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Agrociencia Uruguay

On-line version ISSN 2730-5066

Abstract

FRESIA, P. et al. Perspectiva histórica e novas opções para o controle da mosca da bicheira Cochliomyia hominivorax no Uruguai. Agrocienc. Urug. [online]. 2021, vol.25, n.2, e974.  Epub Dec 01, 2021. ISSN 2730-5066.  https://doi.org/10.31285/agro.25.974.

“Mosca-da-bicheira” ou “bicheira” são nomes comuns utilizados no Uruguai e na região para Cochliomyia hominivorax (Diptera: Calliphoridae), principal agente etiológico de miíase primária. A miíase ocorre devido a infestação de animais vivos por larvas de dípteros que, pelo menos durante uma parte do desenvolvimento, se alimentam dos tecidos e fluidos do hospedeiro. A mosca-da-bicheira é um parasita obrigatório e os três estágios larvais se desenvolvem nos tecidos vivos de hospedeiros de sangue quente, incluindo o homem. Esse comportamento parasitário causa grandes perdas econômicas na pecuária, além de ser considerado um problema negligenciado de saúde pública. A espécie C. hominivorax é endêmica das regiões tropicais e subtropicais da América, mas foi erradicada da América do Norte e Central por um programa, que se estendeu por mais de 50 anos, de Manejo Integrado de Pragas em Áreas Extensas (em inglês AW-IPM) baseado na Técnica do Inseto Estéril (TIE). Desde 2004, mantém-se uma barreira em Darien, fronteira entre Panamá e Colômbia, onde são liberadas 14 milhões de moscas estéreis/semana, para evitar sua reintrodução. Devido ao impacto direto e indireto na economia nacional, a complexa logística e custo do controle baseado na TIE, o Uruguai atualmente está discutindo estratégias para sua erradicação. As perdas diretas por miíase no país oscilam entre USD 40-154 milhões anuais (i.e., 2-8% do PIB da pecuária). Atualmente, a FAO/IAEA (Food and Agriculture Organization of the United Nations/International Atomic Energy Agency) e USDA/COPEG/MGAP (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos/Panama United States Commission for the Eradication and Prevention of Screwworm/ Ministério de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai) tem trabalhado em propostas para a erradicação no Uruguai. A análise de custo - benefício de cada grupo indica um valor líquido de aproximadamente USD 98 milhões e USD 146 milhões, respectivamente, indicando o impacto positivo da erradicação da mosca-da-bicheira para os produtores locais, assim como para toda a pecuária. Porém, uma vez alcançado o estado de livre de miíase no Uruguai, o principal desafio será sua manutenção caso Argentina e Brasil não iniciem um programa similar, pelo menos na região pampeana. Neste contexto, realizamos aqui uma revisão bibliográfica, incluindo o programa de controle na América do Norte e Central, desde o seu início durante a década de 1940 até a erradicação da espécie nestas regiões, bem como informações sobre o ciclo de vida e parasitismo, e também aspectos da genética de populações e ecologia. Além disso, discutimos algumas ferramentas biotecnológicas, baseadas em transgênese e edição gênica por CRISPR/Cas, em desenvolvimento e que prometem se transformar nas novas estratégias de controle de insetos. Discutimos o balanço entre inovação e regulação com base nas lições aprendidas. Atualmente, no Uruguai, se investiga uma estratégia de edição gênica por CRISPR/Cas para desenvolver um gene drive com financiamento de fundos nacionais, o que garante o controle completo, e instituições locais, autoridades e produtores podem ser os proprietários da biotecnologia. Finalmente, o conhecimento gerado abre a possibilidade para desenvolver localmente novas estratégias biotecnológicas para o controle de outros parasitas e/ou insetos vetores relevantes na saúde animal e pública.

Keywords : biotecnologia; CRISPR; impacto económico; ectoparasita; bicheira.

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