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Archivos de Pediatría del Uruguay
versão impressa ISSN 0004-0584versão On-line ISSN 1688-1249
Resumo
MARTINEZ, Andrea; RODRIGUEZ, Andrea e TELECHEA, Héctor. Prevalência da Síndrome de Realimentação em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediatria. Maio-julho de 2023. Arch. Pediatr. Urug. [online]. 2024, vol.95, n.nspe1, e309. Epub 01-Set-2024. ISSN 0004-0584.
Introdução:
a nutrição é um dos pilares fundamentais do tratamento de pacientes graves. O início da alimentação pode expor aqueles com fatores de risco ao desenvolvimento da síndrome de realimentação (SR). A Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral (ASPEN) define-a, em seu consenso de 2020, como uma diminuição no fósforo sérico, potássio e/ou magnésio e/ou disfunção orgânica devido a uma diminuição em qualquer um deles e/ou devido à deficiência de tiamina, que ocorre dentro de 5 dias após reiniciar ou aumentar a alimentação. Apesar de ser uma entidade amplamente descrita e com elevada morbilidade e mortalidade, quando não identificada a tempo, continua a ser uma doença subdiagnosticada, sendo a sua verdadeira incidência desconhecida a nível mundial.
Objetivos:
estimar a prevalência de SR segundo critérios ASPEN em uma unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica no período de maio a julho de 2023.
Material e métodos:
estudo observacional, descritivo e prospectivo. Foi selecionada uma amostra de conveniência, incluindo pacientes de 1 mês a 18 anos de idade, internados na UTI no período de maio a julho de 2023, que apresentavam fatores de risco para desenvolver SR. O acompanhamento clínico e paraclínico foi realizado durante 5 dias após o reinício da alimentação e as variáveis de interesse foram coletadas.
Resultados:
durante o período do estudo, 160 pacientes foram internados na UTI. Destes, 81 (51%) apresentavam um ou mais fatores de risco para RS. Os principais fatores de risco foram pertencer à população gravemente enferma (com necessidade de suporte respiratório ou hemodinâmico) e desnutrição prévia à admissão (91% pacientes críticos, 21% com desnutrição). O motivo mais comum de internação foi respiratório (68%), seguido de sepse/choque séptico. Entre os pacientes com fatores de risco: 64 (79%) apresentaram RS, definida como diminuição de potássio, magnésio e/ou fósforo. 27 (33%) apresentaram hipofosfatemia. Dos pacientes desnutridos, 41% apresentaram hipofosfatemia.
Conclusões:
um elevado percentual de pacientes internados em UTI apresentou SR, 33% se considerarmos apenas a hipofosfatemia, e 51% dos pacientes internados no período do estudo apresentaram fatores de risco para desenvolvê-la. Este valor coincide com o reportado em outros trabalhos internacionais. A definição consensual da ASPEN é muito sensível e pouco específica quando se leva em consideração que inclui a presença de hipocalemia, que pode ser multifatorial. Reconhecer os pacientes em risco de SR e ter conhecimento da sua definição permite-nos tomar precauções no início da alimentação e evitar esta complicação que pode aumentar a morbilidade e mortalidade dos nossos pacientes.
Palavras-chave : Síndrome da Realimentação; Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica; Prevalência.