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Revista Uruguaya de Antropología y Etnografía

versión impresa ISSN 2393-7068versión On-line ISSN 2393-6886

Rev. urug. Antropología y Etnografía vol.5 no.2 Montevideo  2020  Epub 01-Dic-2020

https://doi.org/10.29112/ruae.v5.n2.1 

Articles

Editorial


A referência ao tempo esteve presente no tema da convocatória para todo o ano de 2020 e, sem o ter previsto, tornou-se imediatamente muito apropriada e inevitável neste ano dominado pela chegada e instalação da sequência global da pandemia.

Depois, a reflexão sobre o tempo, como cadeia de acontecimentos e com o sentido da narração ininterrupta, leva-me agora a evocar tudo o que aconteceu ao longo dos anos em que fui responsável, como Editor, por dar existência e continuidade ao publicação no Uruguai de uma revista acadêmica de antropologia.

Inicialmente foi o Anuário de Antropologia Social e Cultural do Uruguai, de 2000 a 2015. Em 2016 tornou-se a Revista Uruguaia de Antropologia e Etnografia, RUAE, incorporando mudanças qualitativas, como a frequência semestral, com parâmetros exigidos pela Scielo Uruguai, Latindex, DOAJ, entre outros.

De 2016 a 2020, a RUAE cumpriu pontualmente seus compromissos de publicar em formato digital, OJS; também continuou a publicar a versão completa em PDF, graças à localização que lhe foi dada no site da UNESCO-Montevidéu.

Nem preciso dizer que não consegui fazer essa jornada sozinha, de 20 anos inteiros.

Em homenagem à pluralidade de apoios e trabalhos incorporados, em cada número, em cada volume semestral, sempre explicitam os agradecimentos, que destaco aqui, sem ordem de prioridade mas com a preocupação de não omitir ninguém do conjunto significativo de contribuições, sem colocar os nomes próprios em cada função, pois ultrapassaria o espaço dessas linhas editoriais.

Quero lembrar com enorme apreço: autores, avaliadores, tradutores, gestores culturais e artistas que nos permitem compor capas de alta qualidade todos os anos, nosso designer profissional que mantém o estilo cuidadoso de publicação, o assistente de edição que trata da versão digital, que realiza o trabalho especializado do procedimento denominado marcação para que a revista possa ser divulgada pela plataforma Scielo, ao corretor de normas bibliográficas, à equipe Scielo Uruguai, à equipe AURA com quem gerimos a numeração DOI e o programa anti-plágio Crossref, à equipa do LATINDEX que este ano nos deu a habilitação para entrar no catálogo 2.0, às autoridades e responsáveis do site da Unesco, ao espaço do site da Faculdade de Humanidades e Ciências da Educação, gerido pelo departamento de publicações da FHCE.

O produto final contém complexidades e momentos de entrada em cena, que devem ser orquestrados para chegar em boa forma e no prazo de acordo com as datas de entrega; A RUAE deve respeitar o ritmo imposto por fazer parte do acervo de revistas científicas da Scielo Uruguai, acervo que é avaliado sistematicamente, com pontualidade e conteúdo, elementos que contribuem para a certificação geral ótima que se consegue.

Confesso que foi difícil, e às vezes frustrante, o aprendizado que tivemos que passar para poder entregar todo o material de forma satisfatória. Nesta altura sempre foi importante ter uma boa equipa de Assistentes de Edição, a quem agradeço todo o trabalho. Ao final de 2020 e com dez edições concluídas em cinco anos da RUAE, posso reconhecer e agradecer toda essa exigência que nos impuseram, pois tivemos um notório crescimento qualitativo, conquistando um lugar no mundo dos periódicos acadêmicos digitais.

Nesta síntese de despedida, quero também destacar a importância do apoio real e simbólico que tivemos de conhecidos colegas, nacionais e estrangeiros, que concordaram em subscrever primeiro a publicação anual, integrada no Conselho Editorial desde 2010, data da edição do Anuário. admitido como jornal arbitrado no Latindex, posteriormente na Scielo. Em 2016, já convertido em RUAE, tivemos que mudar o nome do grupo de colegas que nos dão suporte acadêmico, passando a ser o Conselho Editorial, sempre contando com professores e colegas da Argentina, Brasil, EUA, França, Itália e do Uruguai, serviços universitários públicos e privados. Em 2019, novos nomes entraram, da Argentina e do Uruguai, evidenciando uma maior integração multidisciplinar das próprias Ciências Antropológicas, também com representação do programa da Unesco e outras Ciências Sociais.

Ainda em 2019, foi constituída a Comissão Editorial Executiva, que tem a função de propor mudanças nas responsabilidades editoriais e decisões que garantam sua continuidade no próximo ano. Estamos, no final de 2020, no momento certo para essas mudanças. Chegamos aqui com tranquilidade e confiança, apostando que a RUAE segue numa linha de crescimento, de intercâmbios acadêmicos de alto nível, com vocação para ir longe sem perder o pé no espaço local, captando assim o aroma do tempo (Chul Han dixit) já incorporados, aprofundando a tensão da narrativa científica, relevante e atualizada.

Menção especial merecem aqueles que apoiaram materialmente e com trabalhos impressos para que se concretizasse a existência de uma publicação de Antropologia no Uruguai, que nos primeiros anos saiu graças à Fundação Fontaina Minelli, depois graças ao apoio e trabalho continuado da Editora Nordan -Comunidade, incluindo solidariedade dos adeptos da Comunidade do Sul na Suécia.

Termino este relato histórico voltando ao momento mítico das origens, brilho fundador e irrepetível: quando em 2000 fizemos a apresentação do primeiro número no auditório da Faculdade de Ciências Humanas e da Educação, com o apoio da Embaixada de Da França viajou de Buenos Aires o antropólogo Gilles Riviére, então diretor do Centro Franco-Argentino da UBA-EHESS, que fez uma intervenção junto com o reitor da FHCE, Adolfo Elizainzín e o sociólogo Marcos Supervielle. Houve um momento artístico, com apresentações teatrais de Luis Vidal e Pepe Vázquez. E um brinde, é claro, porque ao brindar, votos de longa vida são feitos.

Em 2016, quando saiu o primeiro número da RUAE, os tempos eram diferentes e a existência no mundo virtual nos pegou de surpresa: simplesmente não sabíamos como dar um ritual de boas-vindas a esse nascimento. Ou renascimento. Com a mesma sobriedade estou fechando um ciclo, mal deixando essas marcas na escrita, com uma densidade significativa e suficientemente expressiva de questões pessoais e coletivas.

Talvez o lado inconsciente, indisciplinado, tenha me levado a estar mais presente neste volume.

Com este segundo volume de 2020 estou deixando a posição de Editor, embora esteja disposto a fazer contribuições específicas em outro cargo dentro dos lugares e tarefas que a RUAE requer.

Estudos e Ensaios

Na Seção de Estudos e Ensaios, há dois textos que se referem a territórios específicos e a reflexões teóricas, tópicos e pesquisas muito diferentes e atuais:

O texto sobre o caso das cidades autônomas da costa africana (que a Espanha entende como uma extensão de seu próprio território) nos coloca em uma complexidade político-cultural de alta atualidade. “En los pliegues del Mediterráneo: Ceuta y Melilla,” de Angela Sagnella, (Universitá per Stranieri, Perugia, Italia), permite-nos captar algo do mundo multicultural do Mar Mediterrâneo, ao qual devemos nos voltar muito mais a sério na hora de localizar, da América do Sul, heranças e genealogias.

É que ao falar dos imigrantes espanhóis e italianos no Río de la Plata - como origens étnicas homogêneas em si mesmas - evidenciamos que na origem há séculos de populações diversas de um lado e do outro das costas da Bacia do Mediterrâneo.

Como assinala Angela Sagnella, as duas cidades que foram “território” espanhol na costa do Magrebe, Norte de África, têm um estatuto especial de Cidades Autónomas com alguma cláusula de Direito Internacional que as leva a fazer parte da União Europeia. É evidente que constituem possíveis pontos de entrada para a imigração das populações subsaariana e magrebina, entre outros, os riscos são levantados no artigo.

Quanto ao povoamento e às tradições locais, nesses pequenos territórios, de pouco mais de uma dúzia de quilômetros quadrados, cresceram comunidades urbanas culturalmente diversas, professando todas as religiões monoteístas que nasceram no próprio Mediterrâneo ou próximo a ele, além do hinduísmo que trouxe a população de essa origem. Há uma convivência notavelmente multicultural, que pode parecer frágil diante de avanços mais ou menos ambiciosos de nações que reivindicam supostos direitos. Um mundo que continua fascinante, com movimentos dramáticos, mas com uma vitalidade “solar”. É o que reflete o texto de A. Sagnella.

Em seu artigo La emergencia disciplinar de los Science and Technology Studies, la génesis híbrida del ‘giro ontológico’ y algunos debates contemporáneos David Antolinez Uribe (Facultad de Psicología de la Pontificia Universidad Javeriana, Colombia. Programa de Maestría en Ciencias Humanas, de la FHCE, Universidad de la República, Uruguay) expressa claramente o objetivo de se colocar no plano teórico onde se articulam argumentos e desenvolvimentos filosóficos e antropológicos. O próprio Bruno Latour, a quem toma como agente fundamental e criador das mudanças e reviravoltas ontológicas, é reconhecido como devedor de ambas as fontes. O passo que B. Latour deu ao entrar em um laboratório foi mais longe e mais profundo do que a aplicação da metodologia etnográfica. Além da discussão limitada à Natureza e à Cultura. A selva de dispositivos e reagentes passou a emitir mensagens, realidade de entidades atuantes, com múltiplas relações para registrar, interpretar. Outro campo, outros objetos que não podem ser abrigados sob uma única inteligência disciplinar. É por isso que o Sr. Antolinez Uribe se permite acenar com a cabeça à frase bíblica “aquela disciplina que é livre de hibridização lança a primeira pedra”.

Avanços de pesquisa

Na Seção de Avanços em Pesquisa propomos dois estudos que se aprofundam em complexidades que não são tão óbvias ou aparentes, que estão inseridas no campo da saúde pública, na rua, nas cidades, nas instituições.

Com pesquisas sobre Influencia del imaginario social en período de pandemia, Uruguay, coletivo agrupado no Programa de Antropología y Salud, de la FHCE, - Sonnia Romero, Fabricio Martinez, Fabricio Vomero, Virginia Rial, Selene Cheroni, Samuel Rodríguez, Gregorio Tabakian, Cristian Dibot, Rodrigo Abraira, Joaquín Martínez - relata os resultados do registro sistemático de comportamentos, objetivação de modelos ideativos capturados in vivo, sem permanência prolongada, mas sim observações em vários lugares ao mesmo tempo em um período limitado de dois meses, no estilo da opinião de especialistas antropológicos quando a investigação se concentra em um objeto ou problemática de forma densificada e então se tenta um laudo, interpretação de circunstâncias que podem ser consideradas como indícios em julgamentos ou outras situações que precisam ser elogiadas. Claro que houve no início a tentação de abordar o que se entendia como um fato social total, afetando múltiplos momentos, personagens, ângulos e lacunas em uma sociedade atacada por Covid-19. A busca, o registro, a discussão sobre o material obtido foram objeto de uma abordagem coletiva, enquanto a redação foi assumida pela coordenação do estudo.

Do México veio a proposta de publicar um texto com aspectos provocativos e até discutíveis, (mas aceito pela avaliação externa), El secreto como base de la camarilla: un estudio etnográfico encubierto en una organización hospitalaria, de Víctor H. Robles Francia, (Universidad Juárez Autónoma de Tabasco, México) y V. Adrián Robles Ramos ( Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo, México) consideraram importante relatar a evolução dos resultados obtidos por meio de registros etnográficos em uma instituição hospitalar, sem especificar intenções ou momentos em que estavam prestando atenção para captar os indícios que confirmariam as premissas do inquérito. Os diferentes grupos de atividades e profissionais tratam das informações, manipulam segredos na hora de cobrir responsabilidades, mesmo quando as consequências são extremas para os pacientes. Uma das razões apresentadas para o lançamento dessa prática secreta de etnografia em um hospital público do México é precisamente “para tornar os procedimentos transparentes, para defender os direitos dos pacientes”. Porque a confiança com que os pacientes se entregam ao que é um atendimento especializado é violada. A modalidade de revelar as más práticas registradas com o conhecimento da própria experiência, sem o filtro imposto por uma observação anunciada, tem uma parte de interesse e uma parte de discussão sobre a ética da pesquisa etnográfica que nos impele a explicitar quando atuamos no papel de observador e quando atuamos em outra função. Os autores não fogem ao problema, pelo contrário, têm argumentos para “libertar” a prática etnográfica de uma honestidade excessiva, algo limitadora.

Dossiê

Na Seção de Dossiê, seguindo a política de propor trabalhos ou instâncias que impliquem participação, intercâmbio, com amplas áreas acadêmicas, recolhemos comentários sobre dois estudos publicados em Buenos Aires. Eles relatam pesquisas socioantropológicas em Bella Unión (2016) e Montevidéu (2019). Ambos os livros pertencem à Coleção Etnografia de Setores Populares, Editorial Gorla, sob a direção de Pablo Semán, um antropólogo argentino que acertadamente escolhe essas obras que produzem conhecimentos “inéditos” por meio de uma abordagem qualitativa e atualizada de velhas realidades. Obrigado a Pablo Semán por esses títulos em sua coleção.

O Dossiê se completa com um breve relatório sobre a recente Conferência Mundial da OASPA. Na modalidade virtual, atingiu uma participação qualificada, na qual a RUAE foi representada.

Detrás de la línea de pobreza. La vida en los barrios populares de Montevideo, de Verónica Filardo y Denis Merklen (Facultad de Ciencias Sociales, Universidad de la República y IHEAL, Institut de Hautes Etudes de l’Amérique Latine, Paris, Francia, respectivamente). Uma equipe trabalhou com os autores e os responsáveis pelo estudo, entre os quais reconheci de bom grado jovens colegas antropólogos. O enorme trabalho de campo, nos contornos problemáticos da cidade de Montevidéu, reconstrói e interpreta efeitos sociais, possíveis impactos, de programas realizados pelo Ministério de Desenvolvimento Social, nos últimos anos quando se ampliou a intervenção do Estado nos bairros. , na vida das pessoas. A dimensão que as Políticas Sociais alcançaram no debate oficial e na opinião pública é um fato que marca, para o país, um novo tempo no século XXI.

Los peludos. Cultura, Política y Nación en los márgenes del Uruguay, de Silvina Merenson (Universidad Nacional de San Martín, UNSAM, Buenos Aires), chegou às minhas mãos um pouco depois da data de publicação, então espero que o espírito do comentário continue. A obra é fruto de um compromisso profissional e pessoal de S. Merenson com o tempo e a população do extremo norte do Uruguai. Lá onde nasceu a luta dos canavieiros, dos “peludos” (cabeludos), onde nasceu um sindicato e um movimento que estão na história épica das últimas décadas do século XX. Excelente resultado de uma investigação pessoal, incluindo deslocamento e esforço de permanência.

O terceiro comentário, Noticias desde el lado abierto del acceso. Nota sobre la Conferencia de la Asociación de Editores Académicos en Acceso Abierto (OASPA) 2020, de Gerardo Ribero, que deve ser incluída no Dossiê porque nos fornece uma atualização oportuna sobre a crescente bolha acadêmica e suas práticas de produção de publicações especializadas. G. Ribero pôde participar do congresso virtual da OASPA a convite da RUAE da liderança da Scielo Uruguai. Oportunidade que valorizamos e pela qual agora compartilhamos informações e resultados. Traz dados impressionantes, que nos dão uma ideia do fenômeno das revistas arbitradas. Galáxia em que existimos, como um ponto que brilha entre tantos outros. Nem mais nem menos.

Espaço aberto

Nesta seção apresentamos, de forma resumida, notícias, notícias da produção acadêmica nacional e regional.

Destacamos a coincidência de temas abordados nesta RUAE, mas em uma chave artística no tríptico de Santiago Estellano, artista uruguaio radicado em Buenos Aires. Com inspiração antropológica e espírito crítico típico da chamada época do Antropoceno, propõe três obras que remetem ao momento de dominação mundial de Covid-19. Ele adere à corrente que dá voz a Gaia, fazendo perguntas sobre as capacidades de responder a desastres “naturais” (muito em linha com Isabelle Stengers, em Aux temps des catastrophes, 2013, La Découverte, Paris).

Alegremente compartilhamos o anúncio da apresentação de um trabalho solidário em Chiloé, agradecendo a Natalia Picaroni, uma antropóloga uruguaia que está entusiasmada em trabalhar com as comunidades daquele arquipélago para a comunicação.

Como sempre, solicitamos a revisão de teses já defendidas no âmbito do Programa de Pós-Graduação do FHCE, Doutorado em Antropologia e Mestrado em Antropologia da Região de Cuenca del Plata.

Os comentários recebidos referem-se às teses aprovadas no segundo semestre de 2020:

Tese de Doutorado em Antropologia: por Fabricio Vomero

Dissertação de Mestrado na Região de Cuenca del Plata: de Marina Pintos, de Magdalena Mislev, de Karina Abdala, de Magdalena Curbelo, de Maria Julia Barboza, de Eloisa Rodriguez.

Não foram incluídas as avaliações de mestrado de Eliana Lotti e Ana Laura Meroni. Quando forem enviados, poderão ser transmitidos em outra entrega da RUAE.

Feche esta Seção Aberta, e no volume 2 de 2020, a capa da compilação Antropologias feitas no Uruguai, por Pablo Gatti e Gregorio Tabakian, com uma fotografia de Ignacio Expósito, “Romería de Farruco, Uruguay” em uma bela capa.

O livro estava logo na data exata do VI Congresso ALA de 2020.

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