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versión On-line ISSN 2301-1378

Infor vol.30 no.2 Montevideo  2025  Epub 01-Dic-2025

https://doi.org/10.35643/info.30.2.15 

Artículo

A cultura do Maranhão, Brasil e as festas populares na Biblioteca Pública Benedito Leite: as dimensões da mediação e das festas nas ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João”

The culture of Maranhão, Brazil and the popular festivals at the Benedito Leite Public Library: the dimensions of mediation and parties in the actions "Reading the Carnival" and "Reading the São João"

La cultura de Maranhão, Brasil y las fiestas populares en la Biblioteca Pública Benedito Leite: las dimensiones de la mediación y las fiestas en las acciones "Leyendo el Carnaval" y "Leyendo el San Juan"

Maurício José Morais Costa1 
http://orcid.org/0000-0002-0759-9285

Maria Cleide Rodrigues Bernardino2 
http://orcid.org/0000-0002-3812-3167

1 Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal da Paraíba, Brasil, mauriciojosemorais@gmail.com.

2 Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal da Paraíba; Programa de Pós-Graduação em Biblioteconomia, Universidade Federal do Cariri, Brasil, cleide.rodrigues@ufca.edu.br.


Resumo

Estudo que objetiva investigar as dimensões da mediação cultural da informação mobilizadas nas ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João”, realizadas pela Biblioteca Pública Benedito Leite, e suas implicações para o reconhecimento das festas populares como patrimônios culturais do Maranhão. Trata-se de um estudo descritivo-qualitativo, realizado entre fevereiro e março de 2025, combinou análise documental (relatórios, matérias jornalísticas) com trabalho de campo (observação sistemática e entrevistas semiestruturadas). Contextualiza as bibliotecas públicas como territórios de mediação cultural, bem como as dimensões da mediação da informação. Caracteriza as festas populares enquanto patrimônio cultural, suas imaterialidades e subjetividades em uma perspectiva local e regional. Constata que as festas populares, enquanto patrimônio cultural imaterial, revelam-se como expressões dinâmicas de identidade local e regional, onde subjetividades e tradições se entrelaçam. Evidencia que iniciativas como "Lendo o Carnaval" e "Lendo o São João" transcendem a simples preservação das tradições, assumindo um papel ativo em sua revitalização e ressignificação no cenário contemporâneo, tendo como elemento central as festas populares. As bibliotecas públicas afirmam-se não somente como repositórios de conhecimento, mas como espaços dinâmicos de diálogo cultural, mediando as festas populares.

Palavras-chave: MEDIAÇÃO CULTURAL; DIMENSÕES DA MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO; FESTAS POPULARES; BIBLIOTECA PÚBLICA BENEDITO LEITE; CULTURA MARANHENSE

Abstract

This study aims to investigate the dimensions of the cultural mediation of information mobilized in the actions "Reading Carnival" and "Reading São João", carried out by the Benedito Leite Public Library, and its implications for the recognition of popular festivals as cultural heritage of Maranhão. This is a descriptive-qualitative study, carried out between February and March 2025, combining documentary analysis (reports, journalistic articles) with fieldwork (systematic observation and semi-structured interviews). It contextualizes public libraries as territories of cultural mediation, as well as the dimensions of information mediation. It characterizes popular festivals as cultural heritage, their immaterialities and subjectivities in a local and regional perspective. It notes that popular festivals, as intangible cultural heritage, reveal themselves as dynamic expressions of local and regional identity, where subjectivities and traditions are intertwined. It shows that initiatives such as "Reading Carnival" and "Reading São João" transcend the simple preservation of traditions, assuming an active role in their revitalization and resignification in the contemporary scenario, having as a central element the popular festivals. Public libraries assert themselves not only as repositories of knowledge, but as dynamic spaces for cultural dialogue, mediating popular festivals.

Keywords: CULTURAL MEDIATION; DIMENSIONS OF INFORMATION MEDIATION; POPULAR FESTIVALS; BENEDITO LEITE PUBLIC LIBRARY; MARANHÃO CULTURE

Resumen

Este estudio tiene como objetivo investigar las dimensiones de la mediación cultural de la información movilizada en las acciones "Carnaval de Lectura" y "Lectura São João", realizadas por la Biblioteca Pública Benedito Leite, y sus implicaciones para el reconocimiento de las fiestas populares como patrimonio cultural de Maranhão. Se trata de un estudio descriptivo-cualitativo, realizado entre febrero y marzo de 2025, que combina el análisis documental (reportajes, artículos periodísticos) con el trabajo de campo (observación sistemática y entrevistas semiestructuradas). Contextualiza las bibliotecas públicas como territorios de mediación cultural, así como las dimensiones de la mediación de la información. Caracteriza las fiestas populares como patrimonio cultural, sus inmaterialidades y subjetividades en una perspectiva local y regional. Señala que las fiestas populares, como patrimonio cultural inmaterial, se revelan como expresiones dinámicas de identidad local y regional, donde se entrelazan subjetividades y tradiciones. Muestra que iniciativas como "Carnaval de Lectura" y "Lectura São João" trascienden la simple preservación de las tradiciones, asumiendo un papel activo en su revitalización y resignificación en el escenario contemporáneo, teniendo como elemento central las fiestas populares. Las bibliotecas públicas se afirman no solo como depositarias de conocimiento, sino como espacios dinámicos de diálogo cultural, mediando en las fiestas populares.

Palabras clave: MEDIACIÓN CULTURAL; DIMENSIONES DE LA MEDIACIÓN DE LA INFORMACIÓN; FIESTAS POPULARES; BIBLIOTECA PÚBLICA BENEDITO LEITE; CULTURA MARANHÃO

1. Introdução

As festas populares são manifestações culturais complexas que desafiam e encantam os pesquisadores. Dinâmicas em sua essência, expressam-se por meio de ritmos, cores, sabores e tradições, ao mesmo tempo que suas contradições suscitam reflexões profundas. Embora muitas vezes interpretadas como representações simbólicas, suas práticas são vividas intensamente, equilibrando aparente liberdade com estruturas sociais, econômicas e culturais enraizadas. Além disso, transcendem fronteiras temporais e espaciais, adaptando-se a diferentes contextos sem perder a essência (Marques & Brandão, 2015).

Como expressões culturais coletivas, essas celebrações refletem tradições religiosas, históricas ou sociais, fortalecendo laços comunitários por meio da participação ativa em espaços públicos. Integrando arte, gastronomia e simbolismo, constituem não somente momentos de alegria, mas também pilares na construção da identidade coletiva, reforçando valores e memórias compartilhadas (Pieper, 1999). Essas características conferem às festas uma identidade única, marcada por pluralidade e reinvenção constante. São justamente esses paradoxos que as mantêm vivas, resistindo às mudanças do tempo. Mais do que simples celebrações, elas funcionam como microcosmos sociais, onde diferentes atores, motivações, poderes e temporalidades se entrelaçam.

As festas populares, ao mesmo tempo que dinamizam espaços públicos e reforçam identidades coletivas, muitas vezes marginalizam instituições culturais como bibliotecas, relegando-as a um papel secundário. Enquanto as celebrações ocupam ruas e praças com espetáculos massivos, as bibliotecas, espaços de reflexão e memória, são raramente integradas a esses circuitos festivos, perpetuando uma dicotomia entre cultura popular e instituições formais de conhecimento. Essa desconexão limita o potencial educativo e inclusivo das festas, reforçando hierarquias culturais.

No entanto, as bibliotecas públicas, como espaços democráticos e acessíveis, podem se reposicionar como mediadoras ativas nesse cenário, promovendo uma integração entre cultura popular e conhecimento formal. Ao abrigar exposições, rodas de samba, contações de histórias baseadas em mitos carnavalescos ou até mesmo oficinas de adereços e figurinos, elas podem se tornar polos de valorização das tradições populares, sem perder sua função educativa.

Essa aproximação não só revitaliza o papel social das bibliotecas, mas também amplia o alcance das festas populares, transformando-as em experiências mais reflexivas e menos efêmeras, enquanto democratiza o acesso à cultura em suas múltiplas dimensões. Nesse sentido, as festas populares, ao serem objeto de mediação pelas bibliotecas, rompem com a rigidez institucional, instaurando temporalidades e dinâmicas simbólicas próprias, marcadas por memória, sensorialidade e pertencimento. Mais do que celebrações, as festas populares podem ser vetores capazes de operar deslocamentos políticos e epistemológicos, ao introduzir saberes comunitários e afetivos em territórios tradicionalmente regulados por lógicas eurocêntricas e normativas.

Destaca-se, nesse contexto a mediação cultural em bibliotecas públicas, aqui representadas pelas ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João” na Biblioteca Pública Benedito Leite, a qual se mostra como uma prática autônoma e transformadora, que integra os processos de produção, recepção e apropriação simbólica (Perrotti & Pieruccini, 2014). Nesse espaço de convivência, elementos diversos se articulam, criando redes de significados que renovam, a cada edição, a magia e o sentido dessas manifestações, neste estudo as festividades carnavalescas e juninas radicadas no Maranhão. Ou seja, mais do que repassar informações, essa atuação possibilita a construção de significados e o diálogo entre diferentes culturas, especialmente em contextos marcados pela diversidade, tal como o maranhense (Rasteli & Caldas, 2017).

Diante disso, o presente estudo direciona seu olhar para a seguinte questão: quais dimensões da mediação cultural da informação são mobilizadas nas ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João”, realizadas pela Biblioteca Pública Benedito Leite, e de que forma essas ações contribuem para o reconhecimento das festas populares como patrimônios culturais do Maranhão?

Para tanto, pretende-se investigar as dimensões da mediação cultural da informação mobilizadas nas ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João”, realizadas pela Biblioteca Pública Benedito Leite, e suas implicações para o reconhecimento das festas populares como patrimônios culturais do Maranhão. Com vistas a alcançar tal propósito, estabelecem-se os seguintes objetivos específicos: a) contextualizar as bibliotecas públicas como territórios de mediação cultural e patrimonial, bem como as dimensões da mediação da informação; b) caracterizar as festas populares enquanto patrimônio cultural, suas imaterialidades e subjetividades em uma perspectiva local e regional; c) analisar as ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João”, realizadas pela Biblioteca Pública Benedito Leite, as dimensões da mediação cultural da informação e interfaces com o patrimônio cultural.

Adotando as diretrizes metodológicas de um estudo descritivo-qualitativo, analisam-se as dimensões da mediação cultural nas ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João” da Biblioteca Benedito Leite (MA), examinando seu papel na valorização das festas populares como patrimônio. A pesquisa, realizada entre os meses de fevereiro e março de 2025, combinou análise documental (relatórios, matérias jornalísticas) com trabalho de campo (observação sistemática e entrevistas semiestruturadas), buscando compreender como essas iniciativas contribuem para a valorização das festas populares maranhenses como patrimônio cultural, cujos resultados são apresentados nas próximas seções (Prodanov & Freitas, 2013; Sampieri, Collado, & Lucio, 2013).

2. A mediação cultural nas bibliotecas públicas

Marcada pela complexidade das práticas que a envolvem e diante das diferentes interpretações, a mediação cultural é abordada em diversos campos do conhecimento. As diversas maneiras pelas quais a mediação cultural é evidenciada demonstram como a diversidade cultural tem se fortalecido nas esferas da comunicação, da cultura e da informação, englobando práticas culturais multifacetadas, considerando a própria natureza matizada da cultura.

Para além de um ato operatório centrado na viabilização do acesso à informação, à leitura e aos bens culturais (Santos Neto, 2019), a mediação constitui um elemento central para a compreensão do conhecimento e da própria existência em um prisma dialético, isto considerando a perspectiva hegeliana aludida por Silva e Cavalcante (2023). Depreende-se, assim, que nenhum fenômeno existe ou é apreendido de maneira isolada, pois a compreensão do todo só se torna possível por meio da análise de suas partes e das inter-relações entre elas, sempre à luz de seu contexto histórico. Portanto, o conhecimento advém das conexões estabelecidas, e não da consideração de elementos isolados.

Nesse sentido, compreende-se a mediação como um processo que depende das ações sociais e da interação entre os indivíduos e o agente mediador, neste caso, um mediador humano, que possibilita o contato a partir das ações sociais e das motivações individuais e/ou coletivas (Rasteli & Cavalcante, 2014). Diante disso, visando uma melhor compreensão de mediação cultural em bibliotecas, lançam-se olhares para a própria mediação da informação, definida por Almeida Júnior (2015, p. 25) como sendo:

Toda ação de interferência - realizada em um processo, por um profissional da informação e na ambiência de equipamentos informacionais -, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; visando a apropriação de informação que satisfaça, parcialmente e de maneira momentânea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e novas necessidades informacionais.

Ao considerar que as ações individuais são atravessadas por processos de construção intersubjetiva mediados pela comunicação, torna-se evidente o papel central do fator humano na mediação desses processos, como acentua Bezerra e Cavalcante (2020). Rasteli e Cavalcante (2014), complementam destacando que essa dimensão relacional se articula com a compreensão de que os dispositivos de comunicação e informação, assim como a organização dos espaços, acervos, textos e lugares, exercem influência significativa nas interpretações. À vista disso, Bezerra e Cavalcante (2020) e Rasteli e Cavalcante (2014) apontam para a mediação como resultado de uma complexa rede de interações humanas, espaciais e simbólicas, que produzem sentidos e configuram objetos híbridos, marcados pela multiplicidade de significados.

Nessa direção, é pertinente destacar as dimensões da mediação da informação propostas por Gomes (2020), as quais evidenciam a complexidade e a abrangência desse processo. São elas:

  • a) Dimensão dialógica - centrada na interação e comunicação entre os sujeitos, promove a troca de ideias e a construção coletiva do conhecimento, sendo fundamental para a problematização e a conscientização crítica;

  • b) Dimensão estética - orientada à criação de um ambiente acolhedor e estimulante, no qual a beleza e a criatividade funcionam como estímulos à reflexão e ao engajamento emocional;

  • c) Dimensão formativa - vinculada ao desenvolvimento intelectual contínuo, favorece a apropriação crítica da informação e a construção de novos saberes por meio de ações como programas de capacitação e cursos de formação;

  • d) Dimensão ética - abrange princípios como o cuidado com o outro, a justiça social e a integridade nas práticas de mediação, assegurando que estas sejam conduzidas com respeito e compromisso com o bem-estar coletivo;

  • e) Dimensão política - refere-se à conscientização dos sujeitos enquanto agentes de transformação social, engajados na promoção da inclusão, da justiça e na construção de uma sociedade mais equitativa.

Tais dimensões evidenciam o papel fundamental da mediação da informação na promoção da educação, do desenvolvimento e, sobretudo, do protagonismo social, conforme enfatiza Gomes (2020). À medida que a mediação da informação se insere em distintos processos de significação e produção de sentidos, suas práticas vão além da comunicação dialógica e da simples transmissão de informações. Elas envolvem também o compartilhamento de objetos e subjetividades por meio da ação mediadora. Nesse contexto, a mediação cultural se apresenta como uma formulação teórica e metodológica contemporânea que reconhece a existência de conflitos e, ao mesmo tempo, a necessidade de construir elos capazes de promover diálogos voltados à criação de ordens culturais mais democráticas e plurais (Bezerra & Cavalcante, 2020).

Coloca-se, portanto, como ponto relevante a diversidade cultural, intrínseca à relação dos sujeitos com o mundo, que exerce influência direta nas formas como os sentidos são construídos. Nessa assertiva, entende-se a mediação cultural como a “(...) aproximação de sujeitos a produtos e artefatos culturais, como obras de arte, livros, exposições, espetáculos e ações de incentivo à leitura. (...) como uma atividade processual, que possibilita o encontro, o acesso e a apropriação.” (Rasteli & Cavalcante, 2014, p. 47).

Dentre os lócus onde as pessoas podem entrar em contato com os bens culturais, as bibliotecas públicas são amplamente reconhecidas como espaços de mediação cultural, atuando como dispositivos que atribuem significado ao promoverem o acesso à informação e à cultura. Esse papel se concretiza por meio de diversas ações, como a promoção da leitura, da literatura, de manifestações artísticas e de eventos culturais. A mediação cultural exercida nesses ambientes facilita a conexão entre os indivíduos e os bens culturais, tais como livros e demais produções artísticas, favorecendo seu acesso e apropriação (Rasteli & Cavalcante, 2014).

Nesse cenário, afirma-se que as bibliotecas públicas assumem um papel fundamental no desenvolvimento cultural e educacional das comunidades. São concebidas como centros de informação, aprendizagem e expressão cultural, comprometidos com a promoção da diversidade cultural e linguística, bem como com a garantia do acesso equitativo ao conhecimento, respeitando as diferentes identidades e valores culturais (Pereira et al., 2019; Rasteli & Caldas, 2017).

A mediação cultural busca aproximar a comunidade das manifestações culturais, promovendo sua apropriação por meio do contato presencial ou remoto. Suas práticas são diversas e únicas, por variarem conforme os mediadores, os contextos e os públicos envolvidos (Cardoso, Cândido, & Santos Neto, 2024). Assim, entende-se que a mediação cultural não é algo fixo, mas varia conforme o contexto, à medida que se expressa de formas distintas em museus, bibliotecas (em especial as públicas), teatros e outros espaços culturais, dependendo do tipo de atividade ou público envolvido.

À vista disso, acentua-se que não existe uma única maneira de fazer mediação, visto seu caráter multifacetado. Tendo em vista que as bibliotecas públicas atuam como espaços de mediação cultural ao oferecerem diferentes atividades e recursos que facilitam o encontro entre indivíduos e a cultura e a arte, notadamente as festas populares, objeto deste estudo. Sendo assim, exemplifica-se a mediação cultural nas bibliotecas públicas como as práticas de incentivo à leitura nas bibliotecas, cujo objetivo é impulsionar a produção artística e cultural, articulando diferentes experiências que possibilitem a apropriação cultural, esta entendida como um processo de invenção, assimilação e geração de significados.

Nessa esteira, Bezerra e Cavalcante (2020) explicam que os indivíduos, como seres individuais e coletivos, relacionam-se com elementos culturais que lhes permitem interpretar e construir a realidade. Segundo os autores, essas conexões ocorrem por meio da apropriação de símbolos, mediados direta ou indiretamente. Assim, postulam que a “mediação cultural da informação” pode ser entendida como um processo que aproxima e dialoga com as diversas formas culturais de compreender os fenômenos informacionais na sociedade. Dessa forma, os mecanismos culturais são vistos como espaços de negociação de significados, onde os indivíduos, como criadores culturais, e os processos de mediação são centrais na produção de sentidos. Assim, mediar cultura significa criar espaços intermediários essenciais para a construção identitária e a relação com o outro (Perrotti & Pieruccini, 2014).

Nessa assertiva, enxerga-se nas bibliotecas públicas um território favorável para diferentes formas de apropriação e produção do conhecimento a partir dos bens culturais, o compartilhamento de saberes e o fomento ao protagonismo de comunidades, a valorização de múltiplas expressões, dentre outras práticas alicerçam a mediação cultural.

3. Brincando e festejando: as festas populares e suas dinamicidades

A cultura popular se expressa de formas distintas, ao passo em que essas singularidades fomentam o desenvolvimento de mecanismos de valorização e preservação das festas e folguedos inscritos nessas matrizes. É notável a importância dessas manifestações, não somente como elemento da economia criativa, mas como bases para a constituição das identidades e a conjugação das expressividades simbólicas dos povos (Pitombo, 2021). Nesse arranjo, destacam-se as festas, as quais são fenômenos presentes na sociedade desde a Antiguidade e, com o passar do tempo, tem exercido influência em diferentes segmentos, tais como o espaço, o tempo, dentre outros (Silva, 2021).

Dialoga-se com Amaral (2008), o qual pontua que a festa constitui um importante meio de articulação entre diferentes dimensões da experiência humana. Busca integrar criador e criatura, natureza e cultura, tempo e eternidade, vida e morte, ser e não ser. Os elementos que a compõem, tais como a música, a culinária, a dança, os mitos e as máscaras, reforçam essa função integradora.

Nesse sentido, reconhece-se que as festas se constituem linguagens marcantes para a população brasileira, sobretudo por serem elementos que se fazem presentes nos quadros de vidas da sociedade. Castro (2022) explica que ao imaginar uma festa, seja por motivo recreativo, comemorativo ou religioso, é comum virem à mente os sons, as cores, as luzes e os encontros entre pessoas em um clima de alegria. A festa costuma ser vista como uma ruptura, por romper com as normas do cotidiano e representa um momento coletivo de celebração, no qual se deixa de lado a rigidez das rotinas diárias.

Ademais, a festa configura-se como um espaço de encontro entre desejos individuais e coletivos, mito e história, fantasia e realidade, passado, presente e futuro, bem como entre o "nós" e os "outros". Ao evidenciar e celebrar as contradições inerentes à condição humana, marcadas pela tensão entre natureza e cultura, a festa possibilita a transformação de diferenças aparentemente inconciliáveis em pontes simbólicas, promovendo o diálogo da cultura consigo mesma, a realização de celebrações coletivas que favorecem a preservação da memória e das raízes culturais de cada comunidade (Amaral, 2008; Morigi, Albuquerque & Massoni, 2013). Essa perspectiva vai ao encontro do que dizem Morigi, Souza e Medeiros (2023, p. 161), ao reforçarem que

As festas populares são práticas culturais e fazem parte das tradições de determinados grupos da sociedade. Elas possuem várias dimensões: social, política, cultural, econômica, religiosa entre outras, e são responsáveis pela comunicação dos valores da tradição cultural, da construção da memória e da identidade social.

Marques e Brandão (2015), complementam, explicando que a festa popular é uma manifestação sociocultural dinâmica, sustentada por três dimensões interligadas: simbólica, social e material. No plano simbólico, destaca-se o mito ou vetor de origem, que fundamenta sua existência, articulado com a memória e as singularidades que conferem identidade única. A estética - expressa em cores, sons e ritos - materializa esse imaginário coletivo. Na dimensão social, os sujeitos da festa (organizadores e participantes) constroem relações sociais marcadas por trocas e espontaneidade, essencial para evitar a rigidez da manifestação. O esbanjamento (excessos físicos e simbólicos) e a renúncia (sacrifícios individuais) reforçam o sentimento de pertença, consolidando laços comunitários. Por fim, a base material - espaço e infraestrutura - assegura a realização concreta da festa, ainda que sua essência seja imaterial. Assim, a festa popular se define como uma prática que harmoniza tradição e renovação, individual e coletivo, perpetuando-se como expressão viva de identidade e sociabilidade.

Nesse sentido, afirma-se que,

(...) as festas brasileiras, destaca o caráter mediativo e comunicacional destas manifestações. (...) estabelecem relações de comunicação intersubjetivas entre conteúdos culturais, sociais, políticos e econômicos, além de serem instrumentos de mediação entre elementos tangíveis e intangíveis, objetivos e subjetivos, etc. (...). (Marques & Brandão, 2015, p. 15).

Essas imbricações presentes nas festas populares revelam como têm se tornado complexas as interfaces que essas manifestações estabelecem com outros domínios, como, por exemplo, o gastronômico, o midiático, o urbanístico, entre outros elementos apontados por Pitombo e Barros (2024). Assim, em consonância com Marques e Brandão (2015), as festas populares podem ser compreendidas como expressões que representam a cultura local e a diversidade do povo brasileiro, manifestadas por meio da oralidade, dos rituais, símbolos e metamorfoses, a partir de cheiros, fé, cores e valores.

4. Metodologia

Trata-se de um estudo de caráter descritivo e abordagem qualitativa, que busca as dimensões da mediação cultural da informação mobilizadas nas ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João”, realizadas pela Biblioteca Pública Benedito Leite, e suas implicações para o reconhecimento das festas populares como patrimônios culturais do Maranhão. Para tanto, adota-se como procedimento técnico a pesquisa documental, mediante levantamento de informações no site institucional, relatórios técnicos, matérias em canais oficiais e jornais de circulação local (Prodanov & Freitas, 2013).

Realizou-se, também, uma pesquisa de campo que incluiu uma visita in loco à Biblioteca Pública Benedito Leite (BPBL), situada no centro da cidade de São Luís, mais especificamente na área conhecida como Complexo Deodoro. Esse perímetro abrange as praças do Pantheon e Deodoro, além das alamedas Silva Maia e Gomes de Castro, localizadas na região central da capital maranhense.

A visita foi realizada nos meses de fevereiro e março de 2025 e incluiu um percurso guiado pelas dependências da instituição, com ênfase nas ações voltadas à mediação do patrimônio cultural, em especial na programação da ação “Lendo o Carnaval”. No que se refere à atividade “Lendo o São João”, a produção de dados foi viabilizada por meio de entrevista e pesquisa documental, uma vez que se trata de uma ação tradicionalmente desenvolvida no mês de junho, portanto fora do período destinado à coleta de dados. Para a obtenção das informações, foram empregadas a técnica de observação sistemática com apoio do diário de bordo.

Ressalta-se que este estudo esteve limitado ao período de dois meses de observação, fevereiro e março de 2025, coincidente com a realização do Carnaval, o que justifica o recorte adotado. Tal delimitação temporal possibilitou acompanhar de forma direta apenas a ação “Lendo o Carnaval”, não abrangendo, portanto, outras festividades que ocorrem em períodos distintos do calendário cultural. No caso do “Lendo o São João”, realizado tradicionalmente em junho, a análise foi sustentada por registros, evidências documentais, relatórios institucionais e depoimentos de funcionários da BPBL, complementados por informações disponíveis no site e nas redes sociais da instituição.

Esses limites, embora restritivos, situam os resultados dentro de um recorte metodológico específico, sem comprometer a validade das interpretações propostas. Os dados obtidos por meio desses instrumentos subsidiaram a análise do corpus deste estudo (Sampieri, Collado, & Lucio, 2013).

5. “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João”: as dimensões da mediação e das festas populares na Biblioteca Pública Benedito Leite

As bibliotecas públicas são dispositivos de mediação que possuem, dentre suas missões, a preservação e promoção do acesso aos conhecimentos e tradições locais e indígenas, incluindo a tradição oral, bem como fomentar o diálogo intercultural, a diversidade cultural e o acesso aberto a expressões culturais e artísticas em distintos formatos e suportes (IFLA, 2022). Nesse sentido, a Biblioteca Pública Benedito Leite desenvolve diferentes projetos com esse fim, promover o encontro dos sujeitos com as manifestações e expressões da cultura local.

A promoção da cultura local, contudo, exige uma postura crítica, reconhecendo que a cultura popular em contextos latino-americanos, como o brasileiro, é singular, mas também dinâmica e não monolítica, atravessada por processos de hibridização e constante renovação. Embora as políticas públicas busquem a preservação e valorização dessas tradições, a mediação cultural deve transcender o mero acesso e a difusão, que historicamente se mostraram insuficientes para a apropriação cultural (Pitombo, 2021; Rasteli, 2021; Perrotti & Pieruccini, 2017).

A visibilidade conferida às expressões populares pode, inclusive, gerar o fenômeno da "cultura com aspas" (Cunha, 2017), onde os detentores dos saberes "tradicionais" conscientemente performatizam seu acervo cultural para obter reconhecimento e, potencialmente, reparações históricas (Cunha, 2017; Pitombo, 2021). Portanto, a mediação nas bibliotecas precisa ser compreendida como um processo dialógico e decolonial, atuando como uma "hermenêutica diatópica" ou tradução entre saberes, que facilita a compreensão intercultural dos fenômenos e supera a marginalização histórica dos conhecimentos tradicionais pela racionalidade moderna (Bezerra & Cavalcante, 2020; Jesus & Gomes, 2021; Silva & Cavalcante, 2022). Desse modo, a biblioteca apoia a apropriação cultural como um ato de invenção e criação, transformando o sujeito de consumidor passivo em protagonista cultural.

Dentre as diferentes ações de mediação cultural, destacam-se “Lendo o Carnaval na Biblioteca” e “Lendo o São João na Biblioteca”. A expressão “lendo” é utilizada em um sentido freiriano, no qual a leitura se dá por meio de vivências, movimentos e dinâmicas dialéticas que favorecem uma “leitura de mundo” ampliada, na qual o sujeito se depara com a realidade subjetiva do contexto em que está inserido, imbricada por diferentes culturas, saberes, tradições, traços, entre outros (Freire, 2021).

O projeto “Lendo o Carnaval”, conforme Figura 1, alude o carnaval, festa que se relaciona com o uso de ruas, praças e demais logradouros da cidade pelas coletividades (Belitardo, 2021). A ação “Lendo o São João”, vista na Figura 2, por sua vez, é realizada no mês de junho, mês em que são comumente realizadas essas celebrações, especialmente na região Nordeste do Brasil (Castro, 2012). Assim sendo, reforça-se que a escolha das duas ações se deve à sua capacidade de estas mobilizarem duas manifestações populares de grande popularidade e representatividade em São Luís.

Figura 1: Lendo o carnaval na biblioteca 

Figura 2: Lendo o São João na biblioteca 

Conforme observado na Figura 1, o projeto “Lendo o carnaval na Biblioteca” medeia uma programação com atividades de roda de leitura, contação de histórias, oficina de confecção de máscaras, bem como a realização de “Bailinho do Confete e Serpentina”, dentre outras atividades. Se trata, portanto, de “(...) um evento que a biblioteca prepara com muito carinho e que atende o público de todas as idades. A Benedito Leite é um espaço de leitura e pesquisa, mas também de convivência, de lazer, de entretenimento” (Nascimento, 2025).

O projeto “Lendo o São João na Biblioteca”, por sua vez, inclui as atividades de mediação da leitura (contação de histórias, rodas de leitura), como promove a apresentação de danças tradicionais do Maranhão, dentre elas o bumba-meu-boi, dança do cacuriá, tambor de crioula. Adicionalmente, são realizadas exposições de artistas maranhenses e de coleções de peças que retratam as festividades juninas locais, como pôde ser observado na Figura 2.

Dessa forma, explicita-se como os projetos citados atuam como meios que favorecem o contato dos indivíduos com as artes, notadamente as festas populares e sua dinamicidade, em um processo de mediação cultural provocativo e instigante, seja pela mobilização dos elementos materiais e simbólicos (cores, peças, fantasias, indumentárias juninas, máscaras etc.), que reverberam as matrizes da cultura popular, seja pelas subjetividades e imaterialidades que circundam tais manifestações. Assim, os sujeitos vivenciam a biblioteca de um modo distinto do convencional, capacidade essa inerente às festas populares, ao mesmo tempo, em que se apropriam de saberes (des)materializados, os quais evidenciam o caráter mediativo e comunicacional dessas manifestações, como pontuado por Marques e Brandão (2015).

Chama-se atenção para o fato de que a mediação das festas populares por esferas institucionais, frequentemente ligada a políticas de patrimonialização e à sua inserção nos circuitos ampliados de entretenimento e lazer, impõe o risco de reduzir essas manifestações a meros "eventos" ou "performance" (Farias, 2005; Pitombo, 2021; Pitombo & Barros, 2024). Essa apropriação institucional provoca a espetacularização e, ao exigir que os grupos se reorganizem burocraticamente para dialogar com agentes estatais ou privados, pode gerar um distanciamento em relação aos significados originais e ao espírito lúdico comunitário, como advertido por Gonçalves e Bezerra (2021).

O risco de que se tornem apenas práticas de consumo cultural é amplificado, uma vez que a lógica mercantil prioriza a exposição estética e a rentabilidade sobre a espontaneidade e a reciprocidade afetiva da festa (Marques & Brandão, 2015).

Contudo, como recomenda Pitombo (2021), para preservar a potência crítica e popular dessas manifestações sem descaracterizá-las, é fundamental reconhecer que a cultura popular é dinâmica e viva, capaz de reinventar a tradição em meio à modernidade através de processos híbridos e negociados. A chave está em assegurar a autonomia e o protagonismo dos agentes populares (Canclini, 2019), transformando a mediação em um processo de apropriação cultural ativo, que resista à assimilação passiva de signos e promova a recriação autêntica da cultura, como reforçam Perrotti e Pieruccini (2014).

Nessa assertiva, coloca-se a lente das dimensões da festa propostas por Pieper (1999), com vistas a demarcá-las nas ações “Lendo o Carnaval na Biblioteca” e “Lendo o São João na Biblioteca” e evidenciar como as festas populares maranhenses desvelam sua dinamicidade nas práticas de mediação cultural empreendidas pela Biblioteca Pública Benedito Leite, conforme pode ser observado no Quadro 1.

Quadro 1: Dimensões da festa nas ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João” 

As três dimensões de Pieper (1999) - o mito fundador, os sujeitos participantes e a base material - expressam-se nas ações "Lendo o Carnaval" e "Lendo o São João" da BPBL, que ressignificam o espaço da biblioteca como palco de vivências culturais por meio das festas populares. Ao incorporar manifestações como os blocos tradicionais, as “Tribos de Índio”, o complexo do bumba-meu-boi e o tambor de crioula, essas iniciativas não somente preservam a memória coletiva, mas a atualizam mediante práticas intergeracionais. A ambientação festiva com adereços, figurinos e instrumentos tradicionais cria uma ponte entre o simbólico e o concreto, enquanto a interação espontânea entre participantes transforma o patrimônio imaterial em experiência afetiva.

Desse modo, a BPBL consolida-se como mediadora cultural, onde as festas populares e as ações de mediação da informação se entrelaçam para fortalecer identidades e tecer novos significados comunitários (Bezerra & Cavalcante, 2020; Pieper, 1999; Rasteli & Caldas, 2017). À vista disso, é notável como as ações "Lendo o Carnaval" e "Lendo o São João" da BPBL evidenciam o potencial da mediação cultural enquanto processo dinâmico de ressignificação, no qual os sujeitos - individuais e coletivos - entram em contato e se apropriam de elementos simbólicos da cultura maranhense para interpretar e reconstruir sua realidade (Perrotti & Pieruccini, 2014).

Concorda-se com Bezerra e Cavalcante (2020), no sentido de que o espaço discursivo de embates e pluralidade gerado pela BPBL ao mobilizar as festas populares maranhenses, a mediação da informação vai além da mera transmissão informacional e equipamento promotor do contato com os conhecimentos populares, para se tornar ponte intercultural, capaz de articular as tensões inerentes ao espaço público sem as silenciar.

Nessa esteira, a "mediação cultural da informação" manifesta-se concretamente nas ações da BPBL ao transformar o contato com manifestações como carnaval e festas juninas em vivência significativa, onde patrimônio imaterial e processos informacionais se fundem numa experiência comunitária de (re)construção identitária. Desse modo, as bibliotecas públicas consolidam-se como arena onde diferentes compreensões culturais dialogam, superando a mera transmissão de conteúdos para promover verdadeiros atos de ressignificação coletiva.

Não por acaso, o processo de ressignificação e a apropriação cultural enfrentam complexas limitações, pois a mediação cultural não é neutra, sendo definida como um ato social, político e técnico. As escolhas sobre quais manifestações representar podem, inadvertidamente, reforçar hegemonias culturais em vez de ampliar a pluralidade (Oliveira, 2007; Perrotti & Pieruccini, 2014; Rasteli, 2021).

Tais desafios, segundo Pitombo (2021), decorrem de uma estrutura social que historicamente impôs critérios de racionalidade e valores de matrizes civilizacionais anglo-saxãs e eurocêntricas, resultando na marginalização e controle de saberes e práticas de povos tradicionais e minorias.

Essa lógica de colonialidade autoriza o desprezo e controle das produções culturais de grupos considerados dispensáveis, fazendo com que identidades se sintam sub-representadas, mesmo quando integradas em espaços de valorização e diálogo (Jesus, Guimarães & Abrantes, 2022; Morigi, Albuquerque & Massoni, 2013). Consequentemente, o processo de apropriação nem sempre gera um consenso coletivo, manifestando leituras divergentes e conflitos (nem sempre uníssonos) entre grupos sociais ou dentro das próprias manifestações. As culturas populares, que buscam resistir à imposição de padrões externos e à espetacularização, demonstram que as tensões e os antagonismos com a cultura dominante são contínuos, exigindo que a mediação seja sempre um campo de negociação dialética (Canclini, 2019; Hall, 2013).

A mediação cultural não se reduz a um simples mecanismo de transmissão de informações, por ser, antes de tudo, uma prática discursiva, carregada de significações, interpretações e codificações do mundo. Ela opera com lógicas e identidades próprias, constituídas discursivamente a partir das tensões entre produção e recepção, revelando-se como um campo de disputas simbólicas e não como mera neutralidade informacional. Essa perspectiva alinha-se às dimensões da mediação da informação propostas por Gomes (2020), as quais destacam não somente a complexidade desse processo, mas também seu papel central na promoção da educação, do desenvolvimento e do protagonismo social. Diante disso, foi sistematizado no Quadro 2, como as dimensões da mediação da informação estão presentes e se expressam nas ações “Lendo o Carnaval na Biblioteca” e “Lendo o São João na Biblioteca”.

Quadro 2: Dimensões da mediação nas ações “Lendo o Carnaval” e “Lendo o São João” 

As dimensões da mediação manifestam-se de maneira multifacetada nas intervenções dos nas ações "Lendo o Carnaval" e "Lendo o São João" da BPBL, cujo foco recai sobre as festas populares locais como objetos de mediação. Esse processo configura-se como dialético, promovendo interações e apropriações recíprocas entre sujeitos, artefatos e patrimônios culturais. As ações exemplificam as dimensões da mediação da informação propostas por Gomes (2020), conforme Quadro 2, articulando-as como uma prática cultural dialética e transformadora. A dimensão dialógica se materializa nas rodas de leitura e conversas com mestres da cultura, onde a troca de saberes fortalece a construção coletiva, alinhando-se ao conceito de mediação consciente que busca a apropriação crítica da informação proposto pela autora. Já a dimensão estética, visível na transformação sensorial do espaço da biblioteca, na qual o prazer da criação e da experiência estética potencializa a ressignificação cultural.

Essas ações demonstram que a mediação cultural não se limita à transmissão de conteúdos, mas opera como um dispositivo discursivo (Perrotti; Pieruccini, 2014), que mobiliza afetos, memórias e protagonismo social, especialmente ao incluir grupos tradicionais marginalizados, reforçando sua dimensão política como ato de resistência e justiça cultural.

É pertinente refletir que a inclusão de grupos marginalizados, muitas vezes impulsionada por políticas de valorização e institucionalização, enfrenta o risco de invisibilização parcial, visto que certas narrativas podem ser silenciadas ou simplificadas em nome de uma representatividade generalizante. Essa dificuldade é exacerbada pela matriz colonial de poder, que autoriza o desprezo e o controle sobre as produções culturais de grupos historicamente subalternizados (Jesus, Guimarães & Abrantes, 2022). Consequentemente, a valorização simbólica raramente se traduz em amplo reconhecimento social, persistindo uma hierarquia na qual os bens de grupos subalternos ocupam lugar secundário (Canclini, 2019).

O desafio da legitimação, como denuncia Mignolo (2007), reside na tensão entre o espaço acadêmico/institucional, que tende a impor o academicismo artístico ou uma epistemologia eurocêntrica, e o reconhecimento comunitário genuíno. Manifestações populares frequentemente precisam incorporar a linguagem racional-burocrática e mecanismos institucionais como condição de existência, o que pode levar a superexposição, remodelações estéticas e conflitos internos, sem necessariamente garantir a inclusão social e a equidade para os criadores (Jesus, Guimarães & Abrantes, 2022; Pitombo, 2021).

A BPBL, ao integrar as cinco dimensões da mediação propostas por Gomes (2020), consolida-se como um espaço de práxis freiriana, onde a problematização e a ação reflexiva (Freire, 2019) permitem a apropriação democrática da informação, notadamente as festas populares enquanto patrimônio cultural, conjugando, inclusive o entendimento de “leitura de mundo” outrora mencionado neste estudo. A dimensão formativa das oficinas de máscaras e danças, por exemplo, vai além do ensino técnico, em que os participantes reconstroem saberes a partir das trocas cognitivas. Essa estratégia vai ao encontro do que diz Almeida Júnior (2015), ao colocar a mediação como ação interferente, que gera novas necessidades informacionais.

Por fim, destaca-se a dimensão ética, expressa no respeito à diversidade e no acolhimento, fundamentais para uma mediação que humaniza e inclui. A ambientação da BPBL com elementos carnavalescos e juninos, como fitas, adereços e trajes típicos, vai além da cenografia e atua como dispositivo dialógico, reforçando essa dimensão da mediação. Cores, sons e texturas funcionam como vetores sensoriais, evocando memórias afetivas e promovendo imersão cultural. Ao criar uma "ambiência do conforto ao pertencimento" (Gomes, 2020), a biblioteca rompe com a neutralidade dos espaços informacionais e se torna um lugar de construção de sentidos. Máscaras e instrumentos musicais não somente ilustram festas, mas estimulam perguntas e interpretações críticas. A decoração, como linguagem e convite à ação, reforça o caráter formativo conjugado à experiência estética, conforme pode ser observado na Figura 3.

Figura 3: Exposições carnavalescas e juninas na BPBL 

A participação de mestres da cultura popular nas ações da BPBL, como contadores de histórias do bumba-meu-boi e dançarinos de cacuriá, bem como o fato de trazer para a atividade o Bloco Tradicional “Os Brasinhas”, criado em 1977, realizar exposições como “Retratos de Pai Francisco”, de Tairo Lisboa, e o Boi Barrica, exemplifica a mediação das festas populares como prática decolonial, conferindo centralidade a saberes historicamente, cujos conhecimentos estão em constantes disputas e desafiando hierarquias epistemológicas.

Importa chamar atenção que a inserção da cultura popular em espaços formais confronta-se com o risco de folclorização, que reduz manifestações vivas e dinâmicas a objetos de consumo cultural e espetáculo, muitas vezes em sintonia com a lógica capitalista do entretenimento-turismo. Embora a espetacularização possa ser uma estratégia para obter visibilidade e recursos, ela pode obscurecer disputas internas de representação, ignorando as assimetrias de poder e as hierarquias que se manifestam nas comunidades, como advertido por Sena (2014).

Pitombo (2021), acentua que a fragilidade da prática decolonial reside na constante pressão das lógicas institucionais e da racionalidade burocrática, que limitam a radicalidade dos saberes outros e perpetuam a violência epistemológica do eurocentrismo, impondo modelos de organização e estética. Tal cenário contribui para a insuficiente valorização estrutural desses saberes, mantendo sua presença muitas vezes pontual e desprovida de continuidade, gerando implicações não-programadas, como a superexposição.

Para fugir da folclorização, é imperativo reconhecer o caráter dinâmico e reinventivo da cultura popular e resistir à “monocultura do saber” (Bezerra & Cavalcante, 2020; Morigi, Albuquerque & Massoni, 2013). Desse modo, Bezerra e Cavalcante (2020), Rasteli (2021) e Rasteli e Caldas (2017) reforçam que a mediação cultural da informação coloca-se como um caminho fundamental, pois promove o diálogo intercultural e a apropriação crítica, capacitando os agentes a atuarem como protagonistas sociais e culturais na construção de novos sentidos, superando a passividade do consumo irrefletido.

Ao ocupar a biblioteca, transformam-na em um espaço de justiça cognitiva (Santos, 2018), onde oralidade e corpo, geralmente excluídos dos modelos hegemônicos de informação, são reconhecidos como formas legítimas de transmissão da cultura e das festas populares. Essa abordagem expressa a dimensão política da mediação (Gomes, 2020), que busca redistribuir o poder simbólico. A escuta desses mestres, articulada às rodas de leitura, promove uma dialética freiriana ao questionar a noção de "fonte autorizada" e ampliar o conceito de documento para além do texto escrito, fortalecendo o protagonismo das comunidades como produtoras de informação.

A interlocução entre Gomes (2020) e Pieper (1999, tradução nossa) desvela a potência estética da mediação cultural em sua dupla face: ao mesmo tempo que configura espaços acolhedores para reflexão, materializa-se como celebração artística que ressignifica valores coletivos. Essa natureza bifronte converte ambientes informacionais em territórios pulsantes de encontro e insurgência cultural. Pieper (1999) compreende as festividades como intervalos significativos na rotina utilitária, momentos que reatam os laços sociais. Gomes (2020), por sua vez, desdobra esse potencial em quatro vetores operacionais: a dialogia (como construção compartilhada), a formação (como apropriação transformadora), a ética (como cuidado radical) e a política (como exercício de protagonismo).

Em conjunto, esses autores reforçam o caráter subversivo inerente tanto à celebração quanto à mediação cultural - práticas que, quando articuladas, gestam novas possibilidades de existência coletiva. Essa convergência de pensamentos nos mostra que a mediação cultural, quando consciente e intencional, pode transformar espaços de celebração em territórios de transformação social, onde a alegria compartilhada se torna ferramenta de emancipação, notadamente como se observa nas ações "Lendo o Carnaval" e "Lendo o São João". As festas populares, mediadas criticamente, deixam de ser somente eventos e se tornam processos educativos e políticos, conforme observado nas ações da BPBL, onde o Carnaval e o São João viram plataformas para discussão sobre identidade, patrimônio, memória e direitos culturais.

6. Considerações Finais

A trajetória desta pesquisa demonstra como as ações "Lendo o Carnaval" e "Lendo o São João", realizadas na Biblioteca Pública Benedito Leite, em São Luís do Maranhão, promovem o contato com a cultura popular, as artes e as tradições locais expressas nessas festividades. Ao aproximar o público dessas manifestações, as iniciativas contribuem para o reconhecimento do carnaval e do São João como expressões do patrimônio cultural, permitindo sua interpretação, apropriação e vivência comunitária em um processo contínuo de (re)construção identitária. Além disso, o estudo evidencia o caráter mediativo e comunicacional dessas festas populares enquanto objetos da mediação cultural. Essa mediação, por sua vez, mobiliza diferentes dimensões que conjugam a dinamicidade das celebrações, dando forma a identidades, patrimônio, memória e direitos culturais de maneira interligada e dinâmica.

Ao adotar uma perspectiva triádica de mediação, as bibliotecas superam abordagens puramente instrumentais, fomentando encontros que integram saberes acadêmicos e expressões da cultura popular. Como espaço mediador, a biblioteca se consolida como ambiente de diálogo, onde o conhecimento se pluraliza e a cultura se ressignifica, reforçando seu papel na democratização do acesso e na promoção da cidadania cultural. Assim, a mediação nas bibliotecas públicas revela-se não somente como ferramenta de preservação, mas como processo dinâmico de (re)construção coletiva, em que o patrimônio é constantemente reinterpretado pela comunidade, garantindo sua vitalidade e relevância no presente.

As festas populares, enquanto patrimônio cultural imaterial, revelam-se como expressões dinâmicas de identidade local e regional, onde subjetividades e tradições se entrelaçam. Sua riqueza simbólica e comunitária, no entanto, contrasta com a marginalização de espaços como bibliotecas, que poderiam ampliar seu alcance educativo e reflexivo. Incluir essas instituições nos circuitos festivos não se restringiria apenas a reconhecer sua importância patrimonial, mas também a ampliar o acesso à memória coletiva, convertendo as comemorações em agentes de um diálogo cultural mais inclusivo.

Nesse processo dinâmico, a mediação cultural se estabelece como um espaço ativo de negociação e ressignificação, onde significados variados são continuamente elaborados, desconstruídos e reconstruídos. Longe de qualquer aspiração à neutralidade, essa prática essencial se modifica em um contexto tenso e produtivo, caracterizado pelo diálogo contínuo entre criação e apropriação cultural, no qual múltiplos atores sociais competem ativamente por significados, representações e concepções de mundo divergentes. Por meio dessa mediação ativa, não se limita à transmissão de informações ou conteúdos estáticos, mas reconfiguram-se identidades coletivas, reatualizam-se memórias sociais e estabelecem-se novas formas críticas de compreensão, valorização e proteção do patrimônio cultural imaterial.

Portanto, este estudo evidencia que iniciativas como "Lendo o Carnaval" e "Lendo o São João" transcendem a simples preservação das tradições, assumindo um papel ativo em sua revitalização e ressignificação no cenário contemporâneo, tendo como elemento central as festas populares. Nesse processo, as bibliotecas públicas afirmam-se não apenas como repositórios de conhecimento, mas como espaços dinâmicos de diálogo cultural, onde diferentes visões de mundo se encontram e se transformam, bem como território de festividades populares e de preservação desse patrimônio.

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Notas del editor: El editor responsable por la publicación de este trabajo es Mario Barité

Nota de contribuición autoral: Idéias; formulação ou evolução de objetivos e objetivos de pesquisa abrangentes por Maurício José Morais Costa. Realização de um processo de pesquisa e investigação, especificamente realizando os experimentos, ou coleta de dados/evidências por Maurício José Morais Costa e Maria Cleide Rodrigues Bernardino. Preparação, criação e/ou apresentação do trabalho publicado por parte do grupo de pesquisa original, especificamente revisão crítica, comentário ou revisão - incluindo etapas pré ou pós-publicação por Mauricio José Morais Costa e Maria Cleide Rodrigues Bernardino.

Nota datos abiertos: O conjunto de dados que apoia os resultados deste estudo está disponível no artigo.

Nota de financiamiento: Este estudo foi desenvolvido com recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Supior (CAPES).

Recebido: 27 de Agosto de 2025; Aceito: 13 de Outubro de 2025

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