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Ciencias Psicológicas

Print version ISSN 1688-4094On-line version ISSN 1688-4221

Cienc. Psicol. vol.14 no.2 Montevideo  2020  Epub June 12, 2020

https://doi.org/10.22235/cp.v14i2.2229 

Artigos Originais

Revelar-se homossexual: percepções de jovens adultos brasileiros

Revelarse homosexual: percepciones de jóvenes adultos brasileños

Daniel Alberto A. Souza1 
http://orcid.org/0000-0002-3922-4170

Geysa Cristina Marcelino Nascimento1 
http://orcid.org/0000-0002-7359-866X

Fabio Scorsolini-Comin2 
http://orcid.org/0000-0001-6281-3371

1 Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Brasil

2 Universidade de São Paulo. Brasil danielalbertoas@gmail.com; geysanascimento@terra.com.br; fabioscorsolini@gmail.com


Resumo:

Considerando as novas perspectivas acerca da homossexualidade masculina e feminina e do processo de coming out, o objetivo do presente estudo foi investigar as percepções de jovens homossexuais brasileiros acerca do processo de revelação da orientação sexual no contexto familiar. Trata-se de um estudo de casos múltiplos qualitativo. Foram entrevistados oito homossexuais (cinco gays e três lésbicas), com idade média de 26 anos. As entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo, na qual foram construídas categorias a posteriori, destacando-se semelhanças e diferenças entre os casos. Diante do processo de coming out em um contexto heterossexista, o indivíduo pode fazer desse evento um momento de silenciamento e vergonha, além de lidar com o sentimento de culpa. A família e os amigos constituíram a principal rede de apoio diante da revelação da homossexualidade, rede esta considerada fundamental após o coming out.

Palavras-chave: coming out; comportamento sexual; homossexualidade; família

Resumen:

En vista de las nuevas perspectivas sobre la homosexualidad masculina y femenina y del processo de coming out, el objetivo de este estudio fue investigar las percepciones de jóvenes homosexuales brasileños sobre la revelación de la orientación sexual en el contexto familiar. Se trata de un estudio de casos múltiples apoyado en el enfoque cualitativo. Fueron entrevistados ocho homosexuales (cinco gays y tres lesbianas), con edad media de 26 años. Las entrevistas fueron sometidas a análisis de contenido, en el que las categorías se construyeron a posteriori, destacando las similitudes y diferencias entre los casos. Ante el processo de coming out en un contexto heterosexista, el individuo puede hacer de ese evento un momento de silenciamiento y vergüenza, así como lidiar con el sentimiento de culpa. La familia y los amigos constituyeron la principal red de apoyo ante la revelación de la homosexualidad, red ésta considerada fundamental después del coming out.

Palabras clave: coming out; comportamiento sexual; homosexualidad; familia

Abstract:

Considering the new perspectives on male and female homosexuality and the coming out process, the aim of this study was to investigate the perceptions of young Brazilian homosexuals about the coming out on the family relationships. This is a study of multiple cases supported by the qualitative research approach. Eight homosexuals (five gays and three lesbians) were interviewed, with an average age of 26 years old. The interviews were submitted to content analysis, in which categories were constructed a posteriori, highlighting similarities and differences between the cases. In front of coming out process in a heterosexist context, the individual can make this event a moment of silence and shame, as well as deal with guilt. Family and friends constituted the main support network in front of homosexual disclosure, considered fundamental after coming out.

Keywords: coming out; sexual behavior; homosexuality; family

Durante séculos, a homossexualidade foi vista como pecado, perversão, desvio, doença e crime. Muitos homossexuais viveram sua homossexualidade de modo clandestino ou silenciosamente, uma vez que, se não fosse desse modo, poderiam ser alvos de diferentes tipos de violência física ou psicológica (Lira & Morais, 2017). Nos tempos atuais, é possível observar uma maior pluralidade nos modos de expressar a sexualidade no que tange às relações tanto afetivas quanto de intimidade sexual. Isso é resultado, entre outros, das mudanças culturais e históricas dos padrões que delimitam as relações sociais (Nascimento, Scorsolini-Comin, Fontaine, & Santos, 2015; Pereira, Torres, Pereira, & Falcão, 2011; Prado & Machado, 2008; Simões & Facchini, 2009).

Com os processos de industrialização, desenvolvimento socioeconômico e urbanização na segunda metade do século XX, as identidades lésbicas e gays ganharam representatividade em sua estruturação em todo o Ocidente, inclusive no Brasil. Desse modo, é importante ressaltar o processo de construção social do movimento homossexual e o modo como as lutas e direitos foram buscando espaços na metade do século XX até os dias atuais (Molina, 2011). De acordo com Conde (2004), os movimentos sociais na década de 1960, como o feminismo e os movimentos de liberação sexual, impulsionaram o movimento homossexual, que passou a lutar por seus direitos diante do Estado e por se distanciar das noções preconcebidas relacionadas à Igreja.

No Brasil, no final da década de 1970 e início de 1980, no período do regime militar, os movimentos sociais gays marcaram a história em busca não somente da visibilidade, mas também pelos direitos civis e de cidadania plena. Com o fim do regime militar surgiu um otimismo cultural, visando a um novo momento mais igualitário, justo e democrático inclusive em relação à expressão das homossexualidades (Conde, 2004; Franco 2009; Molina, 2011).

Pode-se afirmar que no Brasil o movimento gay iniciou-se em 1979, em São Paulo, havendo nos anos seguintes novos grupos e associações a partir da chegada do vírus HIV, visando à sua contenção. A partir desse marco, foram criados diversos cursos e grupos de prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST, que hoje são denominadas de IST - Infecções Sexualmente Transmissíveis), bem como ressaltaram a importância da educação como melhor forma de prevenção e orientação, obrigando a sociedade a discutir a sexualidade (Facchini, 2005; Ferrari, 2004; Franco, 2009). Em 1997 aconteceu a primeira Parada do Orgulho GLBTT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros) - hoje a sigla é LGBTTQI+ (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, queer, intersexualidade e símbolo que indica “mais”, que significa a abrangência a outras manifestações de sexualidade, como assexuais, pansexuais, não-binários, entre outros). Atualmente, a Parada do Orgulho LGBTTQI+ é uma das maiores do mundo (Cittadin & Lino, 2018). Ainda que muitos direitos tenham sido alcançados por essa população no Brasil desde então, como a adoção por casais do mesmo sexo e o casamento civil, ainda há preconceitos que se mantêm desde o século passado.

Mesmo com a maior diversidade nos modos de expressão da sexualidade na contemporaneidade, o coming out - revelação pública da própria orientação sexual - é um processo que pode ser muito difícil para alguns, devido à maneira como o homossexual ainda é visto na sociedade latino-americana. Outro termo importante nessa discussão é o outness - processo de autoaceitação de uma identidade homossexual para si mesmo, podendo ser ou não revelado para outras pessoas (Martins, Romão, Lindner, & Reis, 2010). No presente estudo, nosso foco recairá sobre o processo de coming out.

Na pesquisa realizada por Martins-Silva, Souza, Silva Junior, Nascimento e Balbi Neto (2012), que analisou os discursos produzidos por estudantes do último ano do ensino fundamental em escolas públicas e particulares acerca da homossexualidade, verificou-se que para a denominação de homossexuais são atribuídas majoritariamente características negativas, como, por exemplo “vergonha”, “safadeza” e “terrível”. Isso reflete os valores e pensamentos da sociedade acerca da homossexualidade que estão, de modo geral, organizados para caracterizá-la negativamente. Tal visão é resultado da influência da heteronormatividade da cultura vigente, que impõe um ideal de comportamento masculino e feminino, além de enxergar a heterossexualidade como algo essencial, determinado biologicamente, o que gera a estigmatização do não heterossexual, tratando-o como “anormalidade”. Quando essas normas heterossexistas são naturalizadas, o receio de como o fenômeno da revelação da orientação sexual repercutirá em sociedade pode causar dificuldades para o sujeito homossexual em seu processo de coming out (Foucault, 1988; Martins-Silva et al., 2012; Perucchi, Brandão, & Vieira, 2014; Silva & Nardi, 2011).

Os estudos de gênero visam a problematizar a perspectiva heteronormativa e essencialista ao proporem uma solução para o dilema do sistema binário sexo-gênero segundo o qual o sexo seria determinado pelo corpo, pelo aparato biológico, e o gênero como algo construído social e culturalmente. Para Butler (2003), o problema fundamental residiria no fato de, ao associarmos o sexo como um dado natural e o gênero como um dado construído culturalmente, produziríamos uma noção de gênero como uma essência do sujeito.

Essa inteligibilidade produziria determinadas performances situacionais de gênero que se apresentam como a modulação de identificações de gênero a partir do modelo binário homem e mulher. As definições de homossexualidade e de orientação sexual também seriam influenciadas por essas concepções, promovendo seu engessamento e enquadramento. Como efeito, emergiriam a segregação social e a homofobia, como se a orientação sexual não fizesse parte da dignidade humana (Rios, 2012; Souza, Cerquinho, Nogueira, & Melo, 2013).

O conceito de homofobia pode ser entendido como “um conjunto de práticas, crenças, dogmas, ideologias e discursos que visam afastar/excluir/discriminar toda e qualquer manifestação dissidente das normas heterossexuais aplicadas seja às práticas sexuais, seja ao gênero” (Castañeda, 2007, p. 146). Reconhecer a homossexualidade como uma forma de expressão da sexualidade humana saudável é essencial para que os homossexuais tenham mais qualidade de vida, não tendo que se preocupar com seu modo de ser, de viver as consequências que sua orientação sexual pode provocar no outro e na sociedade (Butler, 2003; Costa, Machado, & Wagner, 2015; Louro, 2004).

Diante da possibilidade de se investigar as mudanças que ocorrem na vida do indivíduo que revelou sua homossexualidade, sob sua própria perspectiva, surge a oportunidade de buscar compreender quais são as maiores dificuldades que o homossexual possui para revelar sua orientação sexual, considerando as suas expectativas, bem como a forma que vivencia a si próprio, a própria vida e a própria rotina após o coming out, levando em consideração a significação desse fenômeno por parte do próprio sujeito, de sua família e da sociedade (Poeschl, Venâncio, & Costa, 2012; Ryan, Russell, Huebner, Diaz & Sanchez, 2010; Soliva & Silva Junior, 2014; Toledo & Teixeira Filho, 2013).

Essas repercussões do coming out também têm sido exploradas na literatura científica em sua interface com a saúde dessa população, notadamente de adultos jovens (Perucchi et al., 2014), buscando protegê-los em um contexto de forte vulnerabilidade representado pela possível maior exposição à homofobia, por exemplo (Lira & Morais, 2017). A partir de tais compreensões, é possível fazer reflexões acerca dos elementos que mais dificultam a revelação e como superá-los, assim como sobre as consequências que esse processo pode trazer. Partindo desse panorama, o objetivo do presente estudo foi investigar as percepções de jovens homossexuais brasileiros acerca do processo de revelação da orientação sexual no contexto familiar.

Método

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo de casos múltiplos qualitativo (Yin, 2005). Teve como cenário uma pesquisa maior que objetivou investigar de que modo a revelação da orientação sexual de jovens adultos homossexuais tem repercutido na dinâmica familiar, na perspectiva dos pais e irmãos do homossexual (Nascimento, 2018). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem dos dois primeiros autores. Segundo a legislação brasileira, este estudo se baseou na Resolução nº 466, de 12/12/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que trata dos riscos e dos benefícios para as pesquisas envolvendo seres humanos. A organização e redação deste estudo qualitativo seguiu as diretrizes do protocolo COREQ (Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research).

Participantes

Foram entrevistados oito homossexuais de ambos os sexos, com idade entre 18 e 39 anos, que revelaram aos familiares a sua orientação sexual homoafetiva. A idade média foi de 26 anos. Na composição da amostra, optou-se pela inclusão de jovens adultos que tivessem outros membros também participando da pesquisa (pais, mães e irmãos) e relatando as repercussões do processo. Assim, participaram do estudo maior oito famílias, sendo que, para o presente estudo, apenas as narrativas dos jovens adultos homossexuais foram alvo de análise, priorizando as vozes dos sujeitos focais.

Instrumentos

Para a coleta dos dados, foi utilizada uma entrevista semiestruturada, aplicando um roteiro com perguntas acerca dos objetivos do estudo. Em linhas gerais, foram questionados dados referentes ao assumir-se homossexual para o indivíduo, às repercussões do coming out na família e em sociedade e à identificação das redes de apoio presentes na história de vida de cada participante, além de questionamentos relacionados às suas rotinas e vivências.

Procedimento

Coleta de dados. A pesquisa iniciou-se após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem dos autores. O contato inicial com os participantes se deu a partir de convites em redes sociais e por meio das redes de contatos dos pesquisadores. Nessas ocasiões, foram explicitados os objetivos do estudo e os termos do trabalho. Os interessados em participar voluntariamente leram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) da pesquisa e, estando de acordo, foram agendadas entrevistas com os possíveis participantes. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas. Tal método prioriza a ampliação do tema, estabelecendo, em contextos diversos, os aspectos comuns e as particularidades de cada entrevista. As entrevistas individuais ocorreram no serviço-escola de Psicologia ao qual estavam vinculados os autores e foram realizadas face a face, em datas e horários previamente acordados com os participantes.

Todas as entrevistas foram conduzidas por uma pesquisadora cis, heterossexual e que já havia realizado investigações anteriores nessa temática, possuindo repertórios sociais tanto em relação ao assunto em tela quanto experiência na condução desse tipo de entrevista. Antes da realização da entrevista, os participantes atestaram a sua anuência por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Nesse documento explicitou-se que os nomes utilizados na pesquisa seriam fictícios, bem como o ambiente na qual a entrevista seria realizada respeitava o conforto e segurança do entrevistado e das informações. Também foi levado em consideração o fato de que, mesmo não correndo nenhum risco em participar da pesquisa, alguns conteúdos abordados poderiam proporcionar algum tipo de desconforto psicológico. Caso isso ocorresse, foi disponibilizada a possibilidade desses participantes conversarem com o pesquisador responsável, também psicoterapeuta. Nenhum participante solicitou qualquer tipo de atendimento ou acompanhamento após a entrevista. As entrevistas foram audiogravadas, mediante o consentimento do participante, e transcritas na íntegra e em sua totalidade para posterior análise, compondo o corpus.

Análise dos dados. As entrevistas foram codificadas por meio da análise de conteúdo (Bardin, 2011), composta por técnicas de pesquisa que concedem, de maneira sistemática, a descrição das mensagens e das atitudes ligadas ao enunciado, assim como as inferências acerca dos dados coletados. Essa codificação ocorreu primeiramente em cada entrevista, produzindo categorias a partir dos sentidos trazidos por cada participante e, em um segundo momento, utilizando a totalidade das entrevistas, a fim de identificar semelhanças e diferenças nos relatos para subsidiar a discussão. Esse processo de codificação foi feito por dois pesquisadores independentes, sendo revisado por um terceiro juiz, orientador da pesquisa. A análise de conteúdo produziu categorias a posteriori, ou seja, revelando movimentos e sentidos a partir das falas dos respondentes. A interpretação dessas categorias se deu a partir dos estudos disponíveis sobre homossexualidade, gênero, família e rede de apoio (Antunes & Machado, 2005; Cadieux & Chasteen, 2015; Costa et al., 2015; Delgado, Vega, Gutierrez, Zaffirri & Ramirez, 2016; Diamond & Shpigel, 2014; Frigo et al., 2014; Lomando, Wagner & Gonçalves, 2011; Nunan, 2010; Ortiz-Hernández, 2005; Ryan et al., 2010; Sedgwick, 2007; Soliva & Silva Junior, 2014).

Resultados e Discussão

Nesta seção, primeiramente serão trazidos os dados de caracterização da amostra e apresentação dos casos. Posteriormente serão discutidas as categorias produzidas a posteriori a partir do processo analítico descrito no Método, que resultou em duas categorias principais: (a) Vivências da própria homossexualidade e seus possíveis desdobramentos e (b) O processo de coming out e as redes de apoio.

Na caracterização dos participantes foram utilizados nomes fictícios. As idades variaram de 22 a 34 anos, sendo dois casados e seis solteiros, como pode-se observar na Tabela 1, que também traz dados acerca da religião e da etnia.

Tabela 1: Caracterização dos participantes por nome fictício, idade, estado civil, religião e etnia (N=8) 

Ao falarem acerca dos sentimentos antes do coming out, os participantes apontaram diversas dificuldades e emoções negativas, tais como sofrimento, medo, culpa, frustração, insegurança e o temor de que as pessoas mais próximas se afastariam caso soubessem da sua orientação sexual. Artur conta que, diante de suas primeiras experiências homossexuais, “não sabia lidar com isso, e aí foi tudo muito confuso e bem perturbador, era muito frustrado e muito inseguro” e, por isso, tinha um comportamento “muito agitado, muito rebelde”. Gisele relatou que suas maiores dificuldades, durante o processo de revelação, ocorreram ao se deparar com o fato de que estava se sentindo atraída por pessoas do mesmo sexo - o que não era esperado por ela mesma. Antônio passou por dificuldades para se aceitar, sendo que foi, inclusive, necessário ressignificar sua ideia negativa sobre a homossexualidade. Bruno disse que, apesar de ter uma boa relação com seu pai, que mora em outra cidade, não contou a ele sobre sua homossexualidade, por depender dele financeiramente e ter receio de perder esse apoio. Pedro também depende financeiramente de seu pai e, mesmo este sabendo de sua orientação sexual, não leva seu namorado em casa, com receio de provocar conflitos. Já para Marina, um dos principais fatores que lhe gerou receio em revelar foi o preconceito com homossexuais em seu meio profissional.

Nota-se que o coming out causou sensações como “alívio” e “liberdade”, pois os participantes passaram a não mais ter que esconder sua orientação sexual, tampouco ter que assumir identidades sexuais que não lhes representam. Em alguns dos casos, a “saída do armário” proporcionou mudanças na forma como o homossexual era tratado dentro de sua família, modificando a dinâmica familiar de modo a receber mais apoio por parte dos familiares. Pedro, Caio e Bruno contaram que se sentiram “livres” por não terem que esconder o que pensam e o que fazem dos outros, tampouco se preocuparem com o que os outros pensam acerca deles. Sofia disse que se sentiu melhor por não ter mais de “guardar para si” o que sentia, poder falar sobre isso para outras pessoas, além de não ter mais de mentir para seus pais, pois o fazia quando ia para a casa de sua namorada, o que lhe causava angústia. Gisele e Antônio falaram do sentimento de “alívio” por revelar. Para Gisele, esconder sua orientação sexual foi “extremamente cansativo, manter (...) em segredo. Então (revelar) é tirar 300 quilos das costas, quando descobrem o seu segredo”.

Por outro lado, em alguns casos, os entrevistados relataram emoções negativas ao revelar. Artur relatou que teve “algumas surpresas muito negativas” e que precisou aprender a conviver com pessoas que acreditava não terem preconceitos. Além disso, alguns entrevistados tiveram que lidar com o fato de a notícia da homossexualidade não ser bem recebida de imediato pelos familiares, o que será relatado a seguir.

Segundo os participantes, boa parte das pessoas com quem conviviam tiveram uma reação positiva diante da revelação. Artur expressa que trocou a frustração, o medo e a insegurança por paz e segurança, já que contou com o apoio de seus familiares, da comunidade religiosa da qual fazia parte e da escola onde estudava. Pedro se via “totalmente diferente em relação a antes”, após assumir, e não teve problemas relacionados à aceitação por parte de seus familiares e pessoas mais próximas, reconhecendo que “antes não fazia e deixava de fazer tudo, de falar, de conversar, de viver (...). Agora, depois que você não precisa fingir nada ou esconder nada é outra coisa”. Antônio contou que aqueles que sabem de sua orientação sexual o respeitam e não sentiu tratamento diferente deles depois de revelar. Bruno relatou que esperava encontrar grandes dificuldades, o que não ocorreu, já que sua mãe e irmã aceitaram bem sua condição: “elas (mãe e irmã) tentam se aproximar mais de mim, querendo que eu me abra mais, querendo saber mais da minha vida”. Marina também observou que seus familiares se aproximaram dela após assumir, com o temor de que ela entrasse em depressão diante do processo.

Por outro lado, houve casos em que a informação da revelação não foi bem recebida por familiares dos entrevistados. A mãe de Pedro demonstrou “incômoda” com a notícia, no primeiro momento. A mãe de Sofia inicialmente ficou “nervosa” e “chorando” diante da situação, e seu pai sequer quis falar sobre o assunto, o que a fez pensar que “ele ia me ignorar, que não ia falar mais comigo”. Gisele chegou a pensar em sair de casa, pois estava encontrando dificuldades nos relacionamentos familiares. Quando tomou a decisão de ir morar sozinha, sua mãe passou a aceitar e a convivência em casa ficou melhor. A entrevistada relata não se importar com a opinião das outras pessoas sobre isso, e também que não se sente diferente após o processo de coming out, já que “não mudou seu jeito de vestir, de se comportar e de falar com as pessoas”. Marina também teve algumas dificuldades no início do seu processo de coming out, sentindo tristeza em alguns momentos, ao relatar: “(a mãe) ria e olhava pra mim e falava ‘você não é isso, você não sabe o que você quer da sua vida’”.

Vivências da própria homossexualidade e seus possíveis desdobramentos

Indivíduos estigmatizados estão expostos a ameaças à sua autoestima. Estereótipos de que os homossexuais são inferiores e que possuem defeitos de caráter moral são ocasionalmente manifestados por algumas instituições sociais (algumas famílias e escolas, segmentos da igreja e do estado) e alguns meios de comunicação de massa. Diante do outness, o sujeito pode sentir o receio em revelar, mantendo o sigilo e a discrição quanto à sua sexualidade, e assim reprimindo o que sente (Martins et al., 2010). Além disso, pode chegar até mesmo a questionar seu próprio valor como indivíduo, situação que pode se associar à depressão, vergonha, culpa, medo, desconfiança, insegurança, ansiedade, queixas psicossomáticas, sentimentos de solidão, frustração, isolamento social, dificuldade de estabelecer e manter relacionamentos amorosos, violência doméstica, comportamento sexual de risco, abuso de álcool e drogas, transtornos alimentares e comportamento ou ideação suicida (Herek, Cogan, Gillis, & Glunt, 1997; Louro, 2004; Miskolci, 2009; Nunan, 2010; Prado & Machado 2008; Ryan et al., 2010; Sedgwick, 2007).

“Descobrir” o desejo por uma pessoa do mesmo sexo é uma tarefa complexa que envolve uma teia de sentimentos e medos. Essa descoberta se dá quando o indivíduo percebe que não se encaixa em muitas das características que deveria ter, segundo preceitos familiares e sociais heteronormativos e sexistas. Espera-se que o homem, por exemplo, seja forte, não chore, interesse-se por mulheres, que tenha filhos para dar continuidade ao sobrenome, entre outros atributos e atuações (Costa et al., 2015; Frigo et al., 2014; Maffesoli, 2007). Devido ao medo da rejeição familiar e social, suposta consequência do ato de “assumir-se”, muitos jovens têm receio de fazê-lo, o que pode causar danos emocionais que se arrastarão por toda uma vida - como, por exemplo, depressão, ansiedade, não conseguir manter relacionamentos estáveis e saudáveis, ter uma vida sexual de riscos, entre outros -, marcando profundamente sua subjetividade, tendo em vista que a revelação é tida como libertadora (Lomando et al., 2011; Miskolci, 2009; Puckett, Woodward, Meireish, & Pantalone, 2015). O medo dos jovens tem como pano de fundo perguntas que, associadas com a certeza de que seus desejos não estão nos braços de um oposto sexual, são feitas em forma de queixas, sendo formuladas diante de algo considerado “errado”. Perguntas como: “Cadê a(o) namorada(o)?”, “Quando você vai namorar?”, “Quando você vai me dar netos?” tornam-se mais coercitivas quanto mais os jovens se esquivam da trajetória que lhes é imposta (Oliveira, 2013; Soliva et al., 2014). Ademais, tais questionamentos podem ser vivenciados como uma violência tanto diante do processo de outness quanto da possível opção por silenciar diante das expectativas sociais construídas em relação à orientação sexual desses jovens.

Quando ocorre essa “descoberta”, muitos jovens se veem confrontados com o medo da rejeição que muitas vezes ocorre no coming out, podendo vivenciar o momento da revelação com silenciamento e sentimento de vergonha. Isso foi vivenciado por Artur, por exemplo, que teve seu outness ainda na infância, em um período cujo tabu acerca da homossexualidade era ainda maior em comparação com os dias atuais; por Bruno, que esperava uma reação negativa de sua família ante a revelação; e também por Marina, que temia ser estigmatizada no âmbito profissional. O ocultamento da homossexualidade vai se tornando, com o passar do tempo, tarefa cada vez mais difícil e dolorosa (Soliva et al., 2014). Tal fator contribui para que a chamada saída do armário seja tão libertadora, em alguns casos.

Além disso, segundo Sedgwick (2007), “até entre as pessoas mais assumidamente gays, há pouquíssimas que não estejam no armário com alguém que seja pessoal, econômica ou institucionalmente importante para elas” (p. 22). É o caso de Bruno, por exemplo, que não contou de sua homossexualidade ao seu pai pelo temor de deixar de receber seu apoio financeiro. Essa afirmação reforça a ideia de que o medo de causar reações negativas com a revelação e consequentemente sofrer prejuízos levam alguns a esconderem sua orientação sexual. Nesse caso em específico, o apoio financeiro da família de origem é um marcador que atravessa a decisão de Bruno por manter-se “no armário” apenas para o genitor, temendo pela ruptura em relação ao apoio social recebido por parte dessa figura.

O sentimento de culpa após o outness foi outro aspecto apontado na coleta de dados. Diante do quadro atual, persiste a aprendizagem e internalização dos significados negativos associados à homossexualidade e à transgressão dos papéis de gênero, o que é chamado de preconceito internalizado. Isso pode levar à rejeição de sua própria orientação sexual (Ortiz-Hernández, 2005). Uma vez que há um estereótipo forte e pernicioso dos homossexuais em sociedade, há uma tendência de membros da comunidade LGBTQ+ os tomarem para si, produzindo sentimentos negativos sobre a própria identidade, como a culpa por experienciar desejos por pessoas do mesmo sexo (Antunes et al., 2005; Nunan, 2010). Tal circunstância foi vivida por Antônio, cuja ideia de homossexualidade estava associada a aspectos como infecções sexualmente transmissíveis (IST), prostituição, promiscuidade e abuso de drogas, sendo necessário desconstrui-las para aceitar a própria orientação sexual. Assim, destaca-se que as dificuldades desses jovens se aceitarem não se devem apenas a elementos da própria subjetividade e das relações estabelecidas no microcosmo da família, mas do modo como o imaginário social acerca da homossexualidade é construído, perpetuado e transmitido nos mais diversos aspectos da socialização.

De acordo com uma pesquisa realizada por Delgado et al. (2016), os participantes experienciaram uma vida dupla: o “socialmente aceito” e o “anormal”. Por meio dos dados coletados, foi possível constatar que, em boa parte dos casos, a revelação causou sensações como “alívio” e “liberdade”, pois os participantes passaram a não mais ter que esconder sua orientação sexual, tampouco ter que assumir identidades sexuais que não lhes representam, como no caso de Pedro, Sofia, Gisele, Antônio, Caio e Bruno, por exemplo. A revelação da homossexualidade provoca alterações nos padrões de interação familiar pelo fato de o indivíduo não mais precisar se esconder. A existência de segredos na família tensiona as relações, engessa a espontaneidade e cria barreiras para que o segredo seja mantido, provocando distanciamento entre seus membros e a perpetuação de interditos em relação à sexualidade (Lomando et al., 2011). Sendo assim, em alguns dos casos, mudou-se o jeito de tratar o sujeito, mudando a dinâmica familiar, seja buscando que se abrisse mais, oferecendo apoio, dentre outras mudanças, como relatado por Bruno e Marina, por exemplo. Nota-se, a partir desses casos, que a família busca se reestruturar diante do coming out de um dos seus membros, havendo ajustes que podem ser mais ou menos conscientes e também promoverem maior ou menor bem-estar por parte desses jovens adultos.

O processo de coming out e as redes de apoio

As redes de apoio social consistem no conjunto de indivíduos e de grupos signif.icativos que compõem os elos de relacionamento recebidos e percebidos do sujeito, em que se fornecem diretamente entre si conexão, recursos (informação, conselho e assistência instrumental) e afirmação (noção de que o indivíduo é escutado e cuidado e que tem suas percepções, sentimentos, pensamentos e comportamentos valorizados) (Brito & Koller, 1999; Morais, Koller, & Raffaelli, 2012). Tais redes estão associadas ao bem-estar individual, sendo um fator fundamental para defrontar o estresse e as dificuldades físicas e emocionais (Masten & Garmezy, 1985; Morais et al., 2012; Rutter, 1987; Samuelsson, Thernlund, & Ringström, 1996).

No que diz respeito ao impacto causado pela homofobia, o apoio social está relacionado à menor depressão e ansiedade, maior satisfação com a vida e maior autoestima na população LGBTQ+ (Beals, Peplau, & Gable, 2009; Lehavot & Simoni, 2011). Além disso, a conexão com a comunidade LGBTQ+ também é apontada como um fator preditivo para a saúde psicológica, através de uma maior autoestima e sentimento de pertencimento (Lira, Morais, & Boris, 2016; Riggle, Whitman, Olson, Rostosky, & Strong, 2008).

Sendo a família comumente vista como um lugar de segurança e afeto, tê-la como uma rede de apoio social pode ser o mais esperado e desejado pelos homossexuais diante da revelação da sua orientação sexual (Perucchi et al., 2014; Silva, Frutuoso, Feijó, Valerio, & Chaves, 2015; Toledo, 2007). No entanto, por vezes, a família pode exercer um modelo hegemônico na sua estrutura e na sua organização, podendo reagir de modo negativo à conduta considerada “desviante” do membro e dispondo de mecanismos violentos físicos ou psicológicos, a fim de tentar enquadrar novamente esse indivíduo às regras do núcleo familiar (Ceballos-Fernández, 2014; Diamond et al., 2014; Perucchi et al., 2014).

Nota-se que é comum que a família reaja negativamente diante do processo de coming out do(a) filho(a) homossexual, respondendo à revelação com emoções como vergonha, raiva, tristeza e medo, além de exercer no indivíduo violência psicológica ou até mesmo física. Tais reações são normalmente causadas por diferentes fatores, como a influência do modelo social heteronormativo, o temor de o indivíduo ser marginalizado e estigmatizado, ou o fato de não saber lidar com a estranheza de ter um familiar com parceiros do mesmo sexo, antes de chegar, em certas situações, na aceitação do parente homossexual (Cadieux et al., 2015; Ceballos-Fernández, 2014; Diamond et al., 2014; Etengoff & Daiute, 2013; Perucchi et al., 2014, Poeschl et al., 2012; Toledo et al., 2013). Os casos de Artur, Pedro, Sofia, Gisele e Marina, por exemplo, demonstram resistências por parte de alguns dos seus familiares quanto à aceitação da orientação sexual. Tais resistências poderão ter distintos desfechos em cada caso, o que também deve ser acompanhado ao longo do tempo, permitindo que essas famílias possam assimilar melhor o processo e construir inteligibilidades próprias acerca da homossexualidade de um dos seus membros.

Considerando a família e os amigos como as principais redes de apoio social para o sujeito que assume a sua orientação sexual perante si mesmo e os outros (Frigo et al., 2014; Lomando et al., 2011), observa-se que, em episódios em que o homossexual pode encontrar conforto e segurança ao “sair do armário” diante destes, favorece-se uma dinâmica familiar e social positiva. Nesses casos, os vínculos entre ele e os outros são mantidos ou mesmo estreitados.

Artur, Pedro e Bruno mostram que suas vidas se tornaram melhores após o coming out em comparação a quando ainda “estavam no armário”, o que atribuem ao apoio que receberam de familiares e amigos. O mesmo pode ser dito sobre Antônio, que não teve nenhum problema após a revelação, já que sua orientação sexual sempre foi muito bem aceita por seus familiares. Assim, reforça-se que o apoio social promovido pela família pode contribuir para desfechos considerados mais adaptativos, favorecendo que a aceitação do processo de coming out promova maior proximidade entre os membros, em um importante indicador para a saúde mental desses indivíduos e consequente vivência da sexualidade de um modo menos fragmentado.

Considerações finais

A partir dos casos discutidos no presente estudo, foram assinaladas dificuldades por parte dos indivíduos homossexuais em lidarem com a própria orientação sexual e com o processo de coming out, levando em conta os modelos sociais de expressão da sexualidade estabelecidos. Nos relatos aqui reunidos, aventa-se que o medo da exposição seja calcado em possíveis consequências do coming out em família, como a desconstrução das expectativas em relação à expressão da sexualidade dos filhos, podendo promover a interrupção de apoio psicológico, financeiro e/ou institucional, a possibilidade de ser estigmatizado pela sociedade, dentre outros. Sendo assim, alguns acabam optando por esconder sua condição, sendo privados de expressar a própria subjetividade, o que poderia permitir uma vivência da própria sexualidade como ela realmente é, sem terem que reprimir o que sentem.

No que tange à rede de apoio do homossexual, como família e amigos, os homossexuais entrevistados relataram haver uma melhora em sua vida como um todo nas situações em que houve aceitação por parte dessa rede. Também passaram a ter menos medo, vivenciando o cotidiano com menos culpa e angústia, em uma experiência mais integrada e promotora de saúde. Assim, reforça-se a importância da rede de apoio a esses indivíduos no processo de coming out. Embora nem sempre a família possa ser considerada uma instância protetora por excelência, reforça-se a sua potencialidade para o acolhimento desses sujeitos em momentos de maior mobilização emocional, como o representado pelo compartilhamento do coming out.

Uma limitação do estudo foi o seu delineamento transversal, permitindo um acesso às transformações por meio das narrativas dos participantes a partir de um único momento. O fato de a coleta ter sido realizada em apenas um encontro pode ter inibido que outros dados e vivências fossem mencionados nas entrevistas. Sugere-se a realização de novos estudos com o intuito de expandir as falas dos entrevistados acerca de como vivenciam a si próprios no processo de outness e coming out, bem como entrevistar a rede desses participantes para também conhecer seu entorno. Com novas pesquisas nesse contexto, novas perspectivas podem ser discutidas, a fim de que questões relacionadas à homossexualidade sejam esclarecidas para que, assim, os tabus ainda existentes possam ser desconstruídos, operando um movimento de maior aceitação, maior cuidado e, consequentemente, de maior proteção desses jovens diante desse importante processo identitário.

Agradecimentos:

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Participação dos autores: a) Planejamento e concepção do trabalho; b) Coleta de dados; c) Análise e interpretação de dados; d) Redação do manuscrito; e) Revisão crítica do manuscrito. D.A.A.S. contribuiu em a, c, d; G.C.M.N. em a, b, c, d; F.S-C. em a, c, d, e.

Correspondência: Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Avenida dos Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, Ribeirão Preto-SP, CEP: 14040-902. Suporte: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Como citar este artigo: Sampaio, L. R., Oliveira, L. C. d, y Pires, M. F. D. N. (2020). Empatia, depressão, ansiedade e estresse em Profissionais de Saúde Brasileiros. Ciencias Psicológicas, 14(2), e2215. doi: https://doi.org/10.22235/cp.v14i2.2215

Editora científica responsável: Dra. Cecilia Cracco

Recebido: 19 de Março de 2019; Aceito: 12 de Junho de 2020

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