo deste, identificarem o estilo indulgente como um fator de proteção, deve-se destacar que diferentemente do estilo autoritativo, que nos resultados de pesquisas é indicado como fator protetivo, os achados sobre a parentalidade indulgente ainda permanecem inconclusivos (Becoña et al., 2012).

De modo contrário à parentalidade autoritativa e indulgente, o estilo autoritário representou uma variável de risco ao consumo de álcool, tanto para o pai como para à mãe. Essa evidência demonstra, conforme Martínez et al. (2013), que o uso de condutas impositivas não representa vantagens em relação ao controle baseado no diálogo mútuo entre pais e filhos, com vista a internalização de comportamentos mais ajustados socialmente.

No estudo conduzido por Sarmiento Longo (2019), os estudantes universitários que perceberam os pais como autoritários apresentaram maior probabilidade de consumirem álcool. Esse dado também foi evidenciado por Mota e Assunção (2020) que identificaram uma relação significativa entre o estilo parental autoritário e uso abusivo de bebidas etílicas, em pesquisa com amostra de 1044 jovens universitários. Resultado equivalente também foi obtido na Tunísia. Em pesquisa realizada com grupo composto por 315 estudantes do ensino fundamental e médio, o consumo de álcool foi significativamente maior entre aqueles que apontaram o estilo parental autoritário (Charfi et al., 2020).

O estilo autoritário está associado ao risco porque pais autoritários demonstram-se menos atentos ou sensíveis às necessidades dos filhos. Nesse sentido, como os jovens buscam aprovação e aceitação no grupo, a pouca atenção às suas necessidades pode contribuir para a imersão destes em grupos de risco ao envolvimento de álcool (Sarmiento Longo, 2019).

Embora, na literatura, o estilo autoritário esteja associado ao risco de consumo de bebidas alcoólicas, ainda se identifica, tal como o estilo indulgente, incongruências em relação ao seu papel no consumo desta droga, podendo-se observar pesquisas que o descrevem como variável de risco (Penjor et al., 2019) ou como fator de proteção (Clark et al., 2015). O estilo negligente também foi identificado como fator de risco ao consumo de álcool. Esse dado corrobora o que vem sendo encontrado nas pesquisas sobre a temática (Albeniz-Garrote et al., 2018; Pinheiro & Gomide, 2020).

O significativo risco atribuído ao estilo negligente pode ser explicado pela combinação de baixa afetividade e baixo controle que caracteriza tal estilo (Maccoby & Martin, 1983). Isso indica a necessidade de maior intervenção direcionada a pais que adotam essa parentalidade, uma vez que a falta de monitoramento e apoio pode tornar os filhos mais suscetíveis a comportamentos de risco, como o uso abusivo de álcool.

Considerações Finais

Os estilos parentais representam uma variável relevante para o estudo psicossocial do consumo de álcool. Os resultados encontrados na presente pesquisa possibilitaram identificar quais dos estilos parentais (autoritativo, autoritário, indulgente, negligente) apresentaram efeito de proteção e de risco ao consumo de bebidas alcoólicas na amostra do estudo. De modo geral, os estilos autoritativo e indulgente se mostraram como variáveis de proteção, enquanto a parentalidade autoritária e negligente constituíram risco ao uso de álcool. Espera-se que essa pesquisa contribua para o entendimento do consumo de álcool, adicionando à literatura dados teóricos e evidências empíricas.

Como limitações desta investigação, pode-se citar o viés amostral, uma vez que não se contou com uma amostra representativa da população-alvo. Outra limitação identificada se refere ao tipo de instrumento (o autorrelato), suscetível ao viés da desejabilidade social. Acrescenta-se também o fato do estudo ser de natureza correlacional, o que não permite a inferência de causalidade. Para o desenvolvimento de futuras investigações, sugere-se a utilização de amostras mais abrangentes da população-alvo, possibilitando a generalização dos resultados. Recomenda-se, ainda, o uso de outras variáveis que permitam testar modelos explicativos mais complexos.

Referências

Albeniz-Garrote, G. P., Rubio-Rubio, L., & Medina-Gómez, B. (2018). El papel moderador de los estilos parentales entre la impulsividad y el consumo de alcohol en una muestra de adolescentes españoles.Revista de Psicopatología y Psicología Clínica, 23(1), 47-57. doi: 10.5944/rppc.vol.23.num.1.2018.19097 [ Links ]

Becoña, E., Martínez, Ú., Calafat, A., Juan, M., Fernández-Hermida, J. R., & Secades-Villa, R. (2012). Parental styles and drug use: a review. Drugs: Education, Prevention and Policy, 19(1), 1-10. doi: 10.3109/09687637.2011.631060 [ Links ]

Benchaya, M. C., Bisch, N. K., Moreira, T. C, Ferigolo, M., & Barros, H. M. T. (2011). Non-authoritative parents and impact on drug use: the perception of adolescent children. Jornal de Pediatria, 87(3), 238-244. doi: 10.1590/S0021-75572011000300010 [ Links ]

Calafat, A., García, F., Juan, M., Becoña, E., & Fernández-Hermida, J. K. (2014). Which parentig style is more protective against adolescent substance use? Evidencia within the Europen context. Drug and Alcohol Dependence. 138, 185-192. doi: 10.1016/j.drugalcdep.2014.02.705 [ Links ]

Charfi, N., Turki, M., Smaoui, N., Maâlej Bouali, M., Omri, S., Zouari, L., … & Maâlej, M. (2020). Alcohol Use and Associated Environmental Factors Among Middle and High School Students in Sfax (Tunisia). International Journal of Mental Health and Addiction, 18, 658-667. doi: 10.1007/s11469-018-9969-6 [ Links ]

Clark, T. T., Yang, C., McClernon, F. J., & Fuemmeler, B. F. (2015). Racial differences in parenting style typologies and heavy episodic drinking trajectories. Health Psychology, 34(7), 697-708. doi: 10.1037/hea0000150 [ Links ]

Costa, C., Basso, K., Zanelli, J., Castoldi, F., Coelho, E., & Pessotto, A. (2021). Quatro décadas (1977-2017) de publicações sobre o consumo de bebidas alcoólicas por estudantes universitários.Revista Sustinere, 9(1), 229-253. doi: 10.12957/sustinere.2021.45275 [ Links ]

Costa, F. T., Teixeira, M. A. P., & Gomes, W. B. (2000). Responsividade e exigência: duas escalas para avaliar estilos parentais. Psicologia: Reflexão e Crítica, 13(3), 465-473. doi: 10.1590/S0102-79722000000300014 [ Links ]

Dermody, S. S., Lamb, K. M., & Kerr, D. C. R. (2022). Heavy drinking and drinking harms for cisgender and transgender college students. Psychology of Addictive Behaviors, 36(5), 466-476. doi: 10.1037/adb0000778 [ Links ]

García, F., & Gracia, E. (2009). Is always authoritative the optimum parenting style? Evidence from Spanish families. Adolescence, 44(173), 101-131. Recuperado de https://www.uv.es/garpe/C_/A_/C_A_0037.pdfLinks ]

Lamborn, S. D., Mounts, N. S., Steinberg, L., & Dornbusch, S. M. (1991). Patterns of competence and adjustment among adolescents from authoritative, authoritarian, indulgent, and neglectful families. Child Development, 62(5), 1049-1065. doi: 10.1111/j.1467-8624.1991.tb01588.x [ Links ]

Lawrenz, P., Zeni, L. C., Arnoud, T. C. J, Foschiera, L. N., & Habigzang, L. F. (2020). Styles, practices or parental skills: how to differentiate them?. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas,16(1), 2-9. doi: 10.5935/1808-5687.20200002 [ Links ]

Maccoby, E., & Martin, J. (1983). Socialization in the context of the family: Parent-child interaction. In E. M. Hetherington (Org.), Handbook of child psychology (pp. 1-101). New York, NY: Wiley. [ Links ]

Martínez, I., Fuentes, M. C., García, F., & Madrid, I. (2013). El estilo de socialización familiar como factor de prevención o riesgo para el consumo de sustancias y otros problemas de conducta en los adolescentes españoles. Adicciones, 25(3), 235-242. Recuperado de http://www.adicciones.es/index.php/adicciones/article/view/51/50Links ]

Martins, K. S. (2016). Associação entre estilos parentais e consumo de drogas em adolescentes. (Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil). Recuperado de https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/172584/343610.pdf?sequence=1Links ]

Moreno Cruz, M. A., Alonso Castillo, M. M., Armendáriz García, N. A., & Oliva Rodríguez, N. N. (2019). Estilos parentales y el involucramiento con el consumo de alcohol en adolescentes de secundaria.Journal Health NPEPS, 4(2), 215-229. Recuperado de https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/3801Links ]

Mota, C. P., & Assunção, S. (2020). Parenting styles and deviant behavior: Mediating role of alcohol consumption among university students. Suma Psicológica, 27(2), 98-106. doi: 10.14349/sumapsi.2020.v27.n2.4 [ Links ]

Ortega Latorre, Y., & Jódar Anchía, R. (2020). Influencia de los estilos parentales en el consumo adolescente de tabaco, alcohol y medicamentos sin prescripción. Acta Pediátrica Española, 78(3-4): e33-e39. Recuperado de https://repositorio.comillas.edu/xmlui/bitstream/handle/11531/46116/e25%20ORIGINAL%20INFLUENCIA%20ESTILOS.pdf?sequence=1&isAllowed=yLinks ]

Penjor, S., Thorsteinsson, E. B., Price, I., & Loi, N. M. (2019). Parenting style, distress, and problematic alcohol use in Bhutan. Cogent Psychology, 6(1), 1-10. doi: 10.1080/23311908.2019.1579503 [ Links ]

Pinheiro, E. P., & Gomide, P. I. C. (2020). Parenting styles and alcohol use in brasilian males. Paidéia, 30, 1-8. doi: 10.1590/1982-4327e3033 [ Links ]

Prieto-Montoya, J. A., Cardona-Castañeda, L. M., & Vélez-Álvarez, C. (2016). Estilos parentais e consumo de sustâncias psicoativas nos estudantes de 8° até 10°.Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud, 14(2), 1345-1356. doi: 10.11600/1692715x.14231161015 [ Links ]

Riquelme, M., García, O. F., & Serra, E. (2018). Psychosocial maladjustment in adolescence: Parental socialization, self-esteem, and substance use. Anales de psicología, 34(3), 536-544. doi: 10.6018/analesps.34.3.315201 [ Links ]

Sarmiento Longo, J. P. (2019). Estilos de socialización parental y consumo problemático de alcohol en estudiantes universitarios de psicología e ingeniería - cajamarca (Dissertação de mestrado, Universidade Cayetano Heredia, Lima, Peru). Recuperado de https://repositorio.upch.edu.pe/bitstream/handle/20.500.12866/7187/Estilos_SarmientoLongo_Juan.pdf?sequence=1&isAllowed=yLinks ]

Silva, É. C., & Tucci, A. M. (2014). Estudo transversal sobre o uso de risco de álcool em uma amostra de estudantes de uma universidade federal brasileira.Jornal Brasileiro de Psiquiatria,63(4), 317-325. doi: 10.1590/0047-2085000000040. [ Links ]

Sousa, K. P. A., Medeiros, E. D., & Medeiros, P. C. B. (2020). Validity and reliability of the Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) in students of a Brazilian university.Ciencias Psicológicas,14(2), 1-12. doi: 10.22235/cp.v14i2.2230 [ Links ]

Declaração do contributo dos autores R.N y E.D contribuyeron al diseño e implementación de la investigación, K.P al análisis de los resultados y a la escritura del manuscrito con el apoyo del resto de los autores. Todos los autores discutieron los resultados y contribuyeron a la versión final del manuscrito.

Editor/a de sección El editor de sección de este artículo fue Daniel Camparo. ORCID ID: 0000-0003-3440-5797

Recebido: 21 de Outubro de 2022; Aceito: 20 de Março de 2023

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons