Transtornos mentais são caracterizados por alterações clinicamente significativas na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que interferem em atividades sociais e profissionais (American Psychiatric Association (APA), 2022). Os transtornos mentais representam quatro das dez principais causas de incapacidade para trabalhar no mundo (Mota, Silva, y Amorim, 2020). No Brasil, os índices de prevalência de transtornos mentais na população adulta variam de 20% a 56% (Santos y Siqueira, 2010). A nível global, há evidências de que 15% da população adulta empregada é afetada por distúrbios mentais, sendo os transtornos depressivos e de ansiedade os mais prevalentes na população (Organização Mundial da Saúde (OMS), 2022).
As pessoas que apresentam um transtorno mental nem sempre recebem o tratamento de que necessitam (Dalgalarrondo, 2018). Um dos motivos para isso está relacionado às dificuldades de procura por serviços de saúde. Apenas um terço das pessoas com transtornos mentais procuram ajuda profissional (Horsfield et al., 2020). Outros fatores que interferem na busca por tratamento são o estigma ou desconhecimento da doença, características da personalidade, a falta de treinamento das equipes da atenção básica para a identificação dos casos e até a falta de informações por parte da população sobre os transtornos mentais e os tratamentos disponíveis e adequados a cada tipo de situação (Samartzis y Talias, 2019).
Pacientes com transtornos mentais frequentemente desejam saber mais sobre sua condição (Morán-Sánchez, Gómez‐Vallés, Bernal‐López, y Pérez‐Cárceles, 2019). Estes pacientes podem fazer o uso da Busca de Informações sobre Saúde (BIS), que se refere a um comportamento proposital para obter, esclarecer ou confirmar um conhecimento específico. Este conceito envolve o tipo de conhecimento sobre saúde buscado, a quantidade de conteúdo desejada, as fontes de informação utilizadas e as ações decorrentes desse processo (Zimmerman y Shaw Jr, 2020).
Uma forma de contribuir para este cenário é identificar as Fontes de Informações sobre Saúde Mental (FISM) preferidas pelas pessoas para auxiliar profissionais da saúde a ampliar a disseminação e o impacto do seu conhecimento de forma mais rápida e efetiva (Silva, Rodrigues, Oliveira, y Dias, 2021). Todavia, pouco se sabe sobre as FISM preferidas pela população brasileira. Logo, o objetivo deste estudo é identificar as FISM preferidas por uma amostra de adultos brasileiros, destacando as diferenças de preferência no que se refere ao sexo, idade, renda, presença de sintomas de depressão, ansiedade, estresse e fatores de personalidade.
Método
O delineamento utilizado nesta pesquisa é o levantamento, de corte transversal. Este caracteriza-se por apresentar uma descrição quantitativa de tendências, atitudes ou opiniões de uma amostra de determinada população. Este estudo faz parte de um projeto mais abrangente sobre psicoeducação no contexto universitário.
Participantes
Participaram desse estudo 828 pessoas (77,4% do sexo feminino). A idade dos participantes variou de 18 a 76 anos (M= 28,75; DP= 9,46). A maioria dos participantes morava no Rio Grande do Sul (63,0%), enquanto o restante da amostra residia no estado de São Paulo (7,0%), Santa Catarina (5,3%), Rio de Janeiro (4,5%), Minas Gerais (4,1%), Paraná (3,9%) e outros estados brasileiros (12,2%). Quanto à escolaridade, 41,8% possuíam ensino superior incompleto e 58,1%, superior completo. Os critérios de inclusão foram: possuir 18 anos ou mais e escolaridade mínima ser Ensino Superior Incompleto (em função de se tratar de um recorte de uma pesquisa maior que necessitava dessa especificidade). Os indivíduos que não atendiam todos esses critérios foram excluídos da amostra.
Instrumentos
Questionário de caracterização dos participantes e fontes de informações.
Este questionário foi elaborado especificamente para a pesquisa realizada. Continha questões sobre sexo, idade, escolaridade e renda. Também havia uma questão sobre as FISM preferidas pelos participantes com as opções de resposta: Internet (conteúdo on-line, independente da fonte), mídia impressa (revistas e jornais), livros e artigos científicos, consulta formal com profissionais da saúde (rede pública ou privada), contato informal com profissionais da saúde (amigos e familiares que são profissionais da saúde), palestras e cursos, familiares e amigos (independente da formação). Os participantes podiam selecionar quantas FISM quisessem.
Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse - Versão reduzida (EDAE-r;Lovibond y Lovibond, 1995;Machado, 2013)
Esta escala contém 21 itens que avaliam sintomas relacionados à depressão, ansiedade e estresse. Os itens estão divididos em três dimensões (depressão, ansiedade e estresse) com sete itens cada. Os participantes devem responder conforme uma chave de respostas de quatro pontos que vai de 0 (não se aplica a mim) a 3 (se aplica a mim, na maior parte do tempo). Os pontos de corte desta escala indicam severidade dos sintomas de acordo com cinco categorias: normal, suave, moderado, severo e extremamente severo. Alguém que se enquadre na categoria suave está acima da média da população, mas abaixo da de pessoas que costumam buscar ajuda profissional (Lovibond y Lovibond, 1995). Esta escala possui validade convergente e discriminante aceitáveis (Lovibond y Lovibond, 1995). Na versão adaptada para o Brasil, foram encontrados índices satisfatórios de fidedignidade: 0,85 para a subescala de ansiedade, 0,89 para a de estresse e 0,91 para a de depressão (Machado, 2013). Neste estudo, o alpha de Cronbach foi 0,89 para a escala de ansiedade, 0,90 para a de estresse e 0,91 para a de depressão.
Big Five Inventory - Versão reduzida (Big-5;Hauck-Filho, Machado, Teixeira, y Bandeira, 2012).
Esta escala é uma versão reduzida de um instrumento maior desenvolvido por Hutz et al. (1998). Contém 25 adjetivos descritores da personalidade dentro do modelo dos Cinco Grandes Fatores: Extroversão (α = 0,83), Socialização (α = 0,79), Conscienciosidade (α = 0,79), Neuroticismo (α = 0,69) e Abertura (α = 0,61). Os alfas informados foram encontrados no presente estudo. Para responder, os participantes deveriam indicar o grau de concordância em uma escala de sete pontos (1= discordo totalmente; e 7 = concordo totalmente).
Procedimentos
A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria. A divulgação da pesquisa foi realizada por meio de redes sociais e listas de e-mail. Foram informados os objetivos e procedimentos do estudo, bem como os riscos e benefícios. Aqueles que concordaram em participar assinalaram ciência e concordância com o TCLE e responderam aos instrumentos de coleta on-line.
Os dados foram analisados no programa SPSS versão 21.0. Foram realizadas análises descritivas para caracterização da amostra. No que se refere à idade, a amostra foi dividida em dois grupos: a) participantes com 18-29 anos e b) participantes com 30 anos ou mais. O critério utilizado para esta divisão foi a faixa etária correspondente à adultez emergente (18-29 anos), que apresenta características distintas da adultez propriamente dita (Arnett, Žukauskienė, y Sugimura, 2014). As diferenças entre variáveis de faixa etária, sexo e renda foram verificadas pelo teste de associação qui-quadrado.
Já quanto à definição da presença de sintomas de depressão, ansiedade e estresse, a amostra foi dividida em quatro grupos: a) sem sintomas, b) com sintomas de depressão, c) com sintomas de ansiedade, d) com sintomas de estresse. O critério para definição de presença ou ausência de sintomas foi apresentar escore moderado, severo ou extremamente severo no EDAE-r conforme sugerido por Lovibond e Lovibond (1995): escore igual ou maior que sete na subescala de depressão, escore igual ou maior que seis na de ansiedade, e escore igual ou maior que 10 na de estresse. Como as pessoas podem apresentar sintomas de mais de um quadro psicopatológico, é possível que um mesmo participante tenha sido alocado em mais de um grupo. Foi realizada uma análise de associação entre as variáveis qualitativas com as variáveis de preferência. Para isso, foi feito o teste de associação qui-quadrado. Nos casos de associação significativa (p<5%) foi feita a análise dos resíduos ajustados padronizados para encontrar as categorias que estão associadas.
No que se refere às subescalas do Big-5, realizou-se a análise da comparação de escores do Big-5 (45 testes). Primeiramente, foi feito o teste de normalidade S-W. Não foi possível confirmar normalidade na maioria dos casos. Dessa forma, optou-se pelo teste não paramétrico U de Mann-Whitney. Portanto, as medianas dos grupos são diferentes entre os dois grupos nos testes com resultado significativo (p<5%).
Resultados
De maneira geral, as FISM preferidas pelos participantes deste estudo foram Internet, livros e artigos científicos, consulta formal e informal com profissionais da saúde. Houve associação significativa das características sociodemográficas dos participantes com a preferência e não preferência por determinadas FISM, que serão detalhadas a seguir.
Sexo
A Tabela 1 mostra a comparação das FISM preferidas por sexo dos participantes. Foi realizado um teste qui-quadrado de independência. Os resultados da análise para a comparação sexo/FISM com diferença significativa foram encontrados em três instâncias: artigos científicos, palestras e mídia impressa. Em relação aos artigos científicos, 63,2% das mulheres demonstraram preferência por essa FISM em comparação a 51,4% dos homens (p = 0,004). Com palestras, foi observada diferença significativa (p < 0,001), com 35,4% mulheres com essa preferência, em comparação com 21,6% dos homens. Quanto às mídias impressas, a diferença (p = 0,010) seguiu o padrão anterior, com 16,2% das mulheres escolhendo essa FISM, em comparação com 8,6% de homens. Em ambos os sexos, a preferência pela Internet como FISM prevalece (mulheres = 68,2%; homens = 70,8%). Ainda, a FISM familiares é a de menor preferência para ambos os sexos, com 13,3% das mulheres e 8,1% dos homens escolhendo essa FISM.
Idade
A Tabela 2 demonstra a comparação entre os grupos de participantes no que se refere à preferência e à não preferência por FISM em relação à idade de cada participante. Os participantes, independentemente da idade, sinalizaram maior preferência pela Internet, seguido por livros e artigos científicos e consultas formais com profissionais de saúde. Em relação aos resultados da análise de qui-quadrado para a comparação idade/FISM com diferença significativa foram encontrados em três instâncias: consultas informais com profissionais de saúde, mídia impressa e amigos. As consultas informais com profissionais de saúde apresentaram diferença significativa (p < 0,001) entre os participantes mais novos (45,2%) e os mais velhos (31,7%), de forma que os primeiros preferem recorrer mais a esta FISM. A preferência por mídia impressa foi significativamente maior (p = 0,005) entre participantes mais velhos (19,4%) em comparação aos participantes mais novos (12,1%). Já a FISM amigos foi maior (p = 0,028) entre os mais novos (20,7%) em comparação com os mais velhos (14,4%).
Renda
A Tabela 3 demonstra a comparação entre os grupos de participantes no que se refere à preferência e à não preferência por FISM em relação à renda de cada participante. Todos os grupos demonstraram maior preferência pela internet, seguido por artigos científicos e consultas formais com profissionais de saúde. Nota-se que os participantes com renda superior a 7.000 reais não preferem FISM como mídia impressa e internet.
Em relação aos resultados da análise de qui-quadrado para a comparação da relação renda/FISM, os que apresentaram diferença significativa foram: internet e mídia impressa. A preferência pela internet foi maior (p = 0,038) na faixa de renda entre 5.000 e 7.000 reais (74,8%) em comparação com os outros grupos. No que se refere à mídia impressa, essa FISM foi maior (p = 0,029) na faixa de renda até 1.000 reais (22,2%) em comparação com os outros grupos.
Sintomas de Depressão, Ansiedade e Estresse
A Tabela 4 apresenta os resultados dos testes qui-quadrado para avaliar a relação entre a presença de sintomas de depressão, ansiedade e estresse, e a ausência de sintomas, em relação às diferentes FISM. Resultados significativos surgiram em participantes com sintomas de ansiedade e sintomas de estresse. Foi realizado teste qui-quadrado, onde os participantes com sintomas de ansiedade apresentaram diferenças significativas quando comparados aos outros grupos, na preferência da internet (p = 0,042), consulta com profissional de saúde, tanto formal (p = 0,019) quanto informal (p = 0,035). Os participantes com sintomas de estresse apresentaram diferenças quando comparados com outros grupos em relação à preferência de consulta informal com profissional de saúde (p = 0,042) e amigos (p = 0,037). Participantes com presença de sintomas de depressão ou ausência de sintomas de depressão, ansiedade e estresse não apresentaram associações significativas.
Fatores da Personalidade (Big-5)
A Tabela 5 apresenta os resultados do teste de U Mann-Whitney para avaliar a relação entre os fatores de personalidade e preferências por diferentes FISM. Para a consulta informal com profissionais de saúde em específico, todos os fatores de personalidade apresentaram resultados significativos.
Com a realização de um teste U de Mann-Whitney, foi investigada a relação entre a preferência pela consulta informal com profissionais da saúde e extroversão (p = 0,008), sociabilidade (p = 0,008), conscienciosidade (p = 0,047), neuroticismo (p = 0,006) e abertura à experiência (p = 0,015). Para além da consulta informal, o fator extroversão não apresentou diferença em relação às outras FISM. O fator sociabilidade apresentou diferença em relação à preferência por palestras (p = 0,003) e amigos (p = 0,022). Quanto ao fator conscienciosidade, este apresentou diferença (p = 0,001) em comparação com outros fatores, na preferência pela internet. Já em relação ao fator de personalidade neuroticismo, houve diferença (p = 0,009) em relação à consulta formal com profissionais de saúde. Por fim, o fator abertura à experiência apresentou diferença em três instâncias: preferência por artigos científicos (p = 0,015), consulta forma com profissional da saúde (p = 0,038) e palestras (p = 0,029).
Discussão
A Internet pode ser considerada uma fonte de informação sobre saúde mental acessível, além de proporcionar uma busca anônima (Soroya, Farooq, Mahmood, Isoaho, y Zara, 2021). O uso da Internet para fins de informações em saúde pode ser, inclusive, um correlator positivo com a prática de comportamentos saudáveis (Kim, Shin, Kim, y Lee, 2023). Contudo, a credibilidade das informações depende do website consultado (Chang, Zhang, y Gwizdka, 2021). A legibilidade dos sites de saúde gera preocupação. À medida que a Internet fica mais lotada, competindo pela atenção dos usuários, as empresas turvaram os limites entre o conteúdo editorial e patrocinado, confundindo e complicando ainda mais a busca por informações de saúde confiáveis e de qualidade on-line (Mannan, Ahamed, y Zaman, 2019). Por isso, é necessário compreender como o uso da Internet para problemas de saúde mental impacta nas consultas médicas dos jovens e sua confiabilidade nela (Li, Cui, Kaminga, Cheng, y Xu, 2021).
Artigos científicos, geralmente acessados via Internet, sugerem maior credibilidade das informações, uma vez que são escritos por profissionais especializados no assunto. Porém, a acessibilidade dessa fonte pode ser restrita e condicionada ao pagamento quando os artigos são de revistas comercializadas. Já consultas a profissionais da saúde podem ser uma fonte de credibilidade e precisão, pois as informações podem ser personalizadas a cada caso (Samartzis y Talias, 2019), embora a acessibilidade dependa de fatores financeiros para agendar um atendimento (consulta formal) ou de conhecer alguém com a formação profissional requerida (consulta informal).
Pode ser percebido que a escolha das FISM utilizadas varia conforme a presença de sintomas de depressão, ansiedade, estresse ou a ausência de sintomas dessas condições clínicas. O comportamento de não buscar informações sobre saúde mental pode ser explicado de duas formas diferentes. O grupo que não apresenta sintomas pode costumar não buscar informações justamente pela falta de um estímulo (presença de sintomas e necessidade de informações sobre eles) que motive esse comportamento. Já os participantes dos grupos que apresentam sintomas podem não buscar informações sobre eles como uma forma de evitação ou negação dessa condição (Samartzis y Talias, 2019). Porém, acredita-se que sofrer de estresse psicológico é um indicador de busca de informações na Internet (Bosanac y Luic, 2021).
A maior parte dos participantes deste estudo que apresentam sintomas de alguma condição clínica estudada parece buscar informações sobre saúde mental em múltiplas fontes. O acesso a fontes diferentes pode sugerir o desejo de adquirir tantas informações quanto possível, complementar ou mesmo verificar a validade das informações obtidas na primeira fonte consultada. Conversas com familiares e amigos também podem ser uma forma de dar sentido às informações encontradas na Internet. Nesses casos, a busca de informações sobre saúde mental pode ser considerada como uma estratégia de enfrentamento focada no problema ou mesmo uma forma de participar das decisões sobre o tratamento sugerido pelo profissional (Oliveira y Dias, 2023; Zimmerman y Shaw Jr, 2020).
Considerações finais
O objetivo deste estudo foi identificar as fontes de informações sobre saúde mental preferidas por uma amostra de adultos brasileiros. As FISM preferidas pelos participantes deste estudo foram Internet, livros e artigos científicos, consulta formal e informal com profissionais da saúde. No entanto, foram encontrados resultados significativos (p<5%) quando as preferências são associadas a outros fatores, como sexo, idade, renda, a presença ou ausência de sintomas de depressão, ansiedade e ansiedade, e fatores de personalidade.
Este estudo apresenta algumas limitações que devem ser consideradas na interpretação dos resultados. A primeira é que a amostra é composta exclusivamente por pessoas com escolaridade superior incompleta e completa. A segunda diz respeito à distribuição da amostra em grupos de sintomas. Foi realizado rastreamento de sintomas de depressão, ansiedade, estresse a partir de instrumentos de autorrelato e utilizados pontos de corte indicados pela literatura, de forma que a presença de sintomas não significa diagnóstico de determinado transtorno. Também é possível que um indivíduo esteja em mais de um grupo de sintomas e que indivíduos classificados como não apresentando sintomas apresentem sintomas de outras condições clínicas não investigadas.
Mesmo assim, espera-se que os resultados sejam úteis para transmissão de informações sobre saúde mental à população. A divulgação de informações sobre saúde mental nas fontes de informação mais utilizadas pelo público-alvo pode contribuir para a busca de atendimento quando necessário e para melhor enfrentamento da condição clínica. Os profissionais da saúde também podem orientar seus pacientes sobre fontes confiáveis para obter informações complementares (websites confiáveis, artigos científicos, cartilhas, panfletos) sobre cada caso, já que a utilização de diversas fontes de informação sobre saúde mental parece ser mais a regra do que a exceção.