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Páginas de Educación

versión On-line ISSN 1688-7468

Pág. Educ. vol.8 no.2 Montevideo dic. 2015

 


UTILIZAÇÃO DE PERIÓDICOS COMO REFERENCIAL TEÓRICO NAS DISSERTAÇÕES E TESES SOBRE A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES (2010-2014)

The Use of Journals as Theoretical Background in Dissertations and Theses about Teacher Continuous Training (2010-2014)

Sandra Helena Schiavon*, Elza Fagundes da Silva** y Joanita do Rocio Artigas***


RESUMO. A finalidade do presente artigo é avaliar a utilização de periódicos nas pesquisas sobre formação continuada de professores em dissertações e teses on-line disponíveis no Portal CAPES no período de 2010-2014. Trata-se de pesquisa exploratória, com abordagem quantitativa. O material de análise e referência foi constituído pelas dissertações e teses dos Programas de Mestrado e Doutorado em Educação no Brasil, no período de 2010 a 2014, disponíveis no portal de domínio público – Biblioteca Digital, da CAPES e selecionadas pelos descritores “Formação de Professor” e “Formação continuada do professor”. Os resultados mostram que apenas 12,1% das pesquisas sobre formação do professor utilizam os periódicos como referencial teórico. Conclui-se que a utilização de periódicos no campo da pesquisa acadêmica ainda é incipiente e muitos pesquisadores ainda utilizam periódicos sem nível de impacto ou não indexados. Uma das limitações do estudo foi a utilização de apenas uma base de dados para a coleta das dissertações e teses que continham os descritores selecionados. É de extrema importância divulgar, entre os pesquisadores, que a utilização de periódicos como referencial bibliográfico pode fornecer estudos mais recentes dos temas a serem investigados.


Palavras-chave: formação de professor, periódicos científicos, classificação qualis, teses, pesquisa.

ABSTRACT. The purpose of this article is to evaluate the use of journals in research on continuing education of teachers in online dissertations and theses available in CAPES Portal for the period 2010 - 2014. This is an exploratory research with a quantitative approach. The analysis material and reference was made up of dissertations and theses of Master and Doctorate in Education in Brazil in the period 2010 to 2014, available in the public domain portal - Digital Library, CAPES and selected the descriptorTeacher Training ". The results show that only 12.1% of the research on teacher training using the journals as a theoretical framework. We conclude that the use of journals in the academic research field is still in its infancy and many researchers still use periodic high of impact or not indexed. One limitation of the study was the use of only a database for the collection of dissertations and theses containing the selected descriptors. It is extremely important to disclose, among researchers, that the use of periodicals as bibliographic references can provide more recent studies of the issues to be investigated.


Keywords: teacher training, scientific journals, qualis rating, theses, research.


Aceptado el 10 de setiembre de 2015.

Revisado el 8 de agosto de 2015.

Aceptado el 15 de marzo de 2015.

 

A produção científica, intelectual, acadêmica ou do conhecimento, não é de interesse apenas do pesquisador, mas deve atender às necessidades sociais de determinadas comunidades (Noronha, 2002). Desse modo, as instituições de ensino têm, como um de seus principais objetivos, transmitir os conhecimentos gerados por meio de suas linhas de pesquisa.

A partir daí constitui-se a produção cientifica, na qual se sustenta a base on-line de dissertações e teses desenvolvidas pela pesquisa educacional. Trata-se de um importante referencial teórico e mesmo um indicador de produção acadêmica, disponibilizados para a prática de pesquisa entre estudantes de graduação e de pós-graduação.

As Instituições de ensino buscam disponibilizar sua produção científica para tornar públicas as pesquisas desenvolvidas. No entanto, nem todas as instituições conseguiam ter toda sua produção científica disponível on-line, fosse por falta de tecnologia ou pela não permissão dos autores para disponibilizá-las na íntegra. O fato de não existir obrigatoriedade para que os Programas de Mestrado e Doutorado mantivessem uma biblioteca digital para divulgação de sua produção acadêmica, dificultava a divulgação dos resultados das pesquisas e privava a comunidade científica de conhecer o que estava sendo pesquisado.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é uma agência de fomento à pesquisa brasileira que atua na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados do país. Com o objetivo de tornar públicas as informações bibliográficas das teses e dissertações defendidas nos programas de pós-graduação do Brasil, a CAPES instituiu a obrigatoriedade das instituições de disponibilizarem sua produção científica.

Assim, considerando o artigo 20, inciso II, do Estatuto aprovado pelo Decreto nº 4.631, de 21 de março de 2003, e considerando as manifestações do Conselho Técnico-Científico verificadas no ano de 2005 que indicavam que a produção científica discente é um relevante indicador da qualidade dos programas de mestrado e doutorado, não aferível apenas através da publicação seletiva nos periódicos especializados, em 15 de fevereiro de 2006 a CAPES publicou a Portaria n° 13 que instituiu a divulgação digital das teses e dissertações produzidas pelos programas de doutorado e mestrado reconhecidos no Brasil.

A partir de então, todos os programas de pós-graduação stricto sensu no país passaram a manter arquivos digitais, acessíveis ao público por meio da Internet, para divulgação de dissertações e teses de final de curso. Ainda, os alunos devem entregar sua tese ou dissertação em formato eletrônico para publicação no site da CAPES. Com esta medida as Instituições podem disponibilizar a sua produção, trazendo a público os resultados de suas pesquisas, democratizando o acesso ao conhecimento científico.

Os Programas de Mestrado e Doutorado passam por avaliações legais regularmente e entre muitos critérios de avaliação, um deles é o da produção científica, o que exige que os alunos publiquem artigos, capítulos de livros e apresentem trabalhos em eventos, dando maior peso e credibilidade para o programa avaliado. O meio mais tradicional para a divulgação dessa produção são os artigos publicados em periódicos científicos. Dessa forma, para Bégault (2009), os periódicos desempenham diversas funções na comunicação científica, como “divulgação de pesquisas e arquivamento, retenção de propriedade intelectual, controle de qualidade científica, e avaliação de pesquisadores” (92), além de mostrar o estado da arte de uma área específica.

Pesquisadores que publicam em periódicos científicos conseguem mais visibilidade do que aqueles que defendem suas dissertações ou teses e estas ficam restritas aos acervos das bibliotecas das instituições, pois o periódico é o meio mais eficaz de divulgar sua produção e colocar o pesquisador em evidência.

Para Tardif e Lessard (2005), os professores constituem, em razão do seu número e da função que desempenham, um dos mais importantes grupos ocupacionais e uma das principais peças da economia das sociedades modernas. De acordo com Imbernón (2011) “a docência comporta um conhecimento pedagógico específico, um compromisso ético e moral e a necessidade de dividir a responsabilidade com outros agentes sociais” (30). Como ela exerce influência sobre outros seres humanos, não pode nem deve ser uma profissão meramente técnica de “especialistas infalíveis” que transmitem unicamente conhecimentos acadêmicos. Portanto, a formação de professores é um requisito essencial para o ensino, pois, conforme preconiza Nóvoa (1992) “não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica sem uma adequada formação de professores” (9).

Entretanto, sabe-se que a formação inicial por vezes não dá conta de preparar os futuros docentes para o exercício em sala de aula, até mesmo porque os desafios atuais são grandes. Segundo Gatti (2009), “a estrutura e o desenvolvimento curricular das licenciaturas não têm mostrado inovações e avanços que permitam ao licenciando enfrentar o início de uma carreira docente com uma base consistente de conhecimentos, sejam os disciplinares, sejam os de contextos socioeducacionais, sejam os das práticas possíveis, em seus fundamentos e técnicas” (92).

Nesse sentido, compreender a formação docente incide na reflexão fundamental de que para o professor, pelo fato de ser um profissional que trabalha com pessoas, torna-se imperioso estar em constante processo de formação, na busca de conhecimento por meio de processos que deem suporte à sua prática pedagógica e social. Para tanto, entende-se que a formação continuada deve servir de suporte para a constante formação do professor, deve ser um processo que acompanha o professor por toda sua vida profissional.

Na atualidade, a Formação Continuada de Professores no Brasil tem sido posta como uma questão chave na árdua busca de transformação dos protagonistas em sala de aula, e por essa razão, cada vez mais presente no âmbito das pesquisas educacionais. Esse interesse decorre da necessidade premente de se entender o que pode ser reconhecido como um bom ensino por parte dos professores e também a real necessidade de que a Formação Continuada de Professores, em diferentes instâncias, sejam elas políticas, sociais, acadêmicas vem demonstrando que é imperiosa a qualificação e valorização dos profissionais da educação. As informações circulam e se transformam com uma velocidade alarmante. Da mesma forma, a área da educação está sendo desafiada a refletir sobre como incorporar essas mudanças no processo educativo das gerações a que atende. Isso leva a refletir sobre quais mudanças para os alunos e para a docência esses novos tempos trazem.

Para que o professor possa acompanhar as mudanças resultantes do mundo globalizado, faz-se necessário o investimento em formação continuada e permanente. Nessa ótica, de acordo com José Carlos Libâneo (2004), a formação continuada do professor em programas de pós-graduação pode ser vista como uma forma de complementação, aprofundamento e até mesmo atualização de conhecimentos, bem como ser uma forma de possibilitar ao profissional a reflexão de sua prática pedagógica, articulando a teoria e a prática. Assim, a formação continuada pode ser vista como uma forma de auxiliar na continuidade do desenvolvimento do docente ao fazer com que ele se torne um professor reflexivo de seu próprio saber.

Por essa razão percebe-se hoje, a preocupação com a formação do professor como pesquisador, isto é, no sentido da formação do profissional reflexivo, que reflete sobre sua ação, firmando-a na atividade de pesquisa. Nesse contexto Selva Garrido Pimenta (2005) destaca que é uma tendência significativa do ensino a prática reflexiva nas pesquisas em educação, com a valorização da produção do saber docente da prática, fazendo da pesquisa um instrumento de formação de professores em que o ensino é o ponto de partida e de chegada da pesquisa.

Entendemos que a formação do professor pesquisador é um processo contínuo e nesse sentido, consideramos que pode a formação inicial começar este movimento de instigar o docente à pesquisa desde a graduação. Assim, há primeiramente que se destacar que o professor-pesquisador seguindo as palavras de Donald Schon (2000) é aquele que adota uma postura reflexiva fundada no conhecimento na ação, a reflexão na ação e a reflexão sobre a reflexão na ação. Já no entendimento de Paulo Freire (1996), ser professor-pesquisador não é uma qualidade ou uma forma de atuar que se acrescenta a de ensinar. Pois faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. Ainda, segundo o autor (1996), a prática docente diz respeito ao “movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer” (38-39).

A pesquisa é um importante instrumento para o trabalho docente já que a forma do professor trabalhar (convencional) vem se alterando em razão das mudanças no campo do trabalho, cada vez mais adepta a novas tecnologias, nos novos meios de se obter informações e dos novos conceitos de conhecimentos. Em decorrência há uma alteração de se perceber os saberes pedagógicos e didáticos, a maneira de formação dos profissionais da área, bem como o entendimento de se perceber o processo de aprendizagem, os métodos de ensino e as técnicas, já que, conforme afirma Libâneo (1991) “o trabalho docente é uma atividade consciente e sistemática, em cujo centro está a aprendizagem ou os estudos dos alunos sob a direção do professor” (222).

Sabemos que a formação docente é construída historicamente antes e durante o percurso profissional do professor e a abordagem sócio-histórica, é também construída no social. Assim a formação desse profissional, constitui-se de teorias e das práticas que envolvem o seu dia-a-dia.

Existem muitos estudos sobre a interação entre prática e teoria, mas apesar de todas essas pesquisas os resultados não são satisfatórios, pois a ideia de um mundo globalizado traz para a sociedade atual o desafio de se transformar a educação. Nesse sentido é imprescindível que as universidades e demais instituições de ensino repensem a formação inicial dos profissionais da educação havendo a necessidade de uma articulação efetiva entre teoria e a prática para que os futuros professores saiam da graduação, capazes de atuar em sala de aula como agentes de mudança dentro do espaço escolar e da sociedade, haja vista que o professor é o elemento que fundamenta a concretização do acesso ao saber e por ser ele o principal responsável pela mediação desse saber.

A prática de pesquisa é um elemento central para a formação docente, há a necessidade de se institucionalizar essa prática, ou seja, torná-la um processo que incorporado ao trabalho de investigação cientifica passe a compor a cultura da prática educativa. Nesse sentido há que se disponibilizar e ofertar meios e materiais necessários para que a prática de pesquisa seja construída, há que se destacar o uso de periódicos na construção desse processo de formação do pesquisador.

Neste contexto, é relevante analisar a utilização de artigos de periódicos na elaboração de dissertações e teses na área de formação de professores, pois se é uma exigência que alunos e docentes tenham uma produção científica relevante, nada mais correto do que utilizarem também este meio de divulgação para a fundamentação de suas pesquisas. Quando se pensa na formação de professores, visualiza-se um contexto em que a pesquisa seja algo de total importância. Para Lucíola Santos, as relações entre pesquisa e ensino têm sido muito discutidas nos últimos anos, sobretudo em decorrência do desenvolvimento do campo da pesquisa nas universidades, resultante, em grande parte, da consolidação dos programas de pós-graduação (2008: 11).

Assim, a finalidade do presente artigo é avaliar a utilização de periódicos nas pesquisas sobre formação continuada de professores em dissertações e teses on-line disponíveis na Base de Dissertações e Teses do Portal da CAPES no período de 2010- 2014. Justifica-se assim, pensar e estudar o papel dos periódicos na fundamentação teórica e na pratica pedagógica para a formação continuada de professores e avaliar em que medida o uso dos periódicos pode enriquecer as pesquisas na área da educação.


METODOLOGIA


Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa quantitativa e o material de análise e referência foi constituído pelas dissertações e teses dos Programas de Mestrado e Doutorado em Educação no Brasil, no período de 2010 a 2014. Para desenvolver a pesquisa, realizou-se uma busca eletrônica das dissertações e teses dos programas de pós-graduação no Brasil, disponíveis na Base de Dados de Dissertações e Teses do Portal da CAPES.

O primeiro passo envolveu a definição da questão que orientasse e justificasse a pesquisa e a definição de descritores para efetuar a busca, utilizamos o descritor “Formação de professor” entre aspas para que a pesquisa trouxesse resultados mais precisos. O segundo passo envolveu a localização e seleção dos estudos com o objetivo de mapear quantas pesquisas utilizaram artigos de periódicos para sua fundamentação teórica, quais os periódicos mais utilizados e qual sua classificação Qualis, de acordo com os critérios estabelecidos pela CAPES. Foram incluídos na pesquisa todos os estudos produzidos entre 2010 e 2014 que contivessem o descritor selecionado. Foram excluídos os estudos produzidos fora do período preestabelecido. No passo seguinte, as dissertações e teses selecionadas foram avaliadas em relação à utilização de artigos de periódicos no referencial teórico.

A CAPES (2007), estabelece que Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados pela Capes para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. Tal processo foi concebido para atender as necessidades específicas do sistema de avaliação e é baseado nas informações fornecidas por meio do aplicativo Coleta de Dados. Como resultado, disponibiliza uma lista com a classificação dos veículos utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação da sua produção. A estratificação da qualidade dessa produção é realizada de forma indireta.

A pesquisa para a classificação Qualis está disponível no endereço http://qualis.capes.gov.br/webqualis/principal.seam com a possibilidade de fazer a pesquisa pelo número de ISSN, título e classificação/área de avaliação do periódico; este recurso é de grande importância para o pesquisador, pois para publicar seus artigos é possível fazer uma pesquisa prévia de qual título está melhor avaliado, dando peso e credibilidade para a publicação do pesquisador.

Após a análise, obteve-se um panorama acerca da utilização dos artigos de periódicos, foco da presente pesquisa, com a intenção de verificar se esse veículo de informação é relevante para o pesquisador; além disso, levantar quais os periódicos mais utilizados na elaboração do referencial teórico nas dissertações e teses na área de formação de professores no Brasil.

ANÁLISE DOS RESULTADOS


No período estabelecido para a pesquisa no banco de dados da CAPES foram encontradas 12 trabalhos que incluíam os descritores “Formação de professor” e “Formação continuada de professor”, sendo 7 dissertações de mestrado e 5 teses de doutorado, sendo que 50% foram publicados em 2012. Não foram encontrados trabalhos contendo o descritor escolhido nos anos de 2010 e 2014. Apenas 1 dissertação não utilizou periódicos no referencial teórico, como apresentado na Tabela 1:



O Qualis afere a qualidade dos artigos de periódicos, a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos. A classificação de periódicos é realizada pelas áreas de avaliação e passa por processo anual de atualização. Esses veículos são enquadrados em oito estratos indicativos da qualidade - A1, o de nível de impacto mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C - com peso zero. Note-se que o mesmo periódico, ao ser classificado em duas ou mais áreas distintas, pode receber diferentes avaliações. Isto não constitui inconsistência, mas expressa o valor atribuído, em cada área, à pertinência do conteúdo veiculado. Por isso, não se pretende com esta classificação que é específica para o processo de avaliação de cada área, definir qualidade de periódicos de forma absoluta.

Os estudos avaliados envolveram 635 referências, sendo que 77 citações envolviam a utilização de 41 periódicos (12,1%). Metade dessas citações eram de periódicos Qualis A (50,64%), ou seja, de alto nível de impacto e com utilização de metodologia rigorosa para o Brasil. Os periódicos classificados como Qualis B, de médio nível de impacto, constituíram 24,68% das citações. Os periódicos Qualis C, sem valor de impacto, constituíram 6,49% das citações. Entretanto, um nível significativo de citações (24,68%) foram retiradas de periódicos não indexados e sem classificação Qualis, como pode ser observado na tabela 2.

 

 

A informação científica é o alicerce para o desenvolvimento social, educacional e técnico-científico de um país, pois por meio dela, toma-se conhecimento do que está sendo investigado em diversas áreas do conhecimento. Com a produção científica, as instituições acadêmicas divulgam não só o conhecimento por elas produzido, como as realizações de seus professores-pesquisadores.

No entanto, este conhecimento produzido deve ser confiável e a confiabilidade é um fator muito importante no desenvolvimento de uma pesquisa, sendo necessário que esteja fundamentada em literatura científica e que apresente resultados com credibilidade. Como ressalta Campello (2003), o conhecimento científico difere do popular pela utilização de rigorosa metodologia que é submetida ao julgamento de seus pares, o que lhe confere confiabilidade.

Com esta finalidade, a CAPES instituiu a classificação Qualis para determinar o nível de confiabilidade e a credibilidade das pesquisas realizadas no país. Desse modo, a CAPES disponibiliza a consulta às pesquisas dos programas de pós-graduação produzidas pelas diversas instituições universitárias do país e publicadas em periódicos classificados do nível de impacto, o que pode trazer credibilidade e peso para a sua pesquisa e ao programa de pós-graduação ao qual elas estão vinculadas.

Os pesquisadores devem divulgar o resultado de suas pesquisas utilizando meios que tragam resultados que possam ser aplicados e contribuir para a geração de novo conhecimento, dai a suma importância de registrar estas pesquisas e publicá-las para que toda a comunidade científica saiba o que está sendo investigado e tenha acesso à produção científica mais recente.

Por essas razões, é de extrema importância que os artigos de periódicos sejam utilizados como fonte de pesquisa para a fundamentação teórica de dissertações e teses, pois eles contêm a produção científica de todo o país. Para Béatrice Bégault (2009), o grau de seriedade científica para que o pesquisador seja reconhecido como tal é o que torna o artigo científico a forma principal de comunicação acadêmica. Os resultados alcançados por determinado pesquisador e publicados em periódicos de bom nível de impacto são frequentemente retomados por outros cientistas, teóricos ou aplicados, que dão continuidade ao estudo, fazendo avançar a ciência ou produzindo tecnologias ou produtos neles baseados (Campello, 2003: 25). O pesquisador não deve trilhar um caminho solitário, pois quanto mais ele interage com outros pesquisadores, mais aprende e torna sua pesquisa mais rica. Para Bernadete Gatti (2005) o avanço dos conhecimentos só é possível pela realização das investigações cientificas, feitas pelos grupos de referência, pelas trocas, intercomunicação, disseminação de propostas e achados de investigação.

No entanto, embora a CAPES tenha instituído a obrigatoriedade de disponibilização de teses e dissertações produzidas no país em seu banco de dados e as instituições universitárias tenham como exigência a publicação das pesquisas dos alunos da pós-graduação sob a forma de artigo, esta pesquisa mostra que apenas 12,1% dos pesquisadores utilizam os periódicos como referencial teórico de suas investigações.


Conclusão


O exercício da docência deve encarar o conhecimento como algo inacabado e processual. Além disso, diante do cenário e da demanda educacional brasileira, é praticamente impossível pensar na melhora da qualidade de ensino sem levar em conta a formação dos professores, entre outros fatores. Por isso, a discussão em torno da formação de professores é, atualmente, tema constante no cenário social e acadêmico do país.

Joana Romanowski (2007) considera que, entre os desafios para uma política de formação de professores, insere-se a “formação continuada, desenvolvida durante o exercício profissional, a valorização, o reconhecimento social e a constituição da pesquisa na área” (8). Por isso, a formação do profissional se dá no decorrer da sua carreira e exige um longo período, necessitando do conhecimento que decorre da prática, além do conhecimento especializado, pedagógico e das práticas de pesquisa científica.

O referencial teórico é a base que sustenta qualquer pesquisa científica. Antes de avançar, é necessário conhecer o que já foi desenvolvido por outros pesquisadores. Assim, o estudo da literatura, principalmente dos artigos publicados em periódicos com bom nível de impacto, contribui na definição dos objetivos do trabalho, nas construções teóricas, no planejamento da pesquisa, comparações e validação.

Os resultados deste estudo mostram, no entanto, que nas pesquisas sobre formação de professores, a cultura da inclusão de artigos publicados em periódicos como referencial teórico é ainda incipiente. Sendo esta uma área de grande interesse dos pesquisadores e com grande número de publicações, torna-se necessário conscientizar o pesquisador para a utilização de periódicos como referencial teórico como forma de estar em contato com as produções relevantes mais recentes.

Conclui-se que a utilização de periódicos no campo da pesquisa acadêmica ainda é incipiente e muitos pesquisadores ainda utilizam periódicos sem nível de impacto ou não indexados. Uma das limitações do estudo foi a utilização de apenas uma base de dados para a coleta das dissertações e teses que continham os descritores selecionados. É de extrema importância divulgar, entre os pesquisadores, que a utilização de periódicos como referencial bibliográfico pode fornecer estudos mais recentes dos temas a serem investigados.


REFERENCIAS


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* Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Didática do Ensino Superior pela Pontificia Universidade Católica do Paraná. Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Coordenadora Técnica do Sistema de Bibliotecas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.


** Graduada em Letras Português e Espanhol pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Ensino e Aprendizagem pela UNICLAR - SP, Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.


*** Graduada em Letras Português pela Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE. Especialista em Informática – uma mudança na escola pela Faculdade Católica de Santa Catarina e Especialista em EAD pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC/Florianópolis. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.


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