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Lingüística

versión On-line ISSN 2079-312X

Lingüística vol.36 no.1 Montevideo  2020  Epub 01-Jun-2020

https://doi.org/10.5935/2079-312x.20200010 

Reseña

Resenha

LARA OLEQUES DE ALMEIDA1 
http://orcid.org/0000-0002-8312-9402

1Universidade Presbiteriana Mackenzie, lara.oleques@gmail.com

CUNHA, GUSTAVO XIMENES; OLIVEIRA, ANA LARISSA ADORNO MARCIOTTO. 2018. Múltiplas perspectivas do trabalho de face nos estudos da linguagem. ., ,, Belo Horizonte: Núcleo de Análise do Discurso/Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos/Faculdade de Letras da UFMG, 290 pp.p. ISBN: 978-85-7758-338-6.


O livro em epígrafe surgiu de uma iniciativa do Grupo de Estudos sobre a Articulação do Discurso (GEAD/UFMG) em parceria com dois núcleos de pesquisa da Faculdade de Letras da UFMG, o Núcleo de Análise do Discurso (NAD) e o Núcleo de Estudos da Língua em Uso (NELU), que resultou no esforço conjunto de pesquisadores de diferentes instituições do Brasil e do exterior, instigados a desenvolver trabalhos, sob diferentes aportes teóricos e metodológicos, que promovessem diálogos com a noção de trabalho de face proposta pelo sociólogo canadense Erving Goffman (1967), um dos pensadores mais influentes do século XX, cujas ideias seguem despertando o interesse de pesquisadores sobre o tema da interação, enriquecendo as diversas áreas dos estudos da linguagem, bem como inspirando o surgimento de novas áreas.

O sociólogo propôs a noção de trabalho de face a partir da descrição das interações face a face, isto é, mediadas pela liguagem oral. Entende que o trabalho de face envolve as ações realizadas por uma pessoa para que o seu comportamento esteja em consonância com a sua imagem social; essas ações têm o fim de salvaguardar, proteger e reparar a imagem (Goffman 1967: 12, 15-23). O simples contato com um interlocutor já representa o rompimento de um equilíbrio e gera uma potencial ameaça à imagem tanto do locutor quanto do interlocutor, de modo que "o trabalho de face serve para neutralizar 'incidentes', ou seja, eventos cujas implicações simbólicas efetivamente ameaçam a imagem" (Goffman 1967: 12, itálico e aspas do original, tradução nossa). Vale destacar a sua definição de face:

O termo face pode ser definido como o valor social positivo que uma pessoa efetivamente reclama para si por meio da linha de conduta que os outros pressupõem que ela assumiu durante um determinado contato. A face é uma imagem do eu delineada em termos de atributos sociais aprovados (...) (Goffman 1967: 5, tradução nossa).

A face é a imagem de si que a pessoa defende nos contatos sociais a partir da avaliação que os outros interactantes fazem de suas atitudes ou comportamentos. O eu é construído a partir da visão do outro, ao mesmo tempo que esse eu é emocionalmente ligado à sua imagem, razão pela qual deseja que esta seja valorizada e respeitada (Goffman 1967: 5 y s.). É "algo que está difusamente situado no fluxo de eventos interacionais e que se torna visível somente quando estes são lidos e interpretados quando das avaliações manifestadas sobre esses eventos" (Goffman 1967: 7). No fluxo da interação, os participantes fazem uma interpretação avaliativa das imagens de todos os interactantes - da sua própria imagem e da imagem dos demais -, zelando para que todas elas sejam preservadas, em nome do equilíbrio interacional e, por conseguinte, social. A busca desse equilíbrio é uma característica inerente às interações, logo o trabalho de face que o viabiliza é um aspecto onipresente nos processos interacionais, embora nem sempre tão perceptível na superfície da língua.

Ainda que o nascedouro da noção de trabalho de face seja a interação in praesentia, o seu estudo ampliou-se à modalidade escrita e a toda forma de interação verbal ou não verbal, do que são exemplos os trabalhos que compõem o livro ora resenhado. Igualmente, esses trabalhos não se atêm à noção-chave do trabalho de face; ao contrário, valem-se de outras noções goffmanianas complementares (ou desenvolvidas pelo sociólogo a partir de outros autores), tais como enquadre, ordem da interação, estigma, território e footing, em diálogo com conceitos próprios das áreas a que pertencem os trabalhos integrantes do livro. Os diferentes recortes temáticos e as especificidades teórico-metodológicas de cada estudo favorecem um entendimento mais amplo da estrutura interacional, assim como do papel da linguagem na interação.

O livro é introduzido por uma Apresentação dos organizadores, seguida de duas seções nas quais se inserem os estudos. Na Parte I, intitulada O trabalho de face no diálogo entre diferentes recortes teóricos compatíveis, encontram-se sete trabalhos, ao passo que seis trabalhos integram a Parte II, intitulada O trabalho de face e sua materialidade linguística em variados planos de organização discursiva.

A Apresentação, que nos serve de norte, resume com maestria a essência do livro, fornecendo ao leitor a exata visão do que vai encontrar: um panorama de como a noção de trabalho de face "foi e vem sendo empregada, desenvolvida, repensada e questionada em diferentes vertentes dos estudos da linguagem e de como essa noção se materializa na linguagem, constituindo, por isso mesmo, um aparato conceitual importante para linguistas" (Goffman 1967: 15).

Eis o mérito da obra resenhada. A multiplicidade de olhares sobre o fenômeno das faces possibilita uma melhor compreensão dos mecanismos de funcionamento da língua em uso e, também, descortina como esse aparato conceitual foi sendo incorporado, criticado e modificado no interior dos diferentes modelos teóricos, tais como a Análise do Discurso, o Funcionalismo, a Sociolinguística Interacional, a Análise da Conversa, a Linguística do Texto, a Linguística Aplicada e a Pragmática.

Os capítulos que compõem a Parte I delineiam como o conceito de trabalho de face foi recepcionado pelas diferentes correntes linguísticas, bem como destacam a sua maior ou menor proximidade com outras noções afins, como é o caso da noção de ethos, por exemplo.

A primeira seção inicia com o trabalho A questão do lócus da face e seu impacto conversacional e cultural, de Ulrike Agathe Schröder. A autora discute o lócus da face e seu impacto cultural, com base na Teoria da Constituição de Face, de Arundale, que postula uma mudança paradigmática na conceitualização da face e da (im)polidez, deslocando-a de uma visão individualística para uma visão não somativa de comunicação. Vale-se de abordagens metodológicas da Análise da Conversa e da Linguística Interacional e investiga em que medida a face se localiza e emerge no curso da interação como epifenômeno, sendo um construto cocoordenado e negociado entre os coparticipantes. Para tanto, parte da análise de uma discussão entre quatro intercambistas brasileiros na Universidade de Münster, Alemanha, na qual tratam de experiências interculturais. Destaca, ainda, os fenômenos de (des)afiliação e (des)alinhamento, noções oriundas da Análise da Conversa que, assim como os conceitos de conectividade e separatividade, deslocam o foco de uma perspectiva intencionalista para uma perspectiva interacional.

O estudo Dos processos de figuração às configurações de participação na interação: reflexões relacionais para a formação profissional, de Laurent Filliettaz, Isabelle Durand e Dominique Trébert, apresenta as dimensões relacionais do discurso em interação, bem como suas implicações para o estudo dos processos de aprendizagem em situações de trabalho no âmbito da formação profissional. A partir de uma ampliação dos trabalhos de Goffman sobre a noção de trabalho de face e sob os aportes da Sociolinguística Interacional, os autores sugerem uma definição da noção de configurações de participação na interação, construída de forma dinâmica. Para tanto, analisam um corpus de interações da área da formação profissional de educadoras infantis. A análise de interações entre estudantes estagiárias, formadoras profissionais e crianças permite aos autores evidenciar as dificuldades que os trabalhadores novatos podem encontrar para tomar seu lugar e endossar de forma plena as posições de participação exigidas pelas situações de trabalho.

Wander Emediato, em Face, imagens de si e posturas enunciativas, aproxima o modelo teórico desenvolvido por Goffman de diferentes abordagens da Análise do Discurso, com destaque para as relações de influência direta ou as divergências existentes entre essas duas perspectivas. O autor discute até que ponto a perspectiva goffmaniana se aproxima ou se distancia dos conceitos de formações imaginárias, de Michel Pêcheux; de ethos, da retórica clássica; de papéis sociais e papéis linguageiros, identidade social e identidade discursiva, de Charaudeau; de postura enunciativa, de Rabatel.

O estudo analisa como o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi tratado por duas revistas brasileiras de circulação nacional (Carta Capital e Veja) em suas reportagens e artigos de opinião. A análise revela como o jornalismo dispõe de diferentes opções para gerir o dialogismo interno e produzir diferentes efeitos no tratamento da informação e, também, na imagem que deseja construir de si para seus leitores "ideais".

Dessa forma, o autor mostra a interrrelação entre o funcionamento enunciativo e a construção da imagem de si.

No capítulo "Emoções e representações de si: a propósito da indignação e do embaraço", Helcira Lima afirma que não se pode apreender a natureza da emoção no discurso sem inseri-la na perspectiva de uma situação concreta. A autora articula noções da Retórica e outras próprias do quadro goffmaniano, tais como trabalho de face, enquadre e footing, ao refletir sobre o papel das emoções na representação de si, em especial da indignação e do embaraço. Para tanto, selecionou fragmentos de um episódio do programa televisivo Sem Censura no qual um convidado, o ator Pedro Cardoso, se recusou a continuar participando da entrevista e deixou o programa. A partir da análise dos excertos, a autora explicita o papel de diferentes recursos argumentativos (negação, justificativa, refutação, operadores, marcadores de atenuação) na expressão da indignação e do embaraço. A análise revela que indignação e embaraço são emoções que põem em jogo a imagem do sujeito e, portanto, estão ligadas ao modo como o sujeito se representa e, também, como supõe que o outro o vê.

O trabalho Inter(faces): uma releitura retórico-problematológica da relação entre ethos e face em um discurso político, de Rodrigo Seixas Pereira Barbosa, aproxima a noção de face, de Goffman, e a noção retórica de ethos, por meio de uma releitura problematológica, conforme Meyer, no intuito de identificar uma eventual transferência de ethos entre o ex-presidente Lula e a ex-presidenta Dilma. Para tanto, o autor analisa trechos do discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Fórum Mundial de Direitos Humanos, ocorrido em Brasília, em 2013, com o fim de verificar a ocorrência de algumas estratégias de ethos e de preservação de face no referido discurso. A análise evidencia que o ethos construído por Lula, oriundo de sua alta perceptividade e habilidade no trato social, consegue não apenas dar conta da pessoa do próprio ex-presidente, mas também funciona como suporte a uma possível reconstrução de ethos e de face da então presidente Dilma Rousseff.

O estudo intitulado Violência de gênero e polarização discursiva, de Micheline Mattedi Tomazi e Raquelli Natale, discute o tema da violência contra a mulher e articula noções goffmanianas e as de polarização discursiva, autoapresentação positiva e outroapresentação negativa, noções estas desenvolvidas no marco da perspectiva sociocognitiva dos estudos críticos do discurso, de van Dijk. Na análise, as autoras examinam a carta aberta escrita pelo famoso ator José Mayer em resposta ao relato publicado no blog Agora é que são elas, do Jornal Folha de São Paulo, na qual a figurinista Susllem Meneguzzi Tonani narrou assédios morais e sexuais cometidos por esse ator. A análise revela que o ator faz uso da vitimização como estratégia de aproximação da ofendida, colocando-se também como vítima, como forma de recuperar sua imagem perante a sociedade por meio de uma falsa impressão de que se redimiu e reconheceu a sua culpa.

O trabalho de Solange Maria de Barros, Pesquisa emancipatória: realismo crítico e análise crítica do discurso, tem como suporte teórico a Análise Crítica do Discurso e o Realismo Crítico, com ênfase na pesquisa emancipatória. No estudo, a autora descreve o modelo de análise desenvolvido por Chouliaraki e Fairclough sobre os cinco estágios enumerados por esses estudiosos e propõe a inclusão de um sexto estágio. A autora apresenta alguns projetos de pesquisa que desenvolveu na Escola Estadual Meninos do Futuro, situada no Centro Socioeducativo Pomeri, Cuiabá/MT, que atende jovens e adolescentes de 12 a 18 anos, privados de liberdade, encaminhados por órgãos da justiça. A pesquisadora lança o olhar sobre os obstáculos enfrentados pelos professores, para, a partir deles, sugerir mecanismos de superação. A sua proposta objetiva revelar as injustiças sociais, bem como propor mudanças nas estruturas de poder existentes no Centro Socioeducativo Pomeri.

De outra parte, os capítulos que compõem a Parte II delineiam como determinados recursos linguísticos, textuais e semióticos (por exemplo, conectores, formas de tratamento, hashtags) desempenham um relevante papel no trabalho de face, contribuindo para a construção de valores sociais e para a apresentação ou representação de si.

O estudo que introduz a segunda seção do livro se intitula Relações de discurso e conectores: o trabalho de face em textos de falantes de português como língua adicional, de autoria de Valéria Schmid Queiroz e Janice Helena Chaves Marinho. As autoras analisam como os estudantes de Português como Língua Adicional (PLA) estabelecem as relações de discurso e utilizam conectores como estratégias de trabalho de face. Para tanto, adotam o Modelo de Análise Modular do Discurso para interpretar o desempenho discursivo de falantes de PLA na escrita, analisando textos de participantes da prova do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa do Brasil (Celpe-Bras). Ao colocar em destaque o plano da articulação textual (a forma de organização relacional), as análises revelam que as relações de discurso e sua marcação por conectores são elementos centrais na maneira pela qual os estudantes de PLA estabelecem o trabalho de face e constroem imagens de si.

No trabalho Marcadores digressivos do espanhol e a preservação da face na interação oral, Daniel Mazzaro e Paula da Costa Souza examinam os marcadores de digressão de língua espanhola, tais como a propósito e por cierto, como estratégias que possibilitam ao falante realizar sua representação e definir sua situação de interação. Para a análise, selecionaram dois corpora de conversação em língua espanhola (Corpus Val.Es.Co e Corpus de Conversaciones Coloquiales) e concluem que os digressores configuram uma importante estratégia para evitar a exposição de faces negativas, principalmente a de si, já que indicam lexicalmente a descontinuidade do tópico e minimizam a construção de imagens como as de moralista, mal-educado(a), impertinente ou não cooperativo com a conversação. Dessa forma, as descontinuidades tópicas, tanto as marcadas quanto as não marcadas, operam como possibilidades na construção de sentidos na interação linguageira.

Ana Larissa Adorno Marciotto Oliveira e Marisa Mendonça Carneiro, no capítulo Sobre o potencial semântico-pragmático das hashtags, constatam que o hibridismo entre a fala e a escrita é exponencialmente elevado na comunicação digital e que há um acúmulo de representações semióticas. Diante disso, propõem um estudo que identifica o potencial semântico e pragmático das hashtags, que são elementos constitutivos do texto virtual. Para a análise, as autoras traçam um panorama geral das características semântico- pragmáticas do texto digital, para apresentar um estudo das hashtags baseado no grau de contribuição destas para a formulação do conteúdo proposicional dos textos digitais. Resultados da pesquisa sugerem que as hashtags podem contribuir para a construção dos sentidos comunicados, indicando a intencionalidade das trocas comunicativas nas quais estão presentes. Nesse sentido, o estudo evidencia que, em interações mediadas pelo ambiente digital, as hashtags são usadas de modo múltiplo, ora para atenuar, ora para intensificar os sentidos propostos, além do que há, quase sempre, forte elemento intersubjetivo.

O trabalho "O uso de minimizadores nos diálogos do seriado Friends: um estudo à luz da Teoria da Polidez", de Bárbara Malveira Orfanò e Leonardo Pereira Nunes, apresenta um exame de como o trabalho de face pode ser observado linguisticamente pelo uso de elementos de polidez (minimizadores) em corpus oral composto por diálogos em língua inglesa extraídos da série de comédia televisiva Friends. Ao comparar esses diálogos com o Santa Barbara Corpus of Spoken English (SBCSE) (variante dialetal norte-americana) e o Limerick Corpus of Irish English (L-CIE) (variante dialetal irlandesa), a pesquisa revela que o corpus do seriado Friends apresenta um número considerável de minimizadores se comparado aos corpora SBCSE e L-CIE. Os autores entendem que essa é uma evidência de que os falantes do seriado estão tão atentos às questões de face quanto os falantes dos corpora de referência, o que atende às expectativas da audiência ao conferir ao programa um senso de realidade e naturalidade.

Em Estratégias discursivas de preservação de face em ofícios expedidos em ambiente militar, Edelvais Brígida Caldeira, Fernanda Avelar e Raquel Rossini consideram que os conceitos de polidez e de preservação de face são importantes para uma análise das estratégias discursivas empregadas em ofícios no âmbito militar. O corpus de análise está composto por 22 ofícios expedidos em organização militar (ofícios para civis, para militares de patente inferior e para militares de patente superior) e, como resultado, o estudo verificou uma correlação entre os tipos de estratégias utilizadas, negativas ou positivas, e a posição hierárquica do militar que expediu o documento.

Assim, no primeiro tipo de ofício (para civis), foram utilizados em quantidade equivalente tanto os recursos de independência (face negativa) quanto os de envolvimento (face positiva). No segundo tipo de ofício (para militares de patente inferior), houve pouco uso de estratégias de preservação de face positiva, com minimização da ameaça de face por meio de estratégias linguísticas de independência (face negativa). No terceiro tipo de ofício (para oficiais de patente superior), foi identificado um número maior de estratégias discursivas de preservação de face negativa.

Em A nominalização deverbal como estratégia complexa de polidez em artigos científicos brasileiros, Ana Larissa Adorno Marciotto Oliveira, Gustavo Ximenes Cunha e Monique Vieira Miranda partem da hipótese de que o trabalho de face é uma dimensão essencial da construção do discurso, tanto na modalidade oral quanto escrita, pelo que sustentam que a nominalização empregada na escrita de textos acadêmicos, especificamente artigos científicos, pode funcionar como estratégia complexa de polidez. Baseados em corpus composto por artigos científicos escritos em português, os autores concluem que a nominalização, por permitir a omissão do agente responsável pelo processo verbal nominalizado, pode desempenhar diversas funções em artigos científicos, tais como impor ao leitor, de modo menos direto e, portanto, menos agressivo, a veracidade dos resultados da pesquisa, ocultar o autor e colocar a pesquisa em primeiro plano, o que sugere que o foco deve estar na pesquisa ou no desenvolvimento da área dos conhecimentos em que o artigo se insere, além de condensar processos complexos, com economia de dispêndio de esforço cognitivo e tempo pelo leitor.

Por fim, devemos dizer que o livro, objeto desta resenha, oferece uma excelente visão das diferentes possibilidades teórico-metodológicas aptas a conduzirem pesquisas profícuas a partir das noções goffmanianas e de suas releituras, em especial, tendo como ponto de partida a noção de trabalho de face. Trata-se de uma obra de referência fundamental para pesquisadores interessados no estudo da linguagem em uso nos mais diferentes gêneros discursivos, seja na modalidade falada ou escrita, verbal ou não verbal, eis que o trabalho de face está presente em todo enunciado produzido em interação e constitui um de seus pilares estruturais.

Referências Bibliográficas

Goffman, Erving. 1967. Interaction Ritual: essays on the face-to-face behaviour, New York, Pantheon Books [ Links ]

Nota de aceptación: Este texto ha sido aceptado para publicación por el único Director-Editor de la revista, Adolfo Elizaincin, quien ha actuado de acuerdo a lo establecido en la “Declaración de comportamiento ético de la revista Lingüística ( https://www.mundoalfal.org/sites/default/files/revista/Declaración_comp_etico.pdf ), primer párrafo del capítulo “Obligaciones del Director-Editor. A esta declaración deben adherir, explícitamente, el Director-Editor, los árbitros y los autores.

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