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Ciencias Psicológicas

versión impresa ISSN 1688-4094versión On-line ISSN 1688-4221

Cienc. Psicol. vol.16 no.1 Montevideo  2022  Epub 01-Jun-2022

https://doi.org/10.22235/cp.v16i1.2364 

Artigos Originais

O trabalho do profissional liberal da saúde no contexto da pandemia COVID-19

El trabajo del profesional liberal de la salud en el contexto de pandemia COVID-19

Joao Carlos Caselli Messias1 
http://orcid.org/0000-0002-6487-4407

Karina Borgonovi Silva Barbi2 
http://orcid.org/0000-0003-1559-0093

Eduardo Henrique Tedeschi3 
http://orcid.org/0000-0002-9480-5728

Javier Labarthe-Carrara4 
http://orcid.org/0000-0001-7381-1347

1 Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Brasil

2 Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Brasil

3 Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Brasil

4 Universidad Católica del Uruguay, Uruguay, jlabarth@ucu.edu.uy


Resumo:

A partir de março de 2020 a pandemia da COVID-19 gerou importantes impactos sobre o trabalho em escala mundial. Diante da inexistência de uma vacina, as medidas mais adotadas foram o distanciamento social e preferência pelo trabalho remoto. O presente estudo buscou compreender quais significados que oito profissionais liberais da área da saúde estavam atribuindo aos seus ofícios em meio a esse contexto. Foram realizados encontros dialógicos com um odontólogo, um médico, uma terapeuta ocupacional, uma enfermeira, um psicólogo, uma fisioterapeuta, uma fonoaudióloga e uma nutricionista registrados por meio de narrativas compreensivas. Três categorias de resultados foram encontradas: 1) o significado do trabalho, 2) a opção pela atuação liberal e 3) as implicações da pandemia. Foi possível constatar como os efeitos da pandemia foram sendo vividos de maneiras peculiares por cada um dos participantes e fazendo-os repensar, em alguns casos, o significado do trabalho em suas vidas.

Palavras-chave: psicologia organizacional; profissionais de saúde; pandemia do COVID-19; fenomenologia

Resumen:

A partir de marzo de 2020, la pandemia COVID-19 causó importantes impactos en el trabajo a escala global. A falta de una vacuna, las medidas más adoptadas fueron la distancia social y la preferencia por el trabajo a distancia. El presente estudio buscó comprender qué significados atribuían ocho profesionales de la salud a su trabajo en este contexto. Se realizaron encuentros en los que se dialogó con un dentista, un médico, una terapeuta ocupacional, una enfermera, un psicólogo, una fisioterapeuta, una logopeda y una nutricionista, registrados a través de relatos exhaustivos Se encontraron tres categorías de resultados: 1) el significado del trabajo, 2) la opción por la práctica liberal y 3) las implicaciones de la pandemia. Se pudo comprobar cómo los efectos de la pandemia estaban siendo vividos de forma peculiar por cada uno de los participantes y les hacía replantearse, en algunos casos, el significado del trabajo en sus vidas.

Palabras clave: psicología del trabajo; profesionales de la salud; fenomenología; pandemia de COVID-19

Abstract:

As of March 2020, the COVID-19 pandemic made an important impact on work on a global scale. In the absence of a vaccine, the most adopted measures were social distance and preference for remote work. The present study sought to understand the meanings that eight health professionals attributed to their practices in this context. Meetings held with a dentist, a physician, an occupational therapist, a nurse, a psychologist, a physiotherapist, a speech therapist, and a nutritionist, were registered through comprehensive narratives. Three categories of results were found: 1) the meaning of work, 2) the option for liberal practice, and 3) the implications of the pandemic. It was possible to see how the effects of the pandemic were peculiarly experienced by each of the participants, in some cases making them reconsider the meaning of work in their lives.

Keywords: labor psychology; health professionals; COVID-19 pandemic; phenomenology

Em 30 de janeiro de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou que o surto da doença causada pelo vírus Sars-Cov2, então denominada COVID-19, tratava-se de uma emergência de saúde pública internacional. Logo após, em 11 de março, sua disseminação foi classificada como uma pandemia. Em função disto, todos os países passaram a adotar medidas de distanciamento social e restrições como forma de amenizar a disseminação da doença. As medidas de controle e prevenção no Brasil caracterizaram-se por regulamentações direcionadas pelo governo federal e executadas por prefeitos e governadores conforme necessidade de cada estado. No estado de São Paulo, as medidas de distanciamento social, bem como de restrições a serviços considerados não essenciais, escolas e locais públicos iniciaram-se a partir do mês de março, impactando de forma significativa o funcionamento dos campos social, educacional e laboral até então vigentes, dado o fato de à época não existirem vacinas para o combate ao vírus.

Em função dessa mudança repentina, novas formas de exercer as funções laborais tiveram que ser rapidamente adotadas, entre elas, o trabalho na forma remota. Apesar de esta forma de trabalho ser difundida e incentivada em vários países já há algum tempo, tanto por organizações relacionadas ao trabalho (Gaitskell, 2005), como por algumas universidades (University of Strathclyde, 2012), até então era utilizada somente por uma pequena parcela de profissionais.

No Brasil, o trabalho remoto foi adotado recentemente, primeiramente pelas empresas de tecnologia da informação e multinacionais. Muitas profissões cuja atuações eram essencialmente presenciais, como nos casos dos profissionais da saúde, tiveram que ser adaptadas para uma nova forma de contato com o cliente, ou seja, a forma remota, gerando implicações e desafios até então não enfrentados por essa classe profissional. Isso está causando uma migração do trabalho para a internet e ambientes virtuais, acelerando um processo que já estava ocorrendo (Kniffin et al., 2021).

O atendimento médico foi um dos expoentes neste sentido, com o aumento em grande escala do recurso da telemedicina em todo o mundo, demonstrando ser um recurso viável e inicialmente possível de ser utilizado em situações como a da pandemia (Hong et al., 2020; Loeb et al., 2020). No Brasil, este recurso também tem sido explorado por diversas instituições públicas e privadas, com resultados positivos tanto como forma de comunicação à população para a atuação preventiva, como para a detecção de sintomas relativos à COVID-19 e no cuidado de demais patologias (Binda Filho & Zaganelli, 2020; Campos et al., 2020; Ohannessian et al., 2020).

Além da medicina, outras áreas da saúde também têm demonstrado ser possíveis atuar de forma remota, apesar das limitações impostas por esse meio de atendimento. Um artigo recente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul relata a experiência dos atendimentos fonoaudiológicos remotos em 12 pacientes de diferentes idades, e conclui que essa forma de atendimento mantém a mesma eficiência e qualidade do atendimento presencial sendo, portanto, um meio potencial para o exercício dessa atuação quando há dificuldade de acesso aos locais para tratamento (Dimer et al., 2020).

Ainda que a atuação do profissional de odontologia requeira contato direto com o paciente, o advento da teleodontologia tem sido considerado eficaz na orientação preventiva de pacientes, realização de discussões para tomada de decisões clínicas e incremento do aprendizado no contato com instituições de ensino (Carrer et al., 2020).

Profissionais das áreas de enfermagem e farmácia também têm vivenciado experiências com a telessaúde. Nesses campos, os aspectos levantados como benéficos são a maior proximidade com o usuário, principalmente o da rede pública, permitindo acesso rápido e facilitado para o monitoramento, avaliação pré-clínica e suporte assistencial, na atuação dos enfermeiros e, controle adequado das medicações, dispensação e orientação para os pacientes na atuação dos farmacêuticos (Balzer et al., 2020).

No campo da psicologia, profissionais de distintas orientações vêm reconhecendo o valor das práticas de atendimento online. Amador Sánchez et al. (2021) constataram a eficácia da terapia cognitivo comportamental em modalidade remota no tratamento de pacientes com depressão em meio à pandemia. Machado et al. (2020), por sua vez, também afirmam que, salvo determinadas ressalvas, a psicoterapia psicodinâmica praticada remotamente pode ter efeitos muito similares aos da situação presencial.

Assim sendo, o presente estudo buscou compreender as vivências de profissionais liberais da área da saúde em meio a um contexto tão peculiar quanto o da pandemia da COVID-19 e a maneira como eles significavam seus trabalhos.

Método

Trata-se de um trabalho de caráter qualitativo e exploratório, que teve como base fundamental a fenomenologia de Edmund Husserl (1954/2012). Tal método segue princípios a respeito do olhar para o fenômeno por meio de suas características mais essenciais com relação ao ponto de vista de uma pessoa. Como descrito por Fadda e Cury (2019), o método fenomenológico busca a compreensão de como o sujeito percebe os fatos a sua volta, ou seja, os sentidos que surgem nas vivências dele. Aprofundar as questões subjetivas acerca de um dado fenômeno, permite refletir sobre suas características estruturais e alcançar suas questões mais básicas eliminando ou diminuindo pré-juízos e ou preconceitos a respeito de um acontecimento (Bezerra & Cury, 2020).

Como recurso deste método investigativo, a pesquisa lançou mão de narrativas compreensivas (Brisola et al., 2017). Essa estratégia se baseia em encontros dialógicos com os participantes a partir de uma relação empática que garanta uma atenção genuína à vivência no momento do encontro. Assim sendo, os sentidos são elaborados conjuntamente, no espaço intersubjetivo facilitado pela escuta ativa e compreensiva.

Este método escolhido, bem como seu recurso de intervenção, sintoniza-se com as bases da psicologia humanista que busca um encontro autêntico com o participante desta pesquisa, respeitando integralmente sua postura e fala durante este momento e ao mesmo tempo aprofundando os aspectos do fenômeno que se mostram durante todo o tempo vivenciado entre participante e pesquisador (Fadda & Cury, 2019).

Procedimentos

Esta pesquisa focou seu trabalho com profissionais de diversos setores da área da saúde com no mínimo 10 anos de atuação e que tem como principal fonte geradora de renda o trabalho liberal, ou seja, profissionais autônomos. Foram contatadas 10 pessoas e 8 participaram dos encontros dialógicos realizados pelos pesquisadores (Tabela 1). Buscou-se por aprofundar questões sobre o sentido do trabalho para estes profissionais no contexto da pandemia da COVID-19. Este estudo pertence a um projeto destinado a discutir o sentido e o significado do trabalho, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e conduzido pelo grupo Psicologia e Trabalho: Abordagem Experiencial.

Tabela 1: Identificação dos participantes 

Nota:a tempo em anos. b tempo em anos.

Os participantes, em sua maioria, foram selecionados através da rede de contatos dos pesquisadores. Em apenas um caso utilizou-se a técnica bola de neve (snowball), solicitando de uma das participantes que indicasse outro profissional de sua rede com o perfil buscado pelos pesquisadores. Esta técnica consiste em obter uma amostragem em cadeia e não probabilística, pelo qual os sujeitos de estudo existentes recrutam sujeitos futuros aumentando, assim, o tamanho da amostra (Biernacki & Waldorf, 1981). Foi realizado contato inicial para explanação prévia sobre a pesquisa e convite de participação. Na sequência, o termo de consentimento livre e esclarecido foi enviado por e-mail e após a devolutiva do mesmo com a devida anuência, foi agendado o primeiro encontro dialógico online em função do distanciamento social. Nessa ocasião promoveu-se um diálogo a partir da questão norteadora “qual é o sentido do trabalho para você?”.

Houve um total de 16 (dezesseis) encontros dialógicos individuais, 2 (dois) com cada participante, por meio de plataformas online como Zoom Meetings, Google Meet, WhatsApp e Skype. A partir do encontro dialógico com cada participante foi elaborada, pelos pesquisadores, uma narrativa que buscou captar os significados e percepções dos participantes. Após validação das narrativas pelo grupo de pesquisa para controle dos possíveis vieses, os pesquisadores realizaram um segundo encontro com cada participante, o qual era convidado a reler sua narrativa em voz alta, com o intuito de reforçar as informações captadas e controle maior dos vieses, podendo, este, realizar quaisquer alterações que julgasse necessárias obtendo-se, com isso, a validação também por parte do entrevistado. Na fase seguinte, uma narrativa síntese foi elaborada buscando condensar os principais elementos significativos de todas as narrativas individuais e, da mesma forma, discutida com o grupo de pesquisa.

Resultados e Discussão

Os pesquisadores, então, individualmente leram e releram repetidas vezes a narrativa síntese procurando identificar núcleos significativos, ou seja, a estrutura do fenômeno além do conteúdo meramente expresso. Depois reuniram-se para comparar suas observações e, como resultado, foi possível identificar três eixos estruturantes.

O significado do trabalho para o profissional da saúde

De modo geral, os participantes acreditam que o significado dos trabalhos que realizam está relacionado à ajuda e melhoria da qualidade de vida que podem proporcionar às pessoas. De maneira mais personalizada, alguns mantiveram um ideal que sempre adotaram, repensaram o significado à medida que amadureciam profissionalmente e questionavam idealizações. Apesar de relatarem vários episódios de dificuldades ao longo da trajetória profissional, incluindo desde dificuldades financeiras até situações de perigo e risco de vida, relatam gostar do que fazem, havendo quem afirme dizer que não se veria atuando em outra área.

Entre 1981 e 1983 a equipe de pesquisa do Meaning of Work International Research Team (MOW), após estudo que incluiu 8 países, agrupou os dados empíricos relacionados ao sentido do trabalho em 3 dimensões: centralidade, normas sociais e resultados/metas do trabalho. Estas dimensões caracterizam-se resumidamente sendo (1) a centralidade do trabalho relacionada ao grau de importância que o trabalho tem na vida do sujeito; (2) normas sociais relacionadas às questões éticas e morais do indivíduo e da sociedade, com seus direitos e deveres; (3) resultados valorizados relacionados às motivações e finalidades que o trabalho tem para o sujeito (Tolfo & Piccinini, 2007). Mais especificamente na atuação dos profissionais da saúde, observa-se que estas dimensões se expressam de forma bastante significativa na atuação profissional.

A centralidade do trabalho, como elemento de grande significância na atuação laboral foi observada em um estudo com profissionais da saúde de unidades de terapia intensiva, os quais relataram que a importância da sua atuação sobrepunha-se ao seu rendimento financeiro (Baasch & Laner, 2011). Muitas vezes a centralidade do trabalho tem sido entendida como um fenômeno complexo (Mejía Reyes & Artiles, 2018) já que não está apenas ligada ao produto deste, mas também tem uma grande importância na identidade social, uma vez que constitui o indivíduo como membro de um grupo.

Da mesma forma, o engajamento ao trabalho estava diretamente relacionado às motivações e finalidades destes profissionais. Provavelmente pela atenção ao outro, colocam como ponto principal sua função de promoção da saúde e do bem-estar daqueles que precisam de seus cuidados, por meio de uma visão holística do indivíduo como pessoa, com sofrimentos, vivências passadas e perspectivas futuras (Röing et al., 2018). Esta característica constrasta fortemente com a tendênca de maior individualismo e orientação econômica observada nas gerações atuais por Sharabi et al. (2019).

A atuação liberal como opção

Consolidarem-se como autônomos na profissão representa um processo longo, demorado e que requer muito esforço, para alguns deles. Experiências prévias em trabalhos nos quais eram funcionários de organizações são vistas como importantes para a consolidação daquilo que fazem hoje. Isso pode estar relacionado à aquisição de competências relevantes, porém sem a autonomia que desejavam possuir para poder realizar o que julgavam ideal. Em certa medida, também acarretou vivências aversivas que, de alguma forma, parecem sustentar o gosto pela liberdade. Uma das questões amplamente discutidas pelos estudos sobre o processo de adoecimento causado pelo trabalho são os conflitos existentes entre as necessidades do trabalhador e as exigências organizacionais. Esses conflitos demonstram desequilíbrios em diversos aspectos, seja no descontentamento pelas necessidades referentes ao sentido do trabalho não preenchidas, seja por demandas excessivas exigidas, entre outros fatores, acarretando prejuízos para o trabalhador e gerando, por conseguinte, o adoecimento deste (Moreira Cardoso, 2015).

A opção por um negócio próprio também foi uma alternativa para cuidar melhor dos filhos. Uma vez tendo assumido suas práticas independentes, tiveram que responder por questões administrativas estranhas às suas formações. Em outras palavras, têm que lidar com atividades empreendedoras de quem possui um negócio próprio. Diante disso, manifestam certo incômodo, cientes de ser algo necessário, porém fora das suas competências principais. Se, por um lado, essa situação é conflitante com a identidade profissional, por outro está vinculada à terceira dimensão descrita pelo grupo MOW, o resultado valorizado (Tolfo & Piccinini, 2007). Para tanto, precisaram buscar capacitação complementar, assessoria de profissionais especializados e criarem uma significativa rede de contatos para o desenvolvimento da sua atividade, o que é fundamental para uma atuação independente.

De acordo com Różański et al. (2020) mantiveram-se inalteradas e muito relevantes ao longo da última década tanto a centralidade do trabalho quanto a importância primária da família. Contudo, aumentou o valor atribuído a horários de trabalho flexíveis e mais convenientes. Esses dados encontram clara ressonância nas vivências descritas pelos participantes do presente estudo.

A maior parte deles manifesta sentimento de realização, alguns em função do incremento de patrimônio e melhoria das condições de vida, mas com destaque para os resultados observados junto às pessoas atendidas, principalmente. É sabido que a profissão da área da saúde é uma das que requerem intensas demandas, tanto físicas quanto emocionais. Carga horária muitas vezes excessiva, empregos em mais de um local, o contínuo contato com o sofrimento humano, estresse, conflitos interpessoais e organizacionais no ambiente de trabalho são alguns fatores estressores pontuados, principalmente para aqueles que trabalham em serviços públicos. Neste caso, a atuação autônoma pode ser positiva ao se evitar tais estressores, além de permitir maior liberdade e autonomia na tomada de decisões, e possibilitar o controle no gerenciamento das horas dedicadas ao trabalho e à vida pessoal (Oliniski & Lacerda, 2004).

Implicações da pandemia

O advento da pandemia da COVID-19 provocou impactos distintos em cada um desses profissionais, bastante vinculados à natureza do trabalho realizado e das condições técnicas necessárias para tal. Dentre as primeiras reações mais comuns, pode-se afirmar que a principal tenha sido a de receio, em maior ou menor grau. Brooks et al. (2020) argumentam que estes profissionais merecem atenção especial nesta circunstância, devido a estigmas e aspectos negativos que atingiram todas as áreas da saúde e, portanto, afetaram diretamente o modo como tais ocupações foram vistas neste momento.

O maior medo do médico psiquiatra, acostumado a trabalhar em condições inóspitas, era o de contaminar a esposa quando voltasse para casa. Este mesmo elemento é mencionado no estudo de Enumo et al. (2020) que indica que o medo de contrair a doença é um dos principais fatores estressores para estes profissionais, incluindo o receio de transmissão aos entes queridos. O dentista chegou a acreditar que sua profissão estaria condenada, uma vez que não se pode trabalhar remotamente. Wu et al. (2020) também discutiram os dilemas que passaram a fazer parte da vida de profissionais odontólogos autônomos e acadêmicos, os impactos e formas de diminuir os riscos para profissionais e pacientes. No Brasil a Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas elaborou um artigo de orientação à prática dos profissionais da área na intenção de proteger profissionais e seus pacientes (Franco et al., 2020).

A enfermeira e a nutricionista procuraram emprego em instituições novamente, diante da ameaça de perda financeira. Pesquisas demonstram que um dos fatores da pandemia que surgiu como estressor preocupante é a dificuldade econômica que pode atingir as pessoas no atual período podendo gerar transtornos psicológicos e alterações emocionais como ansiedade e raiva (Brooks et al., 2020).

Com o passar do tempo, os impactos efetivos foram se tornando mais evidentes. Os atendimentos da fonoaudióloga e nutricionista sofreram reduções drásticas, em função do tipo de atendimento e do convênio. O dentista e a terapeuta ocupacional tiveram perdas financeiras, mas encontraram maneiras de seguir atuando, redobrando os cuidados com a biossegurança, observando as diretrizes de seus conselhos profissionais e reduzindo o volume de atendimentos. Estas circunstâncias, assim como outras acima mencionadas, parecem destoar da realidade de profissionais da saúde em setores públicos, que veem aumento constante de demandas de atendimento, levando à exaustão e situações estressoras (Brooks et al., 2020; Enumo et al., 2020; Faro et al., 2020).

A enfermeira, por sua vez, manteve os atendimentos presenciais, mas teve um aumento da demanda de atenção à distância, lançando mão de recursos como o WhatsApp. O uso da tecnologia e seus avanços apoiaram e tem apoiado profissionais da saúde na pandemia e transformado o modo como estes se relacionam com os acolhimentos. Formas de atendimentos antes não tão aceitas, passaram a ser implementadas em diversos contextos inclusive na área privada (Oliveira et al., 2020).

Algumas situações ambíguas também foram observadas. O psicólogo precisou demitir uma funcionária de sua clínica em função da suspensão dos grupos de estudos e com o agravante de ter contraído empréstimo bancário recente para melhorias no espaço. Por outro lado, seguiu atendendo praticamente todos os seus pacientes e, da mesma forma que o psiquiatra, observou um aumento da demanda por novos casos em função do sofrimento mental ao qual a população foi sendo exposta. O aumento de transtornos psíquicos em função da pandemia na população em geral tem sido descrito em vários estudos, destacando-se os quadros de ansiedade e depressão (Faro et al., 2020; Lima et al., 2020).

A fisioterapeuta precisou renunciar ao local que alugava e mudar para outro menor, a fim de equilibrar as finanças, além de ter que manter a atividade que mais lhe desgasta fisicamente. Isso está em consonância com as estratégias de coping focados no problema descritos por Gerhold (2020) e a busca por recursos pessoais como forma de enfrentar estresses gerados por esta circunstância sem precedentes (Enumo et al., 2020). A diminuição da receita bem como o receio de futuras perdas financeiras podem ser observadas também em outras pesquisas que abordam a questão do trabalho liberal em clínicas privadas, que foram fechadas em alguns países e/ou buscaram apoio financeiro para continuar em atividade (Ferneini, 2020; Rubin, 2020).

Tais vivências fizeram alguns dos participantes repensarem valores e crenças pessoais. Períodos de crise levam o indivíduo a refletir buscando atualizar suas respostas de enfrentamento, a fim de atuar de forma resiliente diante de novas demandas. Esses períodos são também momentos de transformação da identidade das pessoas na medida em que transformam as narrativas sobre si (White & Epston, 1993).

Nesse momento, perdem-se dois elementos que constituem a conformação da identidade, que são o sentido de singularidade e a experiência de continuidade. Neste caso perceberam que poderiam viver sem ter que trabalhar tanto e que os fatores financeiros talvez não fossem tão primordiais. Houve uma reafirmação do que é considerado essencial, especialmente em relação à vida pessoal, bem como a constatação de um estado geral de cansaço devido ao ritmo pregresso e que só pôde ser percebida com a parada forçada. Essas famílias puderam encontrar processos adaptativos que as permitiram manter-se unidas, em meio a um contexto em que muitos relacionamentos sucumbiram ao desgaste (Pietromonaco & Overall, 2022).

Vale lembrar o intervalo de tempo de cerca de um mês entre o primeiro e a segundo encontro com cada participante. Em face disso, os pesquisadores puderam observar um aumento da apreensão no caso daqueles que acreditavam que a pandemia não deveria se alongar e as atividades logo retornariam ao normal. A nutricionista, em contraste, mostrou-se bastante animada e esperançosa, pois acreditava que haveria uma grande procura pelos seus serviços após esse período em que as pessoas desregularam seus hábitos alimentares. Os demais, ao contrário, mostraram-se menos ansiosos. A incerteza com relação ao futuro foi um fenômeno também observado em algumas pesquisas, que pontuaram como aspectos observados a impossibilidade de previsão futura (Brooks et al., 2020; Enumo et al., 2020; Wu et al., 2020).

Observando as questões presentes e futuras frente à pandemia, nota-se um desequilíbrio entre o excesso de demandas (físicas, sociais, psicológicas), e os poucos recursos para lidar com o novo contexto sem precedentes por alguns participantes. Por outros, demonstraram condições de lidar com a situação buscando alternativas no seu próprio meio e revendo sua forma de pensar frente ao fenômeno da COVID-19. Percebe-se, nestes participantes, a presença de recursos psicológicos e organizacionais para lidar com as tensões advindas de suas realidades de trabalho neste momento. Bakker e Demerouti (2007) argumentam que toda situação traz demandas e riscos, mas que o equilíbrio entre as situações demandantes e os recursos para lidar com elas, pode facilitar o enfrentamento da situação e trazer maior qualidade de vida para o trabalho.

Considerações finais

Este estudo objetivou compreender as vivências e significados que profissionais liberais da área da saúde estavam atribuindo aos seus trabalhos em meio à pandemia da COVID-19. A maneira como um profissional vislumbra seu ofício tem importantes relações com sua qualidade de vida no trabalho, fatores de proteção contra o desgaste e tomada de decisões. Sendo assim, este estudo oferece elementos qualitativos que permitem aprofundar tais questões, considerando um grupo de trabalhadores que atuam por conta própria em um contexto bastante adverso e peculiar.

Foi possível constatar que, para eles, atuar na área da saúde implica cuidar do outro em primeiro lugar, um ideal que confere realização e os faz superar obstáculos. Autonomia e liberdade são resultado de um processo que demandou o desenvolvimento de competências administrativas estranhas às suas formações técnicas, porém necessárias à sustentabilidade da atuação profissional. O advento da pandemia trouxe novos desafios e a oportunidade de repensar valores e prioridades de vida. Suas vivências transparecem realizações, desgastes, tensões, esperanças, resiliência e flexibilidade.

Este trabalho, que empregou um desenho qualitativo, possui limitações. Em primeiro lugar, o número de participantes não permite que as reflexões aqui apresentadas tenham um caráter de generalização, pois não advém de amostras estatísticas da população. Da mesma maneira, as vivências retratadas podem estar sujeitas a variáveis que não tenham sido mencionadas como valores e crenças religiosas, histórico familiar ou convicções políticas, por exemplo. Contudo, entende-se que, caso fossem relevantes, teriam sido abordadas ou, ao menos, indicadas de alguma maneira no contexto da relação com os pesquisadores graças à abertura permitida pelo recurso metodológico pautado na relação empática estabelecida.

Por fim, novas pesquisas podem ampliar esta discussão a partir de diferentes estratégias, como lançar mão do mesmo recurso empregado neste estudo para abordar vivências de outras categorias de profissionais liberais em meio à pandemia. As mesmas oito categorias de profissionais liberais do presente trabalho podem ser ouvidas por meio de outros recursos qualitativos e distintos enfoques teóricos. Desenhos quantitativos podem explorar elementos objetivos relacionados à atuação destes profissionais em meio à pandemia avaliando níveis de estresse, burnout, lócus de controle ou condições de demanda e recursos conforme o modelo JD-R, entre outros, permitindo interessantes contrapontos com os resultados apresentados.

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Como citar: Messias, J. C. C., Borgonovi Silva Barbi, K., Tedeschi, E. H., & Labarthe-Carrara, J. (2022). O trabalho do profissional liberal da saúde no contexto da pandemia COVID-19. Ciencias Psicológicas, 16(1), e-2364. https://doi.org/10.22235/cp.v16i1.2364

Participação dos autores: a) Planejamento e concepção do trabalho; b) Coleta de dados; c) Análise e interpretação de dados; d) Redação do manuscrito; e) Revisão crítica do manuscrito. J. C. C. M. contribuiu em a, c, d, e; K. B. S. B. em b, c, d, e; E. H. T. em b, c, d, e; J. L-C. em c, d, e.

Editora científica responsável: Dra. Cecilia Cracco

Recebido: 07 de Dezembro de 2020; Aceito: 13 de Dezembro de 2021

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