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Lingüística

On-line version ISSN 2079-312X

Lingüística vol.28 no.1 Montevideo Dec. 2012

 

Lingüística

Vol. 28, diciembre 2012: 275-276

ISSN 2079-312X en línea

ISSN 1132-0214 impresa

 

 

 

Rosa Virginia Mattos e Silva

(1940- 2012)

 

 

Rosa Virgínia Mattos e Silva faleceu no dia 16 de julho de 2012, segunda-feira, pela manhã, em casa, às vésperas de completar 72 anos, em Salvador/BA. Um ataque cardíaco fulminante: a melhor forma para quem vai e a pior para quem fica. Um susto! Acabara de participar de um encontro do GEL, em São Paulo, fazendo uma conferência, transferindo, mais uma vez, para outros o seu saber. Colegas, de dentro e de fora do país, perdem um interlocutor sem igual.

Nosso último encontro foi na UFBA, por ocasião do Concurso de Titular de um outro colega, seu ex-orientando. Convivemos por mais de 50 anos, desde o final da década de 1950, então contemporâneas no curso de Letras Anglo-germânicas, na antiga Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia. A convivência se estendeu ao Mestrado (1963-1965) na Universidade de Brasília, onde estudamos, trabalhamos e moramos juntas, até seu casamento com Pedro Agostinho. Depois que saiu da UNB, Rosa fez imediatamente o Doutorado na USP (1971) e esteve durante algum tempo em Portugal - sempre produzindo - enquanto eu vim para a Universidade Federal do Rio de Janeiro e aqui fiz o Doutorado. Aproximamo-nos de novo, geograficamente, quando veio cumprir um programa de pós-doutoramento (1981) com Celso Cunha, aqui na UFRJ. Nas férias, durante todos esses anos, sempre que possível, nunca faltou uma conversa, na ilha de Itaparica.

Partilhamos várias experiências, bons e maus momentos. Divergimos algumas ou várias vezes, muito mais na forma de agir que nas idéias. Aparentemente calma e serena, era firme nas suas convicções, dona de espírito crítico aguçado, de ironia sutil. Um estilo mais controlado, embora contundente, desafiador. Exemplo de profissional, de disciplina ímpar de trabalho, nada lhe tirava a concentração no estudo. Foi e continuará sendo, por muito tempo, a maior especialista, de sua geração, em estudos diacrônicos, de que nunca se afastou, por nenhum modismo eventual.

Sua produtividade foi marcante, tanto no nível pessoal - teve quatro filhos - quanto no acadêmico, como a vasta obra comprova. Sua produção científica está mais concentrada no português medieval, com incursões na Dialectologia, na Sociolinguística, na Linguística indígena, na política de ensino da língua portuguesa e em outras áreas do saber. Era líder de pesquisa, reconhecida nacional e internacionalmente, pesquisadora 1A do CNPq. Para resumir, parafraseando um trecho do Livro das Aves, do século XIV, em cuja edição colaborou, deitava de si ''aguas de sabença e de grandes entẽdimentos come de vaso cheo''.

Uma grande perda para a família, amigos, alunos, equipe de trabalho, colegas, estudiosos da língua em geral, teóricos ou não. É triste pensar que não vamos poder mais contar com a sua colaboração no Projeto ‘Para uma história do português brasileiro’ e em projetos futuros. Nada a lamentar: seu exemplo e sua contribuição para o conhecimento da língua portuguesa permanecem e estarão sempre à disposição dos atuais e dos futuros estudiosos da nossa língua. E voltando ao Livro das Aves: ''Ca o que bõõ he sempre sse paga da bõa cõpanha pera aprender sempre deles bõõs custumes e boas façanhas''.

 

                                                             Dinah Callou

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